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"Não te esqueças de apagar a conversa". Os erros de Rosa Grilo num crime que achava ser perfeito

Marcaram férias horas antes de matar o triatleta e planearam o crime por SMS. Foi o amante de Rosa quem apertou o gatilho. Juntos esconderam o corpo e taparam a tatuagem de Luís Grilo com um saco.

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Os dois bilhetes para o festival Vilar de Mouros foram comprados no dia anterior à morte de Luís Grilo. Foi António Joaquim quem os comprou, pela internet. Foi também ele que, nove horas antes de disparar a bala que mataria o marido da amante, reservou um apartamento em Porto Covo, para com ela passar um fim de semana em agosto. Mas as decisões não foram tomadas só por ele. Rosa Grilo e o amante terão planeado as viagens juntos momentos antes de pôr em marcha o plano para matar o triatleta. Isto e o que se segue é a tese da acusação.

Esse, o plano do homicídio, andaria a ser preparado há sete semanas. Pelo menos, desde o primeiro sábado de junho passado, quando Rosa e António se terão deslocado a Avis, no distrito de Portalegre. Nesse dia, o triatleta encontrava-se a frequentar um estágio, em Rio Maior — longe de saber que, enquanto o fazia, a mulher e o amante andavam à procura de um lugar para depositar o seu cadáver. Terão estudado o terreno de uma zona conhecida por Rosa e onde Rosa era conhecida. A viúva tinha família e até uma casa, em conjunto com os pais, em Benavila — a 20 quilómetros do local onde viriam a depositar o corpo do triatleta.

Luís Grilo, de 50 anos à data da sua morte, era engenheiro informático de profissão e praticava desporto (Foto: Facebook)

Começavam assim a deixar rasto, antes ainda de serem suspeitos de um crime, à data, por cometer. O registo nas portagens por onde passaram ou localização dos telemóveis foram as primeiras pistas deixadas e que viriam, mais tarde, a ser seguidas pela Polícia Judiciária. Muitas outras ficaram escondidas nos 931 contactos telefónicos feitos entre Rosa e António, entre 1 de julho e 28 de agosto. Entre chamadas de voz e mensagens de texto, ambos acertaram “os detalhes relativos ao plano por ambos delineado para tirar a vida de Luís Grilo e ocultar o corpo do mesmo, bem como iludir as autoridades policiais”, lê-se na acusação do Ministério Público (MP) a que o Observador teve acesso. “Não te esqueças de apagar a conversa”, escreveu António a Rosa, através do telemóvel do filho, três dias antes de cometerem o homicídio.

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"Rosa Grilo e António Joaquim efectuaram, entre si, 931 contactos telefónicos com vista acertar os detalhes relativos ao plano por ambos delineado para tirar a vida de Luís Grilo"
Acusação do Ministério Público

O “aumento da intensidade da vontade de estarem juntos”, a possibilidade de “poderem passar a assumir publicamente a sua relação” e a garantia de que Rosa, até então “na dependência económica do marido”, passaria a ter “uma situação económica abastada” foram, no entender do MP, motivos suficientes: os dois arguidos “decidiram matar Luís Grilo”. O crime estava longe de ser perfeito. Embora tivessem conseguido desviar a atenção das autoridades — tempo suficiente para irem ao festival Vilar de Mouros e a Porto Covo –, Rosa e o amante acabariam detidos no final do verão. Esta segunda-feira, foram acusados de homicídio qualificado agravado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida, arriscando assim passar os próximos 25 anos na prisão.

Rosa Grilo e António Joaquim acusados de homicídio agravado. Ministério Público requer tribunal de júri

As 22 mensagens em três minutos para acertar os “últimos detalhes” do homicídio

Quando andavam à procura do local para depositar o corpo, já o plano estava mais do que delineado. Rosa e António teriam, aliás, pensado já em “aproveitar-se da circunstância de Luís Grilo ser desportista“, para simular e anunciar o seu desaparecimento, entendeu o MP. Definiram o local onde o iriam assassinar — a própria casa onde o casal residia, em Cachoeiras, freguesia de Vila Franca de Xira — e o local onde iriam esconder o corpo.

Faltava definir o dia. “Aguardaram que surgisse a melhor oportunidade para levar a cabo” o plano da morte de Luís Grilo. E, para que a oportunidade surgisse, quase bastava que o filho do casal não estivesse em casa. Rosa ficou encarregue dessa função e convenceu, para tal, o marido a deixá-lo passar uns dias na praia com a tia. O triatleta concordou, criando, sem saber, a oportunidade pela qual os seus assassinos ansiavam.

