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Pro-Russian saboteur detained by Kyiv territorial defense
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Militares e civis, ucranianos e russos: os prisioneiros de guerra têm sido usados como moeda de troca entre os dois países quase desde o primeiro dia de guerra

SOPA Images/LightRocket via Gett

Militares e civis, ucranianos e russos: os prisioneiros de guerra têm sido usados como moeda de troca entre os dois países quase desde o primeiro dia de guerra

SOPA Images/LightRocket via Gett

Prisioneiros de guerra. As trocas, os vídeos e a (possível) violação das regras internacionais

Rússia e Ucrânia têm usado soldados e civis como moeda de troca. Organizações dizem que o número pode ser muito mais elevado e, esta segunda-feira, prisioneiros sugeriram troca com Medvedchuk.

Prática comum em contexto de guerra, e também uma das preocupações das organizações que promovem a segurança na Europa, a troca de prisioneiros nesta invasão tem sido, ao longo dos últimos dias, um dos pontos de discussão entre Rússia e Ucrânia. Independentemente do país de origem, os soldados ou civis capturados surgem em vídeos,que são partilhados nas redes sociais e que têm servido para mostrar que aquelas pessoas estão vivas, mas estão do outro lado da força — funcionam como moeda de troca, como aviso e como ameaça.

E esta segunda-feira chegaram novas informações, que traçam um novo caminho nestas negociações que envolvem prisioneiros dos dois lados do conflito em curso. Um vídeo mostra dois soldados britânicos, de 28 e 48 anos, alegadamente capturados pelas forças russas, a pedirem para serem libertados em troca de Viktor Medvedchuk, o aliado de Putin capturado pelas tropas ucranianas na semana passada e o prisioneiro de guerra mais promovido pela Ucrânia.

Os dois britânicos, ShaunPinner e Aiden Aslin, em declarações individuais, dirigiram-se a Boris Johnson, para que o primeiro-ministro do Reino Unido ajude nas trocas.

Numa publicação feita no Twitter, os serviços de informações ucranianos deixaram um claro aviso: “Podem ser um político pró-Rússia e trabalhar durante anos para um Estado agressor. Podem esconder-se da justiça. Podem até usar um uniforme militar ucraniano para camuflar, mas isso vai ajudar a escapar ao castigo? De forma alguma.

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Medvedchuk é uma moeda de troca favorável à Ucrânia. De tal forma que o próprio Volodymyr Zelensky apressou-se a anunciar a captura na sua conta Instagram.

E Medvedchuk muito mais que é um qualquer prisioneiro de guerra. Além de ser um dos principais inimigos de Zelensky, é o padrinho de uma das filhas de Vladimir Putin, que queria este aliado no lugar do líder ucraniano, aos comandos do poder em Kiev. E, no ano passado, o Ministério Público da Ucrânia acusou Medvedchuk de “traição ao mais alto nível”.

Também esta segunda-feira, e ainda antes da publicação do vídeo pela Rússia, os serviços de segurança ucranianos divulgaram imagens que mostram Medvedchuk a pedir liberdade em troca das pessoas que estão em Mariupol e que não estão a conseguir sair daquela cidade portuária pelos corredores humanitários, uma vez que os bombardeamentos continuam.

Quatro trocas (oficiais) de prisioneiros desde o início da guerra

A confirmar-se a troca dos dois britânicos por Medvedchuk, esta poderá ser a quinta troca de prisioneiros feita desde o início da guerra. De acordo com os dados oficiais do governo ucraniano, foram feitas quatro trocas de prisioneiros desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, no final de fevereiro. Mas é de assinalar o comentário feito, na semana passada, pela Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE, na sigla em inglês), que se mostrou “surpresa com o número reduzido de prisioneiros de guerra reconhecidos pelas duas partes”.

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A última troca de prisioneiros aconteceu, segundo Iryna Vereshchuk, a vice-primeira-ministra ucraniana, a 14 de abril. Oito civis, cinco oficiais e 17 soldados ucranianos foram libertados, apesar de não ser conhecido o número de pessoas russas que foram libertadas pela Ucrânia. Aliás, o número de militares e/ou civis envolvidos nas trocas de prisioneiros, por parte da Rússia, não é, geralmente, conhecido, avançou o jornal The Kyiv Independent.

É de assinalar o comentário feito, na semana passada, pela Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE, na sigla em inglês), que se mostrou "surpresa com o número reduzido de prisioneiros de guerra reconhecidos pelas duas partes".

