A decisão do carro novo a comprar não é apenas financeira. Há muitas variáveis que importam, desde a estética até ao conforto, passando pela segurança. Todavia, se o dinheiro é um critério essencial na escolha do automóvel, este artigo interessa-lhe.

Para cada um dos 2.461 modelos no nosso diretório com informação suficiente, o Observador calculou o custo que resulta da soma do preço de compra e das despesas com combustíveis. Assumiu-se um horizonte temporal igual à idade média do parque automóvel português (quase 12 anos), os preços atuais da gasolina, do gasóleo e do gás de petróleo liquefeito (GPL), segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia, e quatro cenários para o número de quilómetros percorridos diariamente. Em cada segmento automóvel, elegemos os três carros mais económicos.

Nos cálculos, partiu-se do princípio de que os condutores dos veículos a gasolina e GPL, optam sempre pelo combustível mais barato, isto é, o GPL.

Nos veículos elétricos, assumimos que a despesa de carregamento é nula. Enquanto estiver na fase piloto, os carregamentos na rede Mobi.e, dispersa essencialmente pelas principais zonas urbanas, são gratuitos. Ainda não há data para o fim da fase piloto.

Citadino. Kia Picanto 1.0 GPL More

Não é de agora que o Kia Picanto 1.0 GPL More é o carro mais económico numa análise de longo prazo. Qualquer que seja a distância média diária que percorra com um automóvel citadino, o Picanto a funcionar a GPL é o mais poupado. A única exceção ocorre quando se percorre menos de dez quilómetros por dia, em média: o Ford Ka 1.2i City, que custa 9.542 euros em vez dos 11.016 euros do Kia, fica mais económico.

Quando trabalha exclusivamente com GPL, o Kia Picanto consome 6,2 litros por centena de quilómetros. Os seus dois concorrentes mais próximos na economia são também viaturas que combinam gasolina e GPL: o Opel Karl 1.0 Flexfuel, que consome 5,7 litros de GPL por 100 quilómetros e custa 13.290 euros, e o Fiat Panda 1.2 GPL Bi-Fuel Pop, que gasta 6,6 litros de GPL na mesma distância e tem um preço de venda de 13.100 euros.

Utilitários. Dacia Sandero 0.9 TCe Confort Bi-Fuel

O Dacia Sandero 0.9 TCe Pack é o carro mais barato que pode comprar, segundo a lista de mais de 2.400 veículos compilada pelo Observador. O preço de venda ao público é de 8.990 euros. Todavia, ao fim de quase 12 anos, não será o mais económico para os condutores de automóveis utilitários, a não ser que percorram uma média até 15 quilómetros por dia.

Para a maioria dos portugueses, a versão do Dacia Sandero que combina gasolina e GPL é uma opção mais económica. Por cada 100 quilómetros, a versão a gasolina representa uma despesa de 6,68 euros, enquanto o Dacia Sandero 0.9 TCe Confort Bi-Fuel gasta 3,36 euros a GPL, de acordo com os preços mais recentes dos combustíveis.

Se viaja mais de 45 quilómetros por dia, em média, há um carro elétrico que deve ponderar: o Renault Zoe Life. O preço de 21.650 euros (que não inclui o aluguer da bateria) permite comprar um Dacia Sandero 0.9 TCe Pack e um Dacia Sandero 0.9 TCe Confort Bi-Fuel, mas é possível reduzir a despesa com combustível a zero. O Zoe, que é o elétrico mais vendido na Europa, tem uma autonomia real de até 170 quilómetros. A sua bateria pode ser carregada em 80% em cerca de uma hora.

Pequenos familiares. Dacia Logan MCV TCe Confort Bi-Fuel

Não há alternativa à altura: o Dacia Logan, incluindo a versão carrinha, é a escolha mais económica entre os pequenos familiares comercializados em Portugal. Para a maioria dos condutores, a carrinha Dacia Logan MCV TCe Confort Bi-Fuel, que custa 12.450 euros, é a versão mais poupada, porque consome 6,2 litros de GPL por 100 quilómetros andados.

Se se excluir todos os Dacias desta gama (o que inclui ainda o Lodgy para as famílias mais numerosas), o Fiat Tipo 1.3 Multijet Easy lideraria na economia. Todavia, a despesa deste carro ao fim de quase uma dúzia de anos a fazer 30 quilómetros por dia seria 47% mais elevada do que escolhendo o Dacia Logan MCV TCe Confort Bi-Fuel.