O triatleta terá sido assassinado na vivenda onde o casal residia, em Cachoeiras, Vila Franca de Xira (Foto: JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

15 de julho de 2018. Terá sido este o dia que definiram. Nessa manhã, Rosa e Luís terão decidido levar o filho, então com 13 anos, até à Costa da Caparica, onde a tia estava hospedada num parque de campismo. Entregaram a criança à irmã do triatleta por volta das 16h00 da tarde daquele domingo e “permaneceram com Júlia Grilo durante apenas cerca de 15 minutos”, lê-se na acusação. Esta terá sido a última vez que Luís Grilo foi visto com vida por alguém que não a mulher e o amante.

Regressados a casa, Rosa Grilo trocou, entre as 19h02 e as 19h05 — em cerca de três minutos –, 22 mensagens escritas com o amante, “combinando os últimos detalhes relativos ao plano por ambos delineado para tirar a vida de Luís Grilo”, acusa o MP. Nas mensagens, que viriam mais tarde a ser intercetadas pela PJ, combinaram desligar os telemóveis — o que viria também mais tarde a servir de prova para o MP.

Os telemóveis durante o crime. Foram desligados e ligados com minutos de diferença

Assim o fizeram. António Joaquim desligou o telemóvel às 19h39 desse domingo. A última localização foi registada na sua casa, em Alverca do Ribatejo. Rosa Grilo desligou o seu às 19h42 desse mesmo dia, sendo a última localização na sua própria casa, em Cachoeiras. Só os voltariam a ligar na manhã seguinte, com pouco mais de uma hora de diferença temporal entre um e outro, segundo revelou a acusação lida pelo Observador. A investigação não conseguiu ao certo definir a hora da morte de Luís Grilo. Mas o momento em que a arguida desliga o telemóvel marca o início do período de tempo durante o qual terá sido cometido o crime. Algures “no período compreendido entre as 19h42 do dia 15 de julho de 2018 e as 9h00 do dia seguinte”, estará, entende o MP, a hora da morte do triatleta.

António terá entrado na casa de Rosa Grilo com o seu “conhecimento e consentimento”, levando uma arma, “municiada com pelo menos uma munição de calibre 7,65 mm Browning, da marca CBC, de origem brasileira”. Juntos “dirigiram-se ao quarto de hóspedes” onde o triatleta se encontrava “deitado a dormir”. “António Joaquim apontou a referida arma na direção do corpo de Luís Grilo e efetuou um disparo, a uma distância não concretamente apurada, atingindo o crânio deste”, lê-se na acusação. Depois, “por terem dúvidas” de que o marido de Rosa estaria mesmo morto, os amantes terão atingido o triatleta na cabeça “com objeto não concretamente apurado”.

"António Joaquim apontou a referida arma na direção do corpo de Luís Grilo e efetuou um disparo, a uma distância não concretamente apurada, atingindo o crânio deste"
Acusação do Ministério Público

Mas Luís Grilo já estaria morto. O tiro “foi a causa direta, necessária e apta da morte”, de acordo com o relatório de autópsia que sustenta a acusação. Não se sabe a hora da morte mas o local é certo. O triatleta morreu na cama do quarto de hóspedes. Ali dormia pelo menos, desde o início de julho, quando Rosa e o marido, casados à data há 20 anos, tinham decidido dormir em camas separadas.

Três sacos de plástico, um edredão e o tecido preto. O cenário do crime macabro agora explicado

Com a morte concretizada, os dois arguidos teriam de dar continuidade ao plano. “Colocaram um saco do lixo preto em redor do crânio de Luís Grilo e apertaram-no com uma corda, de forma a limitar o derrame de sangue” e “outro saco embrulhado à volta da perna direita” da vítima, tapando “uma tatuagem com a forma de uma cabeça de touro com a palavra ‘IBERMAN'”, lê-se na acusação. O objetivo, no entender do MP, seria “acelerar a decomposição dessa zona do corpo, dificultando assim a identificação do cadáver pelas autoridades”. Além dos sacos, os arguidos terão despido o triatleta e, depois, envolveram o cadáver num edredão, atado com uma corda de sisal.

