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Pedro Cerqueira

Pedro Cerqueira

Indústria no Centro de Portugal: mãos que contam histórias

O Centro de Portugal é conhecido pelo seu vasto património industrial. Aqui, a história do saber-fazer da indústria é inspirado e criado por mãos experientes que narram as nossas origens.

Numa visita ao Centro de Portugal, são muitos os espaços visitáveis onde permanecem memórias do nosso património industrial, interpretados por suportes de comunicação digitais, que nos fazem recuar na história e ter a perceção da importância da indústria no desenvolvimento das comunidades.

As fábricas em laboração abrem portas a visitas e é indescritível o sentimento de pertença que nos transmite cada processo produtivo. É o ADN português e do Centro de Portugal que sai, todos os dias, de mãos de operários dedicados à arte do saber-fazer.

Desde as fábricas reais de lanifícios da Serra da Estrela, ao Museu do Vidro da Marinha Grande na Região de Leiria, à refinada arte da cerâmica do Oeste e da região de Aveiro, à importância do comboio que possui força histórica e memória de tempos idos no Médio Tejo, à sericicultura na
Beira Baixa, ao linho e à memória da extração do quartzo em Viseu Dão Lafões, à pedra, ao vinho e à cerveja artesanal na Região de Coimbra…o difícil será escolher por onde começar.

Burel Factory, Manteigas

Mas vamos dar-lhe uma pequena ajuda: para descobrir a verdadeira magia da cerâmica e do design contemporâneo, nada como fazê-lo de uma forma sustentável, utilizando a bicicleta. As Rainhas, bicicletas elétricas de uso partilhado, são muito conhecidas nas Caldas da Rainha, pois não só promovem uma mobilidade sustentável, como são uma ótima forma de ficar a conhecer a cidade.

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Agora que temos como lá chegar, o primeiro passo é descobrir a Rota Bordaliana. Aqui, poderá encontrar rãs, caracóis, gatos e sardões a uma escala enorme e o melhor é que, pelo caminho, irá encontrar um verdadeiro Palacete, rodeado por jardins de traçado romântico. É isso mesmo, chegou ao Museu da Cerâmica. De destacar a evolução de peças da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro, a produção “Arte Nova” de Costa Motta Sobrinho e, ainda, as obras de Francisco Elias. Se é apreciador de design e inovação, o atelier da marca QUINZE, na Praça da República, é paragem obrigatória.

E de bicicleta, aproveite para visitar o Museu do Ciclismo, onde o acervo é constituído por um vasto conjunto de elementos como camisolas, bicicletas, recortes de jornais, publicações várias e fotografias, que contam a história do Ciclismo de Estrada dos tempos de antigamente.

Se esta temática lhe interessa particularmente, não pode perder o Museu do Ciclismo Joaquim Agostinho, em Torres Vedras. Instalado no antigo refeitório da Fábrica da Casa Hipólito, no Bairro Arenes, este equipamento cultural assume-se como um elemento de preservação da memória do ciclista torriense Joaquim Agostinho e de promoção do ciclismo enquanto prática desportiva e social.

Já a empresa António Rosa Ceramics, em Alcobaça, devolve-nos ao caminho pelos encantos da cerâmica. Aqui é possível uma visita à produção de peças em faiança, bem como às coleções de autor a que designam Private Label. Se o corpo lhe pedir uma paragem para adoçar a alma, há espaço para acrescentar à lista o Atelier do Doce, em Alfeizerão, onde é possível fazer uma visita panorâmica comentada, com acesso visual ao fabrico de pastelaria e doces conventuais. Aqui, é obrigatório dar carta-branca ao palato.

É então altura de irmos até à Região de Leiria e, concretamente, ao concelho da Marinha Grande. Com um legado histórico incalculável, destacam-se as unidades fabris do setor do vidro automático e de laboratório. A Leerdam Crisal Glass conta com mais de 70 anos de história na indústria vidreira. Produz copos, cálices, canecas, taças, vasos, entre outros, e é possível acompanhar todo o seu processo produtivo. No final, não poderá ir embora sem visitar a loja da fábrica!