Grandes familiares. Opel Insignia Sedan 1.4 Turbo GPL Selection

Se procura um grande automóvel familiar e se percorre menos de 35 quilómetros por dia, Opel Insignia Sedan 1.4 Turbo GPL Selection é o carro certo para si. Este veículo, que custa 29.530 euros, consome cerca de 7,7 litros de GPL por cada centena de quilómetros (ou seis litros de gasolina). A versão carrinha, o Opel Insignia Sports Tourer 1.4 Turbo GPL Selection, também pode ser interessante para quem precisa de transportar mais coisas.

Para quem conduz mais, o Škoda Superb 1.6 TDI Active é a opção mais económica. Este automóvel tem um preço de venda de 30.717 euros e gasta 3,1 litros de gasóleo por 100 quilómetros.

Luxo. Jaguar XF 2.0 Diesel Pure

A gama de luxo é pouco homogénea, a começar pelo preço: o custo de aquisição estende-se dos 43.830 euros do BMW Z4 sDrive 18i até valores superiores a 100 mil euros. Esse BMW é o mais económico para quem conduz pouco, mas o Jaguar XF 2.0 Diesel Pure, que, com um preço de 49.013 euros, é o quinto mais barato desta classe, é o carro certo para a maioria dos portugueses que quer dirigir um veículo de luxo.

Se o Jaguar não lhe agrada, pode ponderar o Audi TT Coupé 2.0 TDI ultra se procura um carro mais desportivo ou o Audi A6 Limousine 2.0 TDI se precisa de um automóvel maior.

Superluxo. Mercedes-Benz S 300 h

Na lista dos carros mais caros é um automóvel híbrido que se destaca. O Mercedes-Benz S 300 h consome 4,4 litros de gasóleo por centena de quilómetros. Esta viatura combina um motor diesel de 204 cavalos com um motor elétrico de 27 cavalos. Este Mercedes pode ser conduzido no modo elétrico até aos 160 quilómetros por hora, mas é particularmente eficaz a baixa velocidade, num ritmo urbano. O preço de venda ao público é de 100.900 euros.

O Mercedes-Benz S 300 h não é, no entanto, o que menos consome nesta gama. O BMW i8, que também é híbrido, gasta 2,1 litros de gasolina por 100 quilómetros. Mesmo o BMW 740d xDrive, que não é híbrido, consome 4,3 litros de gasóleo para percorrer a mesma distância. Devido aos seus preços – o i8 custa quase 142 mil euros e o 740d exatamente 123 mil euros –, estes BMW não entram na lista dos mais económicos. No entanto, outros dois BMW – o 640i Coupé e o 730d – são opções a considerar para quem quer poupar no longo prazo.

A melhor alternativa ao Mercedes-Benz S 300 h é o Jaguar F-Type Coupé 3.0 V6. Apesar do seu enorme motor precisar de 9,8 litros de gasolina para levar o carro a fazer uma centena de quilómetros, o seu preço permite amortizar a despesa de combustível ao longo dos quase 12 anos simulados. Custa 91.290 euros, o valor mais baixo na lista dos superluxosos.

SUV e todo-o-terreno. Dacia Sandero Stepway dCi 90

Esta é a terceira categoria em que a Dacia, a marca de baixo custo da Renault, vence. O Dacia Sandero Stepway dCi 90, que custa 16.200 euros, é a escolha mais inteligente para a maioria das famílias que buscam um utilitário desportivo. Este automóvel não é mais do que um normal Dacia Sandero artilhado: um interior enriquecido, proteção dianteira e traseira, para-choques em dois tons, faróis de nevoeiro, cavas de rodas alargadas, jantes de 16 polegadas, barras de tejadilho e uma maior distância para o solo.

Para quem usa pouco o automóvel, a versão a gasolina deste carro, o Dacia Sandero Stepway TCe 90, é uma solução também económica. A Dacia tem outra alternativa ao Sandero Stepway nesta gama: o Dacia Duster 1.2 TCe Pack. A Citroën, através do C4 Cactus 1.2 PureTech Live e do C4 Cactus 1.6 BlueHdi Live, também são utilitários desportivos que poupam na carteira do condutor.