O cadáver do triatleta foi encontrado berma de uma estrada de terra batida, saída do caminho municipal 1070, em Alcórrego (Foto: OBSERVADOR)

Terão percorrido cerca de 160 quilómetros de carro, para levar o corpo até ao local que tinham escolhido no início de junho para o depositar: na berma de uma estrada de terra batida, saída do caminho municipal 1070, em Alcórrego — a 20 quilómetros de Benavila. Ali chegados, “largaram o cadáver desnudo” de barriga para cima, com os braços abertos e os pés praticamente a chegar ao limite da estrada de terra batida. Por cima dele, colocaram um tecido de cor preta “com vista à mais rápida decomposição do cadáver”. Quando o corpo foi encontrado, no final de agosto, o tecido ainda lá estava, embora caído num dos arbustos ao lado do corpo — provavelmente levado pelo vento.

O tapete, o saco e os mistérios do assassinato de Luís Grilo, o homem sem inimigos

Deixaram para trás o corpo e focaram-se em livrar-se dos vestígios. Rosa e António levaram consigo o edredão e a corda de sisal que usaram para envolver o corpo. Colocaram esses objetos num saco de plástico preto — que depois abandonaram num terreno a cerca de cinco quilómetros de distância do local onde tinha ficado o cadáver (e que, depois, foi encontrado pela PJ).

De regresso ao local do crime, os amantes desfizeram-se dos tapetes, da roupa da cama e do colchão do quarto dos hóspedes, onde tinham assassinado Luís Grilo. Também se livraram da bicicleta e do relógio que o triatleta usava nos treinos. Poucas horas tinham passado desde que haviam cometido o crime e, ao mesmo tempo que limpavam os vestígios do homicídio, Rosa e Joaquim começariam já a montar o cenário do desaparecimento. O amante da agora viúva regressou a casa e colocou a arma no sítio original: guardou-a “dentro de um saco de plástico por baixo da última gaveta do roupeiro e guardou os respetivos carregadores dentro de um saco de plástico, por baixo da última gaveta da mesa-de-cabeceira”.

"O arguido guardou a referida arma dentro de um saco de plástico, por baixo da última gaveta do roupeiro no seu quarto de dormir"
Acusação do Ministério Público

O homicídio estava concretizado e, por isso, os arguidos voltaram a ligar os telemóveis. Às 9h30 do dia 16 de julho, António “ligou o seu telemóvel, e em seguida, dirigiu-se para o trabalho no Campus da Justiça, em Lisboa, chegando pelas 9h55 horas”. Rosa ligou o seu às 10h42 horas do mesmo dia, na sua casa, onde permaneceu “a limpar vestígios de sangue”.

Mais 34 mensagens. E a viúva a fazer passar-se por Luís Grilo: “Parabéns mano pá”

Os dois arguidos seguiram com a sua rotina. Com um acréscimo: agora, tinham de simular o desaparecimento de Luís Grilo. Na manhã a seguir ao homicídio, “entre as 11h27 e as 12h13”, os amantes trocaram 34 mensagens “a combinar qual o destino a dar ao telemóvel” do triatleta e o comportamento que deveriam adotar para “criar a aparência de que Luís Grilo permanecia com vida”, escreve o MP.

Como o triatleta era esperado na empresa de informática do qual era dono — e onde Rosa era funcionária administrativa –, a viúva tratou de impedir que estranhassem a sua ausência. Avisou a empregada da empresa, através do seu telemóvel, que ia ficar em casa e pediu-lhe que “a contactasse no caso de surgir algum problema pois pensava que Luís Grilo tinha ido a uma empresa cliente“.

O casal estava casado há 20 anos. Luís era dono de um empresa de informática onde a mulher era funcionária administrativa (Foto: FACEBOOK)

Os amantes decidiram que Rosa devia fazer-se passar pelo triatleta “para não levantar suspeitas e assim retardar até onde possível a notícia do desaparecimento” e, para tal, foi enviando mensagens ao longo do dia do telemóvel do marido. Enviou uma mensagem de parabéns a um amigo de Luís Grilo: “Parabéns mano pá”. Durante mais de uma hora, aliás, participou numa conversa no WhatsApp onde estava a ser “combinando um jantar para celebrar o aniversário” desse amigo. No entanto, viu-se obrigada a dizer, passando-se pelo marido assassinado que “naquele dia e no dia seguinte estaria a dar apoio à família, já que a sua esposa teria que ir fazer uns exames médicos“.