Já no PoeirasGlass – Estúdio do Vidro, é possível ficar a conhecer o verdadeiro processo do vidro soprado manualmente. Desde o sopro, à técnica do Fusing ou Maçarico, nada ficará por explicar. E porque falamos em vidro, o Museu do Vidro é, claro, paragem obrigatória. Especificamente vocacionado para o estudo da arte, artesanato e indústria vidreira, aqui poderá encontrar um conjunto de obras que representam cerca de 25 anos de vidro de expressão plástica contemporânea, realizado em Portugal, e uma seleção de obras em vidro de artistas internacionais.

A Normax produz materiais destinados à indústria farmacêutica, sendo que as visitas são apenas orientadas para estudantes.

Esteja atento ao calendário de workshops alusivos ao vidro dinamizados pelo CENCAL – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica. No período de fevereiro a maio, o forno costuma encontrar-se em funcionamento, sendo uma oportunidade única para observar as várias técnicas de sopro e molde de peças em vidro. E não se fala da Marinha Grande sem falar da indústria dos moldes. Moldoeste, Planimolde e Plimat, proporcionam visitas mediante marcação prévia.

Museu do Vidro, Marinha Grande

Em Mira de Aire, concelho de Porto de Mós, o MIAT – Museu Industrial e Artesanal do Têxtil, é digno de visita. Com a missão de homenagear os empresários e os operários que traçaram o seu caminho profissional na indústria têxtil – desde 1920 até aos dias de hoje – o seu acervo é fundamental para que possa compreender a valorização do ciclo da lã e, ainda, ficar a conhecer todo o seu processo de transformação.

É também neste concelho que pode aventurar-se numa atividade de olivoturismo. A Casa Féteira, produtor de azeite de qualidade superior, dispõe de uma visita guiada simples ao lagar e ao olival, e outra onde é possível aprofundar o conhecimento sobre a história da região e o processo de extração de azeite. O final da visita, e já com os sentidos voltados para o ingrediente principal, culmina com uma prova de azeites, extraídos a frio e não filtrados.

Ainda em Porto de Mós, surpreenda-se com uma pedreira de onde saem mármores portugueses de qualidade única.

A Airemármores é uma empresa familiar de extração e transformação de calcários e mármores portugueses. O melhor a fazer é marcar uma visita guiada e dar-se ao luxo de observar todo o processo em primeira mão. É um ótimo plano para fazer em família, com o plus de ter, na área da empresa, um parque de merendas que lhe permitirá fazer uma pausa com vista para o esplendor das Serras de Aire e Candeeiros.

E por falar em pedreira… Sabia que em Leiria há um Museu dedicado ao cimento? Curioso? Marque previamente e visite o Museu do Cimento da Fábrica Maceira-Liz. Prometemos que olhará com outros olhos para um simples saco de cimento.

MIAT – Museu Industrial e Artesanal do Têxtil, Mira de Aire

Na região do Médio Tejo, é no Núcleo Museológico da Central Elétrica de Tomar que poderá ficar a saber como é feita a produção de energia – hidráulica e elétrica -, e, ainda, toda a história da eletrificação da região. Já no Núcleo Museológico da Fundição Tomarense, preserva-se e salvaguarda-se a memória da importância das atividades de fundição, serralharia e rebarbagem para a comunidade local.

No Tramagal, concelho de Abrantes, visite o Museu Metalúrgica Duarte Ferreira. Um museu que pretende preservar e perpetuar o legado de todos aqueles que fizeram a história do portento nacional que foi a Metalúrgica Duarte Ferreira. Sabe qual é o segredo mais bem guardado da história desta fábrica? Descubra-o na sala do cofre.
Em Torres Novas, visite a Central do Caldeirão – Núcleo Museológico, onde a coleção de arqueologia industrial original foi intervencionada e recuperada ‘’in situ’’.

