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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Rio foi até Terreiro do Paço, entrou na Intimissimi e foi obrigado a virar à esquerda

Na arruada do Chiado, Rio foi a estrela: falou alemão, evitou a loja do Sporting e ouviu das boas por causa de Passos Coelho. No caminho esteve indeciso, mas acabou por virar à esquerda.

Rui Rio desceu a Garrett a liderar a arruada do PSD, mas ao chegar aos Armazéns do Chiado ficou meio indeciso. Na dúvida