O tempo ia passando e aproximava-se a hora a que a irmã de Luís Grilo iria chegar para entregar o sobrinho, filho de Rosa Grilo. A viúva não teria muita margem: o filho daria pela falta do pai. Pôs então em curso o plano de simular o desaparecimento. Ainda antes de o filho chegar, deslocou-se a Alenquer e lançou o telemóvel para a berma de uma estrada — onde viria mais tarde a ser encontrado. Assim que o filho chegou, Rosa Grilo justificou a ausência do marido, à criança e à cunhada, dizendo que “tinha ido treinar”.

"Rosa Grilo lançou o referido aparelho [telemóvel de Luís Grilo] para o solo, junto à berma da referida estrada e abandonou de imediato o local"
Acusação do Ministério Público

Outras 14 mensagens. E a decisão de participar o desaparecimento

Mesmo que Luís Grilo tivesse ido treinar, teria de regressar a dada altura. Sabendo que não ia acontecer, a viúva recorreu, mais uma vez ao amante para decidir o que fazer. “Entre as 17h48 e as 18h06 horas”, Rosa e António “trocaram 14 mensagens, acertando os detalhes da história do desaparecimento de Luís Grilo que a arguida iria relatar à GNR”. No posto da GNR, deu conta de que o marido se tinha ausentado de casa por volta das 16h00 “para treino em bicicleta na via pública e ainda não havia regressado, o que bem sabia não ser verdade“. Rosa tornava público, naquele momento, um suposto desaparecimento para o qual amigos e habitantes se empenharam em resolver e que chamou, desde logo, a atenção dos meios de comunicação.

A queixa do desaparecimento do triatleta foi feita pela viúva no posto da GNR, no dia 16 de julho (Foto: JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Começavam, então, as buscas para localizar Luís Grilo que duraram mais de um mês, quer por parte das autoridades, quer por parte de amigos. Ninguém sabia do triatleta e todos estavam empenhados em encontrá-lo. A 18 de julho, o telemóvel de Luís Grilo foi encontrado no sítio onde a viúva o tinha depositado. O caso ganhava contornos que levantavam suspeitas perante as autoridades e, por receio, Rosa e Joaquim “retiraram a cama de casal e as duas mesas-de-cabeceira que se encontravam no interior do quarto de hóspedes” onde tinham assassinado o triatleta e colocaram-nos na garagem. Naquele quarto “colocaram duas camas de solteiro”.

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O plano estava a correr, achavam eles, como tinham estipulado. António Joaquim passou a frequentar a casa da amante com mais frequência. Os dois “conhecedores do falecimento de Luís Grilo e que, portanto, o mesmo não regressaria a casa com vida, começaram também a sair juntos aos fins-de-semana”. Foram a Porto Covo mais do que uma vez e ao festival para o qual tinham comprado bilhetes. Com Luís Grilo morto, Rosa teria mais de meio milhão de euros à sua disposição.

À data do homicídio, Luís Grilo era, segundo a acusação, titular de uma dezena de seguros que, em caso de morte ou acidente, garantiria aos herdeiros legais — Rosa Grilo e o filho — prémios num valor que ultrapassaria os 500 mil euros. Os seguros terão sido “negociados nos meses de abril e maio de 2018 e começaram a vigorar nos meses de junho e julho de 2018” — o triatleta foi assassinado, na tese da investigação, em julho desse ano.

A versão dos angolanos que acabou prejudicar os amantes

No final de agosto, o plano parecia começar a desmoronar-se com a descoberta do cadáver, já num avançado estado de decomposição e num cenário que deixou claro: Luís Grilo tinha sido assassinado. Para reforçar a tese inventada do desaparecimento, Rosa deu várias entrevistas a vários canais de televisão onde se mostrava chocada pelo desfecho de um caso que ela própria tinha motivado e negava o seu envolvimento. A PJ intercetou todas as mensagens dos amantes e analisou as localizações dos telemóveis. Um mês depois, Rosa e António foram detidos.

Rosa Grilo foi interrogada pela juíza Andreia Valadas, no Tribunal de Vila Franca de Xira (Foto: JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

As ligações ao crime tornavam-se cada vez mais evidentes e Rosa, no interrogatório a que respondeu dias depois de ser detida, passou a defender outra tese: Luís Grilo teria morrido às mãos de três homens — dois angolanos e um “branco” — que lhe invadiram a casa em busca de diamantes. Mas a PJ nunca acreditou na versão da viúva. E bastou uma análise às localizações dos três telemóveis — de Rosa Grilo, António Joaquim e de Luís Grilo — para perceber que a sua versão da história não coincide com os factos apurados. A juíza Andreia Valadas também não acreditou em Rosa e acabou por aplicar-lhe e ao amante a medida de coação mais grave: prisão preventiva.