Nesta região, há uma visita imperdível. Falamos do Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento. Mas vá com tempo porque esta é uma visita que merece toda a sua atenção. Instalado no antigo Complexo Ferroviário da Cidade, o Museu assume como missão a preservação, divulgação e promoção do Património Ferroviário Nacional. Com uma área de 4,5 hectares, poderá ficar a conhecer 19 linhas ferroviárias que contam a história de um país.

Destacam-se edifícios, como o antigo Armazém de Víveres, onde os ferroviários realizavam as suas compras; a Rotunda de Locomotivas; as Antigas Oficinas de vapor que funcionaram durante mais de 100 anos. E para aumentar a vivência desta visita, nada como levar a merenda e comer a bordo de uma carruagem com toda a comodidade. Será, certamente, uma experiência inesquecível!

Aproveite a viagem para se deslocar até ao concelho de Alcanena, mais concretamente à localidade de Minde. No centro da vila ouve-se o som de teares que têm por base uma roda cremalheira, arames, pedras e cordas. No Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro deslumbre-se com o fabrico manual da Manta de Minde, tecida com lã 100% portuguesa, e cuja história remonta ao séc. XIX.
E porque em Alcanena se produz o que de melhor existe no setor dos curtumes, nada como fazer uma paragem no CTIC – Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, criado para intervir sobre a dimensão tecnológica deste setor em Portugal.

  • Museu Nacional Ferroviário, Entroncamento
  • Museu do Cimento da Fábrica Maceira-Liz, Leiria
  • Núcleo Museológico da Central Elétrica de Tomar

Na Beira Baixa, mais concretamente na cidade de Castelo Branco, o Museu da Seda é local de visita obrigatória. Do “Bicho ao Fio”, “Do Fio ao Tecido” e do “Tecido ao Produto Final” são espaços inspiradores onde é possível compreender o processo da sericicultura na Beira Interior.

Já na Serra da Estrela, visite antigas fábricas que ganham agora uma nova vida e acolhem designers e artistas contemporâneos. Em Manteigas, a Burel Factory é um caso notável de como se transforma a mais pura lã de ovelha bordaleira em peças únicas e intemporais em burel.

Também a Ecolã Portugal possui um legado que atravessa gerações com um profundo conhecimento da indústria de lanifícios. O burel é novamente a matéria-prima orgulhosamente portuguesa, em mantas, capas e artigos de decoração.

Ecolã, Manteigas

O caminho até à Covilhã e à Rota da Lã Translana faz-se num ápice. Aqui, o Museu dos Lanifícios da Universidade da Beira Interior apela a um novo olhar para as evidências de campo associadas à cultura laneira. Tendo a lã como fio condutor, não deixe de usufruir dos percursos guiados pelo património industrial, pelas vias de transumância e seguindo o itinerário peninsular que liga as fábricas da Covilhã ao “Lavadero de Lanas de Malpartida”. Destacam-se as experiências de indústria viva e os percursos pedestres pela Covilhã cidade-fábrica: Ribeira da Goldra, Ribeira da Carpinteira, Centro Histórico e CampusLana. Agende a sua visita guiada e surpreenda-se com a riqueza deste património!

Visita obrigatória é, igualmente, o New Hand Lab. Uma antiga fábrica de lanifícios que se transformou em laboratório criativo, que acolhe as mais inovadoras iniciativas de criadores residentes dando uma nova forma à manufatura da lã. Verdadeiras obras de arte tecidas em lã decoram o espaço onde as paredes encerram estórias magníficas de outros tempos.

Em Seia, o Museu Natural da Eletricidade é residência da história do aproveitamento hidroelétrico da Serra da Estrela. E como não poderia deixar de ser, a Fábrica Malhas Pinto Lucas faz as honras no que à lã diz respeito.

