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O VItória de Sernache foi derrotado em casa pelo Fontinhas (0-1) e ainda não ganhou em três jornadas
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O VItória de Sernache foi derrotado em casa pelo Fontinhas (0-1) e ainda não ganhou em três jornadas

O VItória de Sernache foi derrotado em casa pelo Fontinhas (0-1) e ainda não ganhou em três jornadas

"One man show" racista, maus resultados ou investidor que foi enganado? Afinal, o que se passou no Vitória de Sernache?

Treinador Ricardo Nascimento demitiu-se acusando o presidente de racismo. Tem quem o defenda, mas do outro lado há quem diga que foi despedido e que tudo não passa de uma mentira.

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O passado fim de semana não foi de alegrias no Estádio Municipal Nuno Álvares Pereira, em Cernache do Bonjardim, Sertã. No domingo, na terceira jornada da Série D do Campeonato de Portugal, a jogar perante o seu público, o Vitória de Sernache saiu derrotado frente aos açorianos do Fontinhas por 1-0, com um golo de bola parada logo aos cinco minutos de jogo num cabeceamento de Itto Cruz. Melhor na segunda parte, a equipa do distrito de Castelo Branco, embalada e apoiada pelos adeptos presentes, não conseguiu chegar, pelo menos, ao empate, perdendo o segundo jogo consecutivo em casa. O único ponto conquistado pelo conjunto foi precisamente na sua capital frente ao Benfica de Castelo Branco (1-1), estando em oitavo lugar da sua série, apenas à frente de dois conjuntos sem quaisquer pontos. Noutras competições, a eliminação da Taça aconteceu recentemente contra o mais poderoso Rio Ave (3-1).

Foi precisamente antes desse encontro frente aos vila-condenses, a 26 de setembro, que o então treinador Ricardo Nascimento, velho camsiola 10 conhecido dos relvados nacionais, com carreira feita não só em Portugal como no estrangeiro, saiu do clube, juntamente com a sua equipa técnica, acusando o presidente do clube António Antunes Joaquim de racismo e xenofobia para com os jogadores e a sua própria equipa técnica. “Nada me move contra o Vitória de Sernache. Nada me move contra este clube. Todavia, ocorreram situações de vida e de condição humana que extravasam o futebol. Para termos a noção do que era a realidade, não tínhamos bolas para treinar, nem sempre era possível termos acesso à relva mas muito mais inadmissível era o facto de o presidente, António Joaquim, ter repetidamente comentários xenófobos e racistas para com os jogadores e a equipa técnica, dado que o meu adjunto é brasileiro”, afirmou numa entrevista ao jornal Record e reafirmou ao Observador.

No entanto, como em todas as histórias, existem dois lados. Mas comecemos pelo que surgiu primeiro.

“Não é a minha verdade, é a verdade dos factos”, garantiu, rejeitando qualquer ideia de procura de “mediatismo” por ter saído antes de um jogo frente a uma equipa onde até jogou. “Eu acredito que tenho de dar o contributo à sociedade. Havia pessoas que estavam a ser mal tratadas e denegridas”, referiu, adivinhando que “agora as pessoas iriam mudar de forma aparente, mas a verdadeira essência” lá ficaria.

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“Não pode passar incólume [casos de racismo e xenofobia]. O que vi e ouvi é a verdade. Quando disse o que disse, algumas pessoas sentiram-se atingidas, outras não. Quem lá está ouviu e quem achar que deve falar que diga”, afirmou, alertando para o facto de que situações como a xenofobia estão “ultrapassadas” e que o “futebol é uma ferramenta maravilhosa” para lutar contra estas situações. No entanto, apesar de ter saído do clube, alerta: “Não quero ser nenhum mártir, nem sei o que é isso”. O internacional português pelas camadas jovens, agora com 47 anos, referiu ainda que a questão vai para além do futebol, que é uma “potência mundial”, e que é preciso que se “apure a verdade”, até por pessoas em “cargos de eleição”.

Ex-treinador do Vitória de Sernache. “Falei a verdade dos factos”

Não imaginam os depoimentos que tenho ex-treinadores, treinadores, jogadores e ex-jogadores. A única coisa que fiz foi dizer o que vi e ouvi. Se as pessoas acham que é grave, já não é comigo. A vila é espetacular, mas a parte futebolística é gerida por uma pessoa que não merece esse rótulo”, rematou, acrescentando que falam com ele na rua e dizem “coisas interessantes” sobre a sua decisão, “até pela parte civil”. Este era o começo da segunda época de Ricardo Nascimento no Vitória de Sernache, sendo que na época passada o clube salvou-se da despromoção na última jornada.

“Nunca vi uma pessoa como este presidente”, diz o “zuca”

Marcello Grossi, treinador adjunto da equipa técnica de Ricardo Nascimento no Vitória de Sernache, já de volta ao Brasil, onde é natural do Rio de Janeiro, confirmou e reafirmou ao Observador as acusações de racismo e xenofobia por parte do presidente António Antunes Joaquim. Lembrando que partilhava casa com o treinador de guarda-redes Daniel Tavares e mais dois jogadores africanos, Grossi relembra um pequeno almoço agitado. “Os pretos ainda estão na casa onde vocês moram? Estou farto desses pretos”, terá dito o líder do clube.

“Ele [presidente] nunca me fez um contrato, que eu pedi desde o primeiro dia. E sempre me pediu a licença de nível 2, que eu também apresentei sempre e não fui inscrito em nenhum jogo. Ele nunca definiu quanto nem quando ia pagar-me, simplesmente houve um dia em que foi depositado dinheiro na minha conta. Mas o último mês que trabalhei, pagou-me”, frisou o técnico brasileiro.

O agora ex-membro da equipa de Cernache do Bonjardim destacou ainda o caso de Saleh, jogador nigeriano que “não fala português” e não tinha sido inscrito, mesmo que “todos os dias” fosse pedido a António Antunes Joaquim que o fizesse, alegou Marcello Grossi sobre o atleta que, contudo, alinhou no tal último jogo frente ao Fontinhas. Falou ainda em alguns “brasileiros com ordenados em atraso, em que alguns nem receberam o que lhes foi prometido”. “Sinceramente, nunca vi uma pessoa como este presidente e não tenho ideia de como está há tanto tempo no cargo. Nota-se que os jogadores têm medo dele e não expõem as situações. E as pessoas da cidade sabem quem ele é e não gostam dele. É uma pessoa única negativamente. O que passei neste clube nunca tinha presenciado na vida”, frisou, destacando que muitos atletas têm “medo” de falar.

Ainda sobre Marcello Grossi, Daniel Tavares, então responsável pelo treino dos guarda-redes (onde se inclui Carlos, angolano de 41 anos com enorme experiência de I Liga e campeonatos estrangeiros), disse ao Observador que o presidente da equipa de Cernache do Bonjardim nunca chamou o brasileiro pelo nome, mas “sempre por ‘zuca’”. “E não era de forma relaxada, notava-se desprezo e agressividade na voz. E o Marcelo pediu várias vezes para o tratarem pelo nome”, referiu Tavares ao Observador, confessando que “ainda ontem [domingo]”, recebeu “mensagens” e “desabafos” de jogadores do plantel. E garantiu: “O motivo da nossa saída foi a xenofobia”.

O “gel no cabelo dos brasileiros” e o despedimento em vez da demissão

“No primeiro dia, o presidente fez comentários sobre o treinador de guarda-redes ser muito magro e que não teria força. Disse ao adjunto que não tinha o nível desejado, quando ele estava à espera do diploma. Começou logo a implicar. Desde o primeiro dia que houve instabilidade e só se foi agravando. Dizia-nos que o Agostinho Cá era bom era para estar no departamento médico e até implicava com o gel no cabelo dos brasileiros”, refere Daniel Tavares, que recorda ainda outra história: “Eu, o Ricardo Nascimento e o Marcello Grossi estávamos na bancada e ele veio falar connosco, acho que foi por causa do Romário, contratação que pedíamos há muito tempo e de que precisávamos. ‘Estou farto de brasileiros’, disse ele com o Marcello por perto, que não respondeu. Até soou a provocação. Qualquer pessoa ficaria furiosa”.

“Depois de sairmos aconteceram algumas coisas e o presidente tentou condicionar-me. No dia em que saímos ele veio oferecer-me tudo o que tinha prometido, mas a minha dignidade não está à venda. Havia tanta coisa a acontecer que não podia ser complacente”, explicou, voltando a denunciar casos de racismo, havendo até um “rapaz de cor negra que o presidente detestava”, “brasileiros sem seguro e um nigeriano sem ordenado”. Segundo Daniel, tudo dava para polémica, desde o “cabelo à roupa dos atletas”. “Ia haver obras e um ginásio novo e nada. Depois de sairmos até aconteceram coisas e está a fazer-se passar por bom empregador…”, acrescenta. Sobre possíveis vencimentos em atraso, disse que António Joaquim “vai tentar endireitar tudo para disfarçar” algumas falhas.

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Mas Daniel Tavares, a dada altura, conta uma versão dos factos diferente da de Ricardo Nascimento, que alegou demissão, segundo o treinador de guarda-redes, numa versão que foi depois indicada também ao Observador pelos órgãos sociais do clube: a equipa técnica foi “despedida em frente ao grupo de trabalho depois de dar um ‘murro na mesa’”.

O ex-treinador de guarda-redes do Sernache fala ainda em “transtornos, sobretudo antes dos jogos”, em que a equipa era “impedida de treinar no relvado”. Contou ainda que, falando no atleta Davi, que já não está no clube e se lesionou na pré-época, se descobriu que “afinal não tinha seguro”.

“Não recebi nenhuma ajuda e não foi ativado o seguro”

O próprio Davi, defesa brasileiro de 21 anos, explicou ao Observador que após uma lesão na pré-época que “não era simples, porque era num ligamento do joelho, o clube não ajudou, não pagou os exames e não acionou seguro”. “Nem sei se tinha seguro, nada me foi dito. O fisioterapeuta sabia da necessidade da ressonância, que é cara, mas o clube e o presidente não pagaram nada, fui eu e o meu representante. Eu ainda precisava de recuperar e quando ele viu que eu estava no campo a fazer exercícios achou que eu podia jogar. Mas disse que não me queria no clube, mesmo não estando a 100%. Não recebi nenhuma ajuda, não foi ativado o seguro e mandaram-me embora. Dizem que a recuperação desta lesão era de dois a três meses e ele mandou-me embora ao fim de quatro ou cinco semanas. Eu precisava das instalações do clube”, confessa.

"Eu ainda precisava de recuperar e quando ele viu que eu estava no campo a fazer exercícios achou que eu podia jogar. Mas disse que não me queria no clube, mesmo não estando a 100%. Não recebi nenhuma ajuda, não foi ativado o seguro e mandaram-me embora.", queixa-se Davi.

Dizendo que episódios de racismo com ele “nunca aconteceram”, Davi garantiu que “todos os casos são verídicos”, havendo muitas vezes “brincadeiras que feriam as pessoas”. “Houve reuniões para ajudar em vez de implicar, mas ele não deixava ninguém trabalhar em paz. Todos sabem do problema e muitos jogadores nem querem ir para lá”, acrescentou, elogiando ainda o “mister Ricardo Nascimento, pessoa muito correta e humana que não aguentava mais ouvir coisas injustas e preconceituosas”. “É a voz de muitas pessoas”, garantiu o jogador, que disse ainda estar “quase a 100% e a definir o próximo passo na carreira”.

“Tenho alguns jogadores estrangeiros que me tratam como pai”

Do outro lado da trincheira a conversa é, obviamente, muito diferente. Depois da derrota frente ao Fontinhas, o Observador sentou-se com António Antunes Joaquim que, apesar de não poder adiantar muito por razões legais, referiu que todas as acusações são uma “forma de escamotear a verdade”. Em resposta à primeira pergunta, o líder do clube albicastrense remeteu para o comunicado enviado às redações logo a 24 de setembro.

“Tal entrevista consubstancia num falso e lamentável ataque por parte do sr. Ricardo Nascimento, ex-treinador do Grupo Desportivo Vitória de Sernache, que face ao seu próximo e fundamentado despedimento de treinador, antecipou-se a tal despedimento e com falsos argumentos demitiu-se”, lê-se. No mesmo comunicado, o Sernache informa ainda que irá apresentar queixa-crime contra Ricardo Nascimento: “Face à gravidade das falsas e difamantes afirmações tecidas em tal entrevista, atentatórias do bom nome, honra e consideração dos visados, irão estes apresentar queixa-crime contra o sr. Ricardo Nascimento.”

O presidente do clube refuta totalmente as acusações: “Quem me conhece sabe que, ao longo destes últimos muitos anos, quem tem contratado jogadores que não são nacionais, para o Sernache, sou eu. E tenho tratado muito bem dos jogadores , tenho muitos amigos”. Afirmando ainda ter “pessoas competentes” a tratar da situação em questão “desde a primeira hora”, fala numa “montagem de declarações”. “Nós também sabemos algumas coisas de como eles processaram isto. São pessoas de um grupo, Parece-me lógico”, garantiu.

"Fui eu que comecei a trazer jogadores estrangeiros, tenho alguns jogadores que me tratam como pai porque reconhecem quando os ajudamos. Esse é o reconhecimento. Não só o presidente, mas toda a estrutura trata bem. Damos casa e eles têm boas condições", defende o presidente do clube.

“Têm aqui o exemplo deste balneário que está aqui triste porque não venceu o jogo [frente ao Fontinhas] e é testemunha. É uma cabala de falsidades. Não há nenhuma ilegalidade. Se tivéssemos ordenados em atraso na Federação não nos podíamos inscrever. Estes atletas têm o mês de setembro pago. Há muitos anos que estou aqui, fui jogador , fui treinador neste clube e fui eu que comecei a trazer jogadores estrangeiros, tenho alguns jogadores que me tratam como pai porque reconhecem quando os ajudamos. Esse é o reconhecimento. Não só o presidente, mas toda a estrutura os trata bem. Damos casa e eles têm boas condições. Neste momento aquilo que me dizem é para não dizer mais nada. Tentaram achincalhar um clube que deu oportunidade a muitos para se mostrarem. Uns por incapacidade e outros por outros motivos não se conseguiram afirmar… mas acima de tudo o Sernache e o presidente têm ajudado muita gente. Não há ninguém que saia daqui ilegal ou com processos por cumprir”, garantiu.

“O António andava a ser cozinhado em lume brando” e é um one man show

António José Lopes Simões, presidente da mesa da Assembleia Geral do Vitória de Sernache, também rejeita as acusações e fala numa situação “complexa e com contornos muito estranhos”. “Andamos nisto há muitos anos…”, atirou.

“Vivemos numa terra [Cernache do Bonjardim] universalista e nos últimos mandatos camarários temos recebido e temos orgulho na comunidade são-tomense. Abrimos os braços a muitos jovens africanos que cá estão entre nós. Confunde-se mau feitio com outras coisas piores. Aquilo de que o acusam entristece-me bastante”, confessou, garantindo: “Se isto fosse verdade, teria consequências graves. Mas acho que não passará da espuma dos dias”.

Sobre os abusos, diz “nunca ter vislumbrado” nada de um “homem que anda há 30 anos no futebol”, que, não tem pejo em dizer, “não é uma escola de virtudes”, destacando aqui as divisões inferiores, como aquele em que se encontra a equipa de Cernache do Bonjardim. “O facto de os contratos amadores não irem além de um ano cria uma pressão e competição atroz”, frisou, garantindo o trabalhador do município da Sertã com toda a certeza que “racismo não há e xenofobia não há”.

O António [presidente] é um one man show. Sem ele o Sernache já teria acabado. Ele levanta-se cedo e deita-se tarde para aquilo. O António andava a ser cozinhado em lume brando. Que fique muito claro que não sei quem são as pessoas. Que fique claro que não sei. Mas que havia alguma pressão…”, disse, sobre a situação de a direção querer dispensar Ricardo Nascimento mas poder ter medo de algumas represálias. “Há aqui muito em jogo. O Sernache tem contas em dia e algum dinheiro. Podiam ter alegado tudo, mas racismo não. As pessoas em causa deviam ter atenção”, avisou.

Sobre o presidente do Vitória de Sernache, o líder da MAG do clube admitiu que este “não tem um feitio fácil e tem o coração ao pé da boca, mas tem muita paixão pelo clube”. “Ele é muito empírico, não acredito que seja racista e muito menos xenófobo”, frisou. Sobre quem saiu e agora acusa é pragmático: “Eles também tinham ambição e não lhes correu bem. Quando não há resultados as pessoas têm de ir à sua vida, até estranhei que ficassem cá tanto tempo. Esta reação é demasiado rebuscada para ser honesta. Quem sai de um projeto vai à procura de outro e não de revanche. As acusações são falsas”. “Sempre demos as melhores condições. Nunca nenhum atleta disse ‘Eu vou embora por salários em atraso ou por racismo’. Porque é que [Ricardo Nascimento] não atuou logo quando viu?”, questiona.

O dirigente soltou, ainda, algumas declarações sobre uma outra pessoa, Daniel Mota, que António José Lopes Simões diz ser “bem relacionado, até com a imprensa, e astuto”. Não é o único envolvido a falar do alegado papel importante de Daniel Mota nesta situação.

“Entendo que fui enganado por Daniel Mota”

O Observador falou ainda com o principal investidor do Vitória de Sernache, um empresário do ramo imobiliário, oriundo da vila, atualmente com 60 anos, que pediu anonimato, até porque “as pessoas vão perceber”. E fala muito sobre Daniel Mota, alguém que não sabe definir que papel teve no clube. Além disso, como investidor, sente-se enganado por ele.

Referiu que só houve polémica “depois de o senhor [Ricardo Nascimento] ser despedido”. “Diz que bateu com a porta…”, refere de forma irónica, dando novamente a versão de que não houve demissão do corpo técnico mas que foram sim despedidos pela direção. “O treinador falou comigo num sábado, véspera do jogo com o Oleiros, depois do treino. Estávamos em conversas que só quem não anda no futebol é que não sabe. Expliquei que estava no clube para formar uma equipa para subir de divisão e não era para isso que estávamos a trabalhar. Ele pediu-nos os próximos três jogos e se não ganhasse iria embora. Perdeu logo no domingo e apareceu na terça-feira para dar o treino airosamente como se não fosse nada. Não tem palavra. Essa pessoa não tem credibilidade”, explicou o investidor do clube.

“Depois foi despedido e ficou tão aziado que ele e o outro senhor que eu não percebo o que é para ele, o Daniel Mota, arranjaram esta situação toda para tentar denegrir a imagem do presidente. Então estiveram lá um ano inteiro e o presidente não era xenófobo? Até ser despedido não era, no dia em que é despedido o presidente já era isto e aquilo. Tudo coisas sem nexo. Os queixosos também são jogadores que foram postos para fora do Sernache, tal como agora outros vão ser dispensados”, explicou.

"Arranjaram esta situação toda para tentar denegrir a imagem do presidente. Então estiveram lá um ano inteiro e o presidente não era xenófobo? Até ser despedido não era, no dia em que é despedido o presidente já era isto e aquilo. Tudo coisas sem nexo.", assegura o principal investidor do Vitória de Sernache.

Referindo que o presidente se dá “bem” com todos os jogadores estrangeiros, declarou o caso como um exemplo de “ingratidão”, visto que o “clube tem crescido através do presidente e agora querem usar conversas de balneário que há em todo o lado”. “Agora ele dizer ‘Tu és negro, não gosto de ti’, é mentira. O presidente ainda anda a tratar dos processos de atletas nigerianos que entraram pelos Açores em 2019, coisas no SEF”, explicou.

Voltando a Daniel Mota e Ricardo Nascimento, o empresário em questão justifica a situação com a falta de resultados, dizendo ainda que o treinador ficou “aziado porque pensava que tinha o lugar, mas a direção também é ‘apertada’ pelos sócios”. “O treinador foi contratado no ano passado, chegou aqui através desse Daniel Mota. Esteve o ano todo e no final do ano esteve para ir embora, por causa dos resultados. Fazia treinos de uma hora e outros de 45 minutos… Ele que tire o curso de treinador, que não tem, e aprenda a treinar”, rematou.

Ainda a esse propósito, disse que “só jogavam os jogadores que vinham lá do Daniel Mota, era uma vergonha”. Sobre Daniel Mota, acrescenta: “Diz que não é empresário, que é gestor de carreiras e tentou enganar-me também. Metia pessoas a comer num restaurante aqui em Cernache e ele também comia lá. Até hoje nunca pagou. Deixa os atletas por aí pendurados sem nada. Foi o tal presidente racista que ajudou. Tem lá jogadores que eram desse Daniel Mota. Pessoas sem família, que estão a comer e a dormir nas instalações do clube e nem jogam no Sernache. É uma questão de humanidade”.

O empresário e investidor, que jogou no Sernache e nasceu na vila do distrito de Castelo Branco, entende que foi abordado no Algarve para se fazer um “projeto para o Sernache”, mas que depois tentaram enganá-lo. “Entendo que fui enganado pelo Daniel Mota. Eu disse que o único projeto que queria era subir de divisão e ele disse que tinha conhecimentos no Brasil e em África. Disse-lhe para construir uma equipa para subir de divisão e ele aparece-me com miúdos. Nunca falei com ele de orçamentos, queria uma equipa para subir e depois disse-lhe que para mim não dava. Tanto que têm um ponto agora. Não pode ser com esta equipa, arranjada pelo Daniel Mota”, referiu, admitindo que chegou a dizer que se “fosse para continuar assim, não investia”.

“Já ultrapassámos essa situação. Pelo menos os sócios, o presidente é que não”, lamenta. “São personas non gratas em Cernache do Bonjardim”, finaliza.

O Observador contactou Daniel Mota, que remeteu esclarecimentos para mais tarde.

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