Contradições e “explicações absurdas”. Porque é que a PJ não acredita na versão de Rosa Grilo para a morte do marido

O carro, a bicicleta ou os tapetes. O que a PJ não conseguiu apurar

O dia da morte ou a hora sempre foram difíceis de apurar, desde o primeiro momento. O elevado estado de decomposição do cadáver tornou impossível para os peritos identificar a hora da morte, na autópsia. A única referência que existe é a hora a que Rosa e o amante desligaram os telemóveis. Luís Grilo terá morrido “no período compreendido entre as 19h42 do dia 15 de julho de 2018 e as 9h00 do dia seguinte”, sendo que o momento em que a arguida desliga o telemóvel marca o início do período de tempo durante o qual terá sido cometido o crime.

Foi descoberta a arma usada para disparar o tiro fatal — “uma pistola de calibre 7,65mm, da marca “CZ”, com o número de série 064623, manifestada em nome de António Joaquim”, escreve o MP — mas não foi possível apurar que objeto usaram para espancar o triatleta e para se certificar que estava morto.

António Joaquim, com quem Rosa tinha uma relação desde 2016, também está em preso há seis meses (Foto: JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

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Rosa e o amante também se desfizeram dos tapetes, da roupa da cama e do colchão do quarto dos hóspedes, onde assassinaram Luís Grilo, tendo-lhes dado “um destino não concretamente apurado”. São detalhes que faltam mas que não são essenciais, face às provas recolhidas pela PJ. Outro exemplo, é o da bicicleta. Na versão de Rosa Grilo, terá sido ela própria, uma vez obrigada pelos angolanos a fingir o desaparecimento do marido, a atirá-la para o rio Tejo. Fonte da PJ disse ao Observador que não têm intenções de recuperar a bicicleta, por não considerarem ser essencial para o caso.

Há, no entanto, outro detalhe que falta apurar: o carro usado para transportar o cadáver. Rosa e António “transportaram o cadáver de Luís Grilo para um veículo automóvel, de matrícula não concretamente apurada”, lê-se na acusação a que o Observador teve acesso. Esta dado pode não ser tão dispensável assim. Poderá ser importante no julgamento, especialmente um julgamento que terá cidadãos comuns como jurados.

Menos de 65 anos e sem ligações ao Direito? Pode ser jurado no julgamento de Rosa Grilo

Rosa Grilo poderá ter de pagar uma indemnização ao filho que “sofreu, sofre e sofrerá para sempre tristeza”

Rosa Grilo, que se encontra no Estabelecimento Prisional de Tires, e o amante, que se encontra na prisão anexa à sede da PJ, em Lisboa) foram acusados na segunda-feira de homicídio qualificado agravado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida — arriscando uma pena entre 12 e 25 anos de prisão. O MP requereu que o julgamento seja realizado com tribunal de júri.

O MP pediu a “aplicação da pena acessória de declaração de indignidade sucessória à arguida”, isto é, que a viúva de Luís Grilo fique sem herança — até porque os seguros do triatleta no valor terão sido, no entender do MP, uma das motivações do crime. O MP requereu também a “suspensão do exercício de função ao arguido”, que era oficial de justiça, “bem como, a recolha de ADN a ambos“.

Os arguidos serão julgados em tribunal de júri no Tribunal de Vila Franca de Xira (Foto: JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Foi ainda deduzido um pedido de indemnização civil para o filho de Rosa Grilo e do marido. Considerando que o menor tinha uma “relação muito afetuosa” com o pai “por quem nutria grande afeição, carinho e ternura”, o MP entendeu que os arguidos devem indemnizar o menor em 100 mil euros, usando como justificação o facto de a criança ter entrado “em depressão que não está ultrapassada, tendo necessidade de acompanhamento pedopsiquiátrico”.

O MP chama ainda atenção para o facto de o filho de Luís Grilo, que agora vive com a tia paterna, ter passado a “faltar às aulas” e “o seu rendimento escolar” ter “vindo a degradar-se”. “Sofreu, sofre e sofrerá para sempre tristeza, angústia e desgosto em consequência da morte de Luís Grilo, que o vai acompanhar durante o resto da sua vida, tão fortes eram os vínculos que os uniam”, lamenta o MP.

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