No coração do Centro de Portugal, em Calde, no concelho de Viseu, o Museu do Linho preserva a tradição do linho e reinventa as vivências felizes em volta do tear. No Monte de Santa Luzia visite o Museu do Quartzo – Centro de Interpretação Prof. Galopim de Carvalho, um espaço interativo de exploração do património geológico e natural da região.

  • Museu Natural da Eletricidade, Seia
  • Museu do Linho, Várzea de Calde, Viseu
  • Museu dos Lanifícios da UBI, Covilhã

Se tem curiosidade pela indústria mineira, marque a sua visita nas Minas do Braçal e da Malhada, em Sever do Vouga. Ainda na região de Aveiro, a história da indústria conserveira encontra-se bem patente no COMUR – Museu Municipal da Murtosa.

Já teve oportunidade de andar a bordo de um barco Moliceiro? Visite o Estaleiro – Museu do Monte Branco e fique rendido à arte da construção tradicional desta embarcação.

E da Murtosa seguimos para Ílhavo onde a Vista Alegre dispensa apresentações! Uma marca portuguesa e orgulhosamente nossa, do Centro de Portugal. Esteja atento: em 2024 celebram-se os 200 anos da sua existência com um calendário de atividades imperdível.

Até lá, não perca a oportunidade de absorver a história da epopeia da pesca à linha do bacalhau, no Museu Marítimo de Ílhavo. Pequenos e graúdos irão ficar surpreendidos com magnífico aquário de bacalhaus. E nada como seguir para uma visita ao Navio Museu Santo André, ancorado junto ao Jardim Oudinot, o qual fez parte da frota portuguesa do bacalhau e pretende ilustrar a arte do arrasto.

Vista Alegre. Ílhavo

Mas voltemos ao setor das duas rodas, mais concretamente à indústria da bicicleta que tem o seu epicentro em Águeda e Anadia.

Em Águeda, reserve algum do seu tempo para visitar a empresa Light Mobie, onde as soluções de bicicletas elétricas partilhadas são uma prioridade. Se já se deslocou nas ‘BeÁgueda’ ou nas ‘Rainhas’, já testou a qualidade destes veículos produzidos em Portugal.

E para que a qualidade seja garantida, a Abimota – Associação Nacional das Indústrias das Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins, possui um Laboratório de apoio à indústria, visitável mediante reserva prévia.

Em Anadia, o Museu das Duas Rodas encontra-se localizado nas instalações do Centro de Alto Rendimento/Velódromo de Sangalhos. Ficará encantado com a quantidade de bicicletas e motorizadas expostas! Sabia que as bicicletas Cycles Eleven são produzidas no Centro de Portugal? Agende visita à Incycles e fique rendido a este meio de transporte 100% sustentável.

Incycles, Anadia

Na região de Coimbra, em Cantanhede, o Museu da Pedra dá-lhe a conhecer antigas obras de arte realizadas em pedra de Ançã. Recue ao tempo dos computadores Spectrum. Sabia que há um Museu em sua honra? Há! O Museu Load ZX Spectrum. Já na Praia da Tocha, fique a conhecer um pouco mais sobre a arte xávega, no Centro de Interpretação de Arte Xávega.

Para terminar este roteiro da melhor forma, sugerimos-lhe duas últimas paragens: a Adega de Cantanhede – onde pode acompanhar todos os passos do processo vínico e uma degustação, em época própria -, e mais a sul, em Coimbra, deliciar-se com uma cerveja artesanal Praxis.

Sejam quais forem os pontos que lhe suscitem maior interesse, uma coisa é certa: não falta o que visitar nesta região. O Património Industrial e a Indústria Viva do Centro de Portugal são feitos de tanta arte, grandes artesãos, operários e empreendedores que não lhe passarão despercebidos. Qualquer que seja a localidade que escolha visitar, ficará a saber tudo sobre o que de melhor se faz no Centro de Portugal!

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