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epa09547954 Google's Headquarters, known as the Googleplex, spans over 60 buildings in a sprawling campus in Mountain View, California, USA, 26 October 2021. Google-parent Alphabet Inc., beat market expectations in their third-quarterly earnings.  EPA/JOHN G. MABANGLO
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O primeiro produto da Google foi o motor de pesquisa -- onde lidera em quota de mercado.

JOHN G. MABANGLO/EPA

O primeiro produto da Google foi o motor de pesquisa -- onde lidera em quota de mercado.

JOHN G. MABANGLO/EPA

O Google ainda não sabe responder a todas as pesquisas – mas muda com mais frequência do que se pensa

Motor de pesquisa que domina o mercado ainda não sabe responder a 15% das perguntas que são feitas a cada dia pelos utilizadores. Para ter um resultado em segundos, há todo um trabalho de bastidores.

Danny Sullivan, porta-voz da área de pesquisa da Google, foi jornalista durante três décadas e há pelo menos 25 anos que acompanha o mercado dos motores de pesquisa – seguindo, por isso, de perto (e há cinco anos por dentro) o quase quarto de século do principal produto da tecnológica norte-americana. Afinal, os primeiros testes do Google remontam a 1997, embora só passado um ano é que tenha sido lançado oficialmente no mercado.

Numa mesa redonda com a imprensa europeia, Sullivan fez aquilo que lhe ocupa uma boa parte dos últimos cinco anos de trabalho ao serviço da tecnológica norte-americana – tentar explicar o trabalho que dá apresentar uma pesquisa no motor de busca. Se aos olhos do utilizador é um processo aparentemente simples e rápido, para quem trabalha nesta área é bem mais complexo. Mas, além de explicar quais são os passos que estão associados a um simples “pesquisar”, este responsável também tenta explicar de onde veio e para onde quer ir a pesquisa.

No entanto, apesar das mudanças que o motor de pesquisa tem sofrido ao longo das últimas décadas – já conseguiu passar de um formato em exclusivo no computador para o smartphone e, mais recentemente, para a pesquisa por voz – a missão continua a ser a mesma. “É muito semelhante a criar um livro da internet”, explica Danny Sullivan, sublinhando que o “core continua a ser a indexação de informação. Só que, em vez de ser um livro com 300 páginas, é um livro com biliões de páginas”, partilha este porta-voz, numa sessão por videoconferência feita a partir de Londres. “Não fazemos a impressão deste livro…. provavelmente estragaríamos a impressora”, brinca.

Uma pesquisa no Google, que apresenta ao utilizador resultados em frações de segundos, tem trabalho associado a partir do momento em que se carrega no enter para pesquisar. “A primeira coisa que vamos fazer é tentar mandar essa pesquisa para um data center que seja o mais próximo possível do utilizador”, começa por explicar. “Se se estiver na Europa tentamos ir para um [data center] da Europa, para ser mais rápido”, completa, lembrando que tudo é feito de forma bastante rápida. “Os data centers espelham-se uns aos outros”, para que contenham a mesma informação quer o data center mais próximo fique na Europa ou do outro lado do mundo. “Não é como se tivessem informação diferente, é mais por uma questão da rapidez”, diz Sullivan.

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Danny Sullivan, porta-voz da área de pesquisa da Google.

A fase que se segue é a de um processo para tentar perceber o significado das palavras ou quais os conceitos presentes na pesquisa”. “Depois de se escolher todas as páginas que correspondem há um processo de classificação das páginas para perceber qual é a mais adequada” à pergunta feita pelo utilizador. “É incrível que isto aconteça de forma tão rápida”, reconhece este porta-voz. Mas o processo ainda não está concluído. A tecnologia faz depois uma comparação para “tentar perceber se há resultados locais”, provavelmente mais adequados ao contexto que o utilizador procura e “se há resultados de imagens que possam ser relevantes para apresentar”. Também há um critério para escolher a informação o mais recente possível.

É este o processo que decorre sempre que se faz uma pesquisa no motor de busca que tem a maior quota de mercado (92,47% de acordo com dados da Statista). Embora a cultura pop tenha a ideia de que o Google sabe tudo, tal não corresponde bem à verdade. “15% de todas as pesquisas que são feitas por dia são de algo novo. Parece impossível”, reconhece Danny Sullivan. Também aqui há trabalho para conseguir responder às dúvidas dos utilizadores e uma constante adaptação. A quantidade de pesquisas por dia não é divulgada pela Google, mas há algumas estimativas de números, que apontam para um número que ronda as 5,6 mil milhões de pesquisas diárias, de acordo com dados do HubSpot.

