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Marcelo Rebelo de Sousa ouviu os partidos em Belém no fim do ano político
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Marcelo Rebelo de Sousa ouviu os partidos em Belém no fim do ano político

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Marcelo Rebelo de Sousa ouviu os partidos em Belém no fim do ano político

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Marcelo convicto no fim de ciclo de Costa em 2026. Alternativa à direita (ainda) preocupa

Marcelo recebeu segunda leva de partidos em Belém e terá deixado vários comentários: Costa dá sinais de cansaço e recandidatura é conversa para inglês ver. Alternativa Montenegro ainda não convence.

Nova semana, nova ronda de reuniões entre Marcelo Rebelo de Sousa e delegações partidárias. Depois de ter aproveitado as audiências de sexta-feira, 14 de julho, com os partidos mais à esquerda para voltar a sugerir à porta fechada que espera uma remodelação governamental para relançar o que falta da legislatura, o Presidente da República conversou esta segunda-feira com os partidos mais à direita (mais o PS) para deixar outros sinais: aos olhos de Belém, António Costa estará já em fim de ciclo e urge começar a preparar uma alternativa sólida aos socialistas.

De acordo com fontes ouvidas pelo Observador, Marcelo terá chegado a comentar que vê em António Costa alguns sinais de cansaço, não só pelos anos de governação, como pelo acumular de anos em funções executivas, nomeadamente na Câmara de Lisboa, onde foi presidente. Ainda assim, o Chefe de Estado está convicto de que António Costa cumprirá o mandato de primeiro-ministro até ao fim e que não sairá para um cargo europeu — cenário que, apesar de todas as garantias de Costa, continua a ser considerado nas contas de Marcelo.

Em boa verdade, o Presidente da República terá confessado aos partidos que não consegue antecipar o próximo movimento do primeiro-ministro, nem tão pouco fazer uma leitura daquilo que Costa verdadeiramente quer. A regra, no entanto, mantém-se inalterada: se o socialista partir para a Europa — cenário que Marcelo desvaloriza sem descartar por completo — haverá eleições antecipadas, aviso que foi feito desde o primeiro dia de tomada de posse deste Governo.

Nem de propósito, a sondagem da Intercampus divulgada durante este fim de semana confortaria ambos, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa: se a maioria dos inquiridos acredita simultaneamente que o primeiro-ministro quer e deveria aceitar um cargo europeu caso a oportunidade surgisse, uma ainda mais expressiva maioria considera que, nesse cenário, o Presidente teria mesmo de convocar eleições antecipadas — a este propósito, há quem lembre ao Observador como Marcelo dá importância ao respaldo das sondagens.

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De todo em todo, Marcelo estará certo de que Costa se encontra mesmo em fim de ciclo interno e que, apesar de gostar do combate político, terá de dar espaço ao próximo, o que lhe deixa um problema partidário em mãos. Na passada sexta-feira, o Presidente da República já tinha confessado aos partidos que foram até Belém que não acreditava que o socialista estivesse de facto a ponderar uma recandidatura em 2026 e que as conversas sobre o tema não passariam de uma estratégia para calar a especulação sobre o futuro do partido. Desta vez, o Presidente da República terá ido mais longe na sua análise, sugerindo que Costa usou todas as variáveis que tinha para deixar um sucessor preparado e não foi bem sucedido — o senhor que segue no PS será, muito provavelmente, Pedro Nuno Santos.

No caso específico do antigo governante, apontado por muitos dentro e fora do PS como o mais natural sucessor de António Costa, Marcelo acredita que o primeiro-ministro o tentou anular politicamente depois da saída do Governo e que o tiro acabou por lhe sair pela culatra, uma vez que Pedro Nuno Santos parece ter saído revigorado da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP — se a receção ao jeito de popstar já era um indicador disso mesmo, a sondagem publicada esta terça-feira pelo jornal Público (Católica) indicia uma subida na forma como os inquiridos avaliam a gestão de Pedro Nuno Santos na companhia aérea.

Com ou sem passagem de testemunho, com Pedro Nuno Santos ou com outro sucessor que Costa possa tentar colocar no caminho do ex-ministro, o Presidente da República comentou com os partidos que, a três anos do fim da liderança, este ciclo  parece ter entrado num fim de ciclo muito idêntico aos últimos dias do cavaquismo — ideia muitas vezes repetida por Luís Marques Mendes, conselheiro de Estado, comentador e próximo de Marcelo Rebelo de Sousa. Para Belém, no entanto, haverá uma diferença substancial entre os dois ciclos: Cavaco Silva deixou o poder com obra feita; Costa, em contrapartida, sairá sem ter feito grandes reformas no país.

Em cima de tudo isto, o Presidente da República terá transmitido aos partidos a sua preocupação crescente com a estagnação e a degradação do país. Marcelo Rebelo de Sousa, que voltou a bater na tecla da remodelação governamental como fizera na sexta-feira, terá mesmo manifestado estar cético relativamente ao Governo e à capacidade de aprendizagem com os erros do PS — Marcelo não entende a forma como o António Costa gere os ‘casos e casinhos’ que já resultaram em 13 saídas do Governo.

A juntar a isso, o Presidente da República considera que a comissão parlamentar de inquérito foi uma oportunidade perdida para os socialistas, que, em vez de ensaiarem uma mea culpa que os relançasse de alguma forma junto da opinião pública, fizeram aprovar de forma isolada um relatório que não reconhece sequer a ideia de ingerência política na TAP e iliba os governantes. Marcelo tem dúvidas sobre se o PS conseguiu de facto entender o impacto que esta sucessão de questões que marcaram os últimos meses tem nas pessoas.

Marcelo acredita que o primeiro-ministro tentou anular politicamente Pedro Nuno Santos depois da saída do Governo e que o tiro acabou por lhe sair pela culatra, uma vez que o antigo governante parece ter saído revigorado da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP. Sucessão no PS parece estar assegurada

A dor de cabeça de Marcelo

Apesar de tudo, Marcelo Rebelo de Sousa não estará exatamente confiante com os sinais que vê da oposição, em particular, do PSD — partido com quem o Presidente da República passou mais tempo reunido esta segunda-feira. As conversas terão sido francas e produtivas, mas nem assim Marcelo estará convencido de que o PSD é já capaz de oferecer uma alternativa viável à direita, as sondagens preocupam e a sombra de uma aliança com o Chega — que Luís Montenegro não quer afastar em definitivo — continua a não descansar o Presidente.

Preocupação, de resto, que Marcelo já tinha manifestado nas audiências de sexta-feira e que alimentara parte das conversas com os partidos que foram até Belém: o Presidente está preocupado com o “equilíbrio” do regime e com a ausência de uma alternativa moderada à direita, que garantidamente não se apoie no Chega. Das pessoas com quem Marcelo conversou, houve quem o Presidente como “desgostoso” em relação ao estado do PSD. Esta segunda-feira, dependendo dos interlocutores, houve quem fizesse outra interpretação: o Presidente já terá percebido que é por este PSD que passa o futuro e sabe que a margem para encontrar soluções sonhadoras esgotou-se.

Cá fora, à saída da audiência, Luís Montenegro fazia questão de assegurar que o PSD está pronto e que a mensagem tinha chegado ao interlocutor de direito. “Demos ao Presidente da República fundadas razões para que possa confiar que Portugal tem uma grande alternativa política que é liderada pelo PSD.” Meses antes, o presidente do PSD sentou-se à mesa com Rui Rocha, presidente da IL, para mostrar a Marcelo que havia uma solução sem o Chega. De acordo com o que apurou o Observador, pelo que disse aos partidos, nenhum sinal foi ainda suficiente para que Marcelo mudasse de ideias.

Depois de um final de semana marcado pelo caso das buscas a casa de Rui Rio, funcionários e sedes do PSD, o Presidente da República terá mesmo confessado que não entende a estratégia dos sociais-democratas, alimentando um combate aberto contra a Justiça e aparecendo colado ao PS, numa espécie de bloco central contra o Ministério Público, que só serviu para tirar o foco a questões bem mais delicadas, como o caso do agora ex-secretário de Estado da Defesa Marco Capitão Ferreira.

Montenegro aguardou no carro e evitou cruzar-se com Ventura

LUSA

Um encontro que só um queria

Para a história das audiências fica ainda um encontro em Belém que só um protagonista queria. Ao contrário da audiência da IL, que demorou mais de uma hora, a comitiva do Chega só esteve meia hora com o Presidente da República, o que podia ter resultado num encontro involuntário entre André Ventura e Luís Montenegro.

Quando o presidente do Chega saiu da sala onde se reuniu com Marcelo, ainda Luís Montenegro não tinha entrado no Palácio de Belém. Para que o pudesse fazer sem um cruzamento de comitivas foi pedido a André Ventura que aguardasse um pouco num dos corredores. O líder do Chega recusou a ideia e, no entretanto, já estava perante as câmaras pronto para falar aos jornalistas.

Com Ventura prestes a sair e Montenegro obrigado a entrar pela mesma porta, antecipava-se um cumprimento no momento em que os dois líderes se cruzassem. E a comitiva do PSD fez tudo para que não acontecesse: Montenegro manteve-se dentro do carro, esperou pelo fim das declarações de Ventura e só houve movimento quando o líder do Chega deixou o local.

André Ventura ainda lançou um cumprimento a Luís Montenegro quando entrava no carro, mas não se cruzaram nem se cumprimentaram para as câmaras. Com o caminho livre, o presidente do PSD lá subiu para a sua audiência com Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo está preocupado com “equilíbrios” no regime e espera remodelação este ano

 
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