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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Pedro Nuno promete ser o bom herdeiro de Costa, mas diferente. E acena com novo diabo

Eleito líder do PS com 62% dos votos, Pedro Nuno Santos entra em cena a jurar fidelidade à herança que recebe. E a avisar que é preciso "proteger" esse legado de quem possa vir do outro lado.

Muito pouco tempo depois de começar o seu discurso de vitória, Pedro Nuno Santos disse à sala cheia de apoiantes seus: “Não se acanhem, podem bater palmas à vontade. Hoje é para isso”. A longa espera da sua mais do que anunciada ambição tinha terminado e não estava ali para dizer muito mais do que vinha dizendo nos dias de luta interna. Ou seja: não esperassem ideias muito mais concretas. Sabendo que é um candidato bicudo, quis aproveitar antes o tempo de antena perante o país (além partido) para deixar a imagem do bom herdeiro de António Costa (na contas certas, nas pensões, nos salários e também nas soluções de governação) que a direita (o novo diabo) pode destruir, mas diferente dele (nas decisões e nos afetos).

Na tentativa deste equilíbrio, Pedro Nuno acabou por aparecer algo enredado entre esse passado e o futuro que quer trazer. Neste momento diz muito pouco, mas há uma coisa que vai já tentando descolar da sua pele: a ideia do candidato que no dia seguinte às eleições se agarrará de imediato ao PCP e ao BE. Assume que a solução é boa e já deu provas de “estabilidade” — “de geringonça não teve nada, aquilo funcionou bem, foi estável e sólido” — mas mostra que já percebeu que agarrado a essa ideia pode progredir pouco ao centro. Por isso agora atira-se a uma “grande vitória para que a solução de governo tenha estabilidade, que depende de um PS forte“. E até diz que, se assim não for, pode vir lá quem coloque em perigo o que foi conquistado.

O trabalho que foi feito precisa de ser protegido e preservado, mas também queremos dar um novo impulso para realizar o projeto social democrata que o PS tem para o país”

O perigo está à direita. “Há trabalho na saúde e na habitação que começou a ser feito e só produz resultados com tempo. Há muito trabalho para fazer mas são os socialistas os melhores para o fazer“, afirmou sem deixar de acabar esta mesma ideia apontando ao PSD, não fosse passar despercebida a intenção: “Não inventamos grupos de trabalho em cima de comissões. Nós decidimos”. Afinal foi o PSD que veio propor um grupo de trabalho para estudar o relatório da comissão técnica independente que estudou a localização do novo aeroporto de Lisboa.

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O novo diabo espreita à direita?

A luta é com essa frente e foi para lá que seguiram todos os ataques do líder do PS que foi eleito este domingo (com 62% dos votos, contra 36% de José Luís Carneiro e 1% de Daniel Adrião) . Começou logo por atirar ao PSD e ao seu histórico de 19 líderes até hoje, a “estabilidade que caracteriza a liderança do PS”, que tem nele apenas o seu nono secretário-geral. Depois lembrou o voto contra da direita à criação do Serviço Nacional de Saúde, nos primórdios da democracia, para contrapor a defesa socialista de um “SNS público, universal e tendencialmente gratuito”. “Não está tudo bem, mas a nossa solução não é privatizá-lo“, afirmou.

Mais adiante pegou nos “cortes nos salários e pensões” do período da troika, para mostrar que mesmo assim a direita saiu do poder “com uma dívida pública maior em percentagem do PIB” do que aquela que herdou. Ou seja, o PS foi capaz de “ter as contas públicas certas, continuar a reduzir a dívida pública” sem aplicar a receita dos cortes. “Não estivemos a cortar salários, nem pensões, nem a reduzir a despesa social do Estado em nome da redução da dívida pública”, acenou como quem avisa para o que poderá vir.

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E por fim, os pensionistas. O tal eleitorado que foi alvo dos cortes da direita e que aparece empenhado em proteger, ciente que já não tem nada de novo a prometer-lhe. “Um líder do PS não tem de prometer fazer uma coisa diferente do que o PS fez quando se apresenta perante os pensionistas. Só precisa de dizer que quer continuar o trabalho que tem sido feito”, afirmou sobre este ponto. Aqui, apela à memória de “oito anos em que o PS atualizou pensões e fez seis aumentos extraordinários nas pensões mais baixas” e atira a estes mesmo pensionistas uma expressão totalmente nova no vocabulário mais recente do PS, ao prometer “com amor e carinho estar ao lado de quem fez o país”.

Pedro Nuno Santos sublinhou logo no início do discurso que nesta campanha tinha já tido o “prazer de abraçar, agarrar, tocar” nos militantes socialistas. A prometer um estilo de proximidade diferente da linha de António Costa.

Coloca-se como o candidato a primeiro-ministro que tem convicções, para sacudir a ideia de um radical. Diz mesmo que “o país não se divide entre radicais moderados” mas sim “entre quem tem convicções e quem não tem. Eu cá tenho convicções“. Também garante que os portugueses não olham para a política na perspetiva de “esquerda e direita”, essa é uma questão da bolha, garante. Diz antes que “procuram respostas para os seus problemas”.

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Na parte das perguntas dos jornalistas, tentou de todas as formas evitar falar do futuro. Da mercearia das listas, de intenções para um eventual governo que venha a formar e de acordos de governação — na campanha expôs de forma clara que é à esquerda que os procurará e por isso não é de estranhar que agora sinta necessidade de declarar o PS como “europeísta”, a sublinhar que os compromissos com a União Europeia são sagrados para o partido. Na abertura do discurso fez questão de homenagear o pai fundador, Mário Soares, reclamando para si o papel de seu herdeiro também.

Também jurou lutar pela unidade, depois de uma luta pela liderança que teve as suas quezílias. Mas começou por não fazer grande distinção entre o seu principal adversário, José Luís Carneiro, e o candidato Adrião que apenas conquistar 1% dos votos. Disse que os dois tinham sido “circunstancialmente adversários”, mas que o que quer agora é “um partido inteiro” — numa referência também ao seu lema de campanha “Portugal inteiro”. Mais adiante, já quando questionado sobre o futuro político de Costa e disse que o quer ter em campanha, acrescentou que também quer José Luís Carneiro na mesma campanha.

Quanto a Costa para lá do legado: “Contamos sempre com ele e ele vai contar connosco.” Não disse o que já falou com o líder a quem sucede no PS, mas diz que vai “aproveitar” os seus conselhos no futuro: “Não aproveitar a experiência, inteligência e sagacidade de António costa seria tonto da minha parte.” Ao ex-líder destaca ainda a “experiência nacional”, mas também a “internacional”, numa altura em que António Costa não afasta um futuro político — depois de fechado o capítulo judicial — que pode passar por Bruxelas. Este domingo encontram-se para o primeiro aperto de mão para Pedro Nuno, o último para Costa.

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