“Na pandemia, por exemplo, as pessoas começaram a pesquisar o que era uma pandemia, depois como é que se fazia pão em casa… Tudo isto teve de ser adaptado”. “Há melhorias constantes à pesquisa, já fizemos 750 mil testes”, diz Sullivan, notando que é algo que as pessoas nem sempre compreendem. Só no ano passado, foram mais de 5 mil atualizações. E aqui Danny Sullivan recorre a uma comparação: os smartphones. Se um smartphone recebe atualizações com alguma regularidade, que chamam mais à atenção, as alterações são bem mais frequentes na pesquisa, “mas menos percetíveis”. “Estamos a fazer mudanças com muita regularidade — são mais pequenas, mas regulares.”

Como começou a pesquisa?

Tudo começou com Larry Page e Sergey Brin, quando eram estudantes universitários de Stanford, e que revolucionaram a forma como se procura informação. Os fundadores da empresa conheceram-se em 1995 e conseguiram, em 1997, estabelecer uma lógica onde os resultados mais relevantes são apresentados por ordem de relevância – o chamado PageRank. Em linhas muito gerais, estabeleceram uma forma de avaliar a qualidade de uma página tendo em conta a quantidade de ligações que remetem para essa mesma página (e também a qualidade dessas ligações).

Numa fase inicial, o Google até teve outro nome – Backrub – mas foi rebatizado ainda antes de ser lançado oficialmente no mercado. Um ano mais tarde, em 1998, no lançamento oficial, o Google tinha 26 milhões de ligações. No final desse ano, o valor aumentou para 60 milhões. Já no novo milénio, com a introdução de dez novos idiomas (português incluído), a empresa conseguiu indexar os primeiros mil milhões de páginas.

Em 2001, foi lançado o serviço AdWords, uma plataforma que permite às empresas fazerem anúncios nos resultados de pesquisa. Mais de 20 anos depois, a apresentação de anúncios na área de pesquisa continua a dar à Google a fatia de leão das suas receitas – só entre abril e junho este segmento rendeu receitas de 40,7 mil milhões à tecnológica.

A empresa evoluiu e ao longo dos anos foi adicionando mais ferramentas à pesquisa – a capacidade de corrigir erros de ortografia, uma operação para compras, a conseguir perceber o que é que é que o utilizador quer e a completar o texto e até a dar direções, com o lançamento do Maps, em 2005.

Google Maps transformou-se no novo “muro das lamentações” dos críticos da subida dos juros dos bancos centrais

O vestido Versace de J.Lo que gerou milhares de pesquisas — e o Google Images

Se o rosto de Helena de Tróia lançou mil navios, conforme diz o poema, um arrojado vestido verde conseguiu lançar uma nova forma de pesquisar imagens – o Google Images. Em 2000, quando a cantora e atriz Jennifer Lopez surgiu na cerimónia dos Grammy com um vestido verde da Versace, a situação tornou-se viral. Os internautas rumaram à internet para encontrar mais informação sobre o decotado vestido assinado pela casa de alta costura de Donatella Versace.

De acordo com a Google, o vestido tornou-se mesmo na pesquisa mais popular da altura, ainda que as pesquisas só mostrassem ligações azuis. “Quando percebemos que não estávamos a conseguir ajudar as pessoas a ter a informação que queriam – uma imagem de J.Lo no vestido – fomos inspirados a criar o Google Images”, diz a empresa na página onde recorda a evolução da pesquisa.

Jennifer Lopez e Donatella Versace, em 2020, quando a cantora e atriz voltou a usar o vestido que deu o "empurrão" ao Google Images.

Getty Images

Ao longo dos anos, também aqui a ferramenta de pesquisa de imagens foi evoluindo – ganhou um novo aspeto e, em 2011, ganhou mesmo a possibilidade de se pesquisar tendo já uma imagem, permitindo encontrar fotografias semelhantes. Para fazer isso basta arrastar ou fazer upload de uma imagem ou apenas inserindo um link.

Curiosamente, passados 20 anos, Jennifer Lopez envergou uma nova versão do vestido que lançou o Google Images – mas, em 2020, já era possível usar apenas a voz para pedir ao Google imagens do novo vestido.

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A pesquisa que “saltou” do computador para o telefone

Antes do Google, quando se queria saber alguma coisa, o processo envolvia uma enciclopédia ou um dicionário. Quando o motor de pesquisa surgiu, “googlar” só podia ser feito no computador. Já em 2008, a empresa apostou no móvel (mobile), quando lançou uma aplicação para a “rival” Apple, que na altura tinha lançado a App Store. Com a massificação dos smartphones, a pesquisa saltou do computador para a palma da mão.

“As pesquisas primeiro eram feitas no trabalho, durante o dia, no computador e à secretária”, recorda Danny Sullivan, porta-voz da pesquisa. “Quando tínhamos uma dúvida enquanto estávamos a ver televisão – o que implicava levantar, ir até ao computador, perder parte do que se estava a ver” dava muito mais trabalho. “Agora é tudo feito no telefone.”

E, mais recentemente, até através da voz. “Fazemos pesquisas por voz em ambiente familiar”, recorda Sullivan, notando outra das grandes mudanças na forma como se pesquisa informação. Desde 2009 que já era possível pesquisar através de voz, mas um lançamento mais a sério só foi feito há cerca de dez anos, quando a empresa deu mais “corpo” a esta forma de pesquisar. Primeiro, só era possível pesquisar em inglês, mas ao longo dos anos tornou-se possível fazer pesquisas noutros idiomas – português incluído.

A pesquisa por voz ganhou outras capacidades com o surgimento do Google Assistant, revelado em 2016. O assistente da Google compete no mesmo mercado que outros assistentes ativados por voz, como a Siri, da Apple, ou a Alexa, desenvolvida pela Amazon. Atualmente, com os assistentes digitais a serem cada vez mais usados no ambiente familiar – a tecnológica norte-americana criou o Google Home, por exemplo, também as pesquisas por voz foram ganhando terreno. Dados divulgados pela Google, em 2016, apontavam que só nos Estados Unidos 20% das pesquisas já eram feitas através de voz. Com o passar dos anos, é expectável que esta percentagem tenha aumentado significativamente.

“Multisearch” nas proximidades e a exploração de cena entre as ferramentas recentes

Este ano, a empresa já revelou no evento Google I/O, onde habitualmente faz anúncios ligados ao Android e ao restante software, duas novas ferramentas: a “multisearch” e a “scene exploration”.

No primeiro caso, a ideia é que o utilizador consiga pesquisar no Google Lens através de uma imagem específica – afinal, só é possível fazer o contrário, apontando para algum lado através da câmara. Se já sabe o que é que quer pesquisar – um vestido, por exemplo – pode tirar uma fotografia a algo ou usar um screenshot para pesquisar. Isto funciona se quiser encontrar um vestido do mesmo género mas em verde, nota Danny Sullivan. De acordo com o responsável da Google, só a Lens já regista “mais de oito mil milhões de pesquisas de imagens todos os meses”.

Por enquanto, só está disponível nos Estados Unidos, mas em breve deverá chegar a outros mercados, antecipa este porta-voz da Google. Também será possível usar a pesquisa por imagem nesta lente para encontrar algo nas proximidades. Tem uma foto de um bitoque no telefone e está à procura do mesmo prato nas proximidades? Basta carregá-la para ter recomendações de restaurantes num local próximo. A tecnológica promete o lançamento desta funcionalidade ainda este ano. No entanto, como ainda só está no mercado norte-americano, sem data para chegada a Portugal, é uma incógnita quando é que os utilizadores portugueses poderão usar esta forma de pesquisar.

Outro das novidades que também foi revelada no Google I/O foi a “scene exploration”. Neste caso, o exemplo é diferente: apontando a lente para uma prateleira de supermercado, torna-se possível ver críticas a produtos ou mais informações que sejam consideradas úteis para o utilizador.

Mesmo levantando a ponta do véu sobre os próximos passos da ferramenta de pesquisa da tecnológica, Danny Sullivan, porta-voz da área de pesquisa da Google, prefere ter “cautela a falar sobre o futuro”, escusando-se a fazer futurologia sobre a forma como podemos vir a pesquisar daqui a uns anos. “Não sei”, admite, “mas acho que é justo dizer que as pessoas vão continuar a evoluir a pesquisa.” “E vamos tentar acompanhar isso.”

“Quando vemos a mudança para a pesquisa por voz, é uma grande diferença”, diz, mas foi também um salto na adaptação da pesquisa. “Como é que isso vai acontecer no futuro? Não sei, porque os dispositivos vão continuar a evoluir”.

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