Cinco dias antes, a 9 de abril, Iryna Vereshchuk disse publicamente que 12 soldados e 14 civis foram libertados e, mais uma vez, não foram avançados dados sobre militares ou civis russos. A 2 de abril foram libertados 86 prisioneiros ucranianos, na sequência de um acordo feito entre as delegações russa e ucraniana, durante as negociações.

Já a 24 de março foram trocados os primeiros grupos de prisioneiros. “Em troca de 10 homens capturados, resgatámos 10 dos nossos militares”, referiu no mês passado a vice-primeira-ministra. E no Mar Negro, perto da cidade de Odessa, foram trocados 11 marinheiros russos por 19 tripulantes de navios com bandeira ucraniana.

Desrespeito pela Convenção de Genebra

Desde o início da guerra que a informação divulgada difere de acordo com a origem — e aqui fala-se em número de mortos, de feridos, de edifícios bombardeados e, claro, de prisioneiros. A Ucrânia fala em 500 prisioneiros, a Rússia disse na semana passada que mantinha mais de mil pessoas ucranianas detidas. Mas estes números, alertou a OSCE, poderão ser muito superiores. Há, de resto, registos que não foram ainda confirmados pelos respetivos governos. Por exemplo, também na semana passada, Ivan Fedorov, presidente de Melitopol, disse ter sido sequestrado pelas tropas russas e libertado cinco dias depois. E disse também que o chefe distrital, Serhiy Pryyma, está em cativeiro há mais de um mês.

Na semana passada, Ivan Fedorov, presidente de Meliotopol, disse ter sido sequestrado pelas tropas russas e libertado cinco dias depois. E disse também que o chefe distrital, Serhiy Pryyma, está em cativeiro há mais de um mês.

Além de reticente sobre o número reduzido de prisioneiros de guerra revelado por ambas as partes, e alertando para a possibilidade de serem muitos mais, a OSCE alertou também para o incumprimento da Convenção de Genebra em relação aos prisioneiros de guerra — quer pela Rússia quer pela Ucrânia. Neste caso, o relatório publicado na semana passada pela instituição refere que o desrespeito pela Convenção de Genebra ultrapassou, “quer em natureza quer em escala”, as violações à convenção praticadas pela Ucrânia.

Assinada em 1949, a Convenção de Genebra prevê a proibição de “ofensas contra a vida e a integridade física, especialmente o homicídio sob todas as formas, mutilações, tratamentos cruéis, torturas e suplícios”. “Execuções efetuadas sem prévio julgamento realizado por um tribunal regularmente constituído”, assim como a tomada de reféns e ofensas à dignidade das pessoas envolvidas, estão também proibidos.

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Estas questões colocadas pela OSCE surgem, aliás, na sequência das primeiras trocas de prisioneiros. Um dos ucranianos libertados pelos russos em março relatou, por exemplo, que foi colocado numa cela, onde era possível ouvir os gritos de pessoas que estavam a ser torturadas nas imediações do local em que se encontravam detido.

Para o lado da Ucrânia, há também factos a apontar, começando pelos vídeos publicados num site alegadamente criado pelos serviços ucranianos. Neste site são publicados vídeos de prisioneiros — dizem o seu nome e falam sobre a família para que possam ser identificados.

Nesta plataforma é possível ler-se:

Se os seus familiares ou conhecidos estão na Ucrânia e fazem parte da guerra contra o nosso povo, pode obter aqui informações sobre o destino deles”.

A veracidade dos vídeos e a possibilidade de captarem agressões cometidas por militares ucranianos carece ainda de confirmação oficial. Uma investigação do canal de televisão francês France 24 referia que uma das marcas distintivas das imagens, e que serviria de argumento para atribuir a autoria daqueles atos praticados a militares sob o comando de Kiev residia no facto de os homens captados nas imagens, e que são alvo das agressões, envergarem braçadeiras brancas — precisamente a cor atribuída aos militares do Kremlin (o adversário ostenta, geralmente, braçadeiras azuis ou amarelas).

Apesar de a veracidade das imagens não estar confirmada, o governo ucraniano quis defender-se do conteúdo dos vídeos e adiantou, no final do mês de março, que iria abrir uma investigação àqueles atos, cujas imagens denunciariam soldados ucranianos a disparar sobre prisioneiros russos. Os vídeos continuam a ser publicados e os prisioneiros russos surgem com fita cola nos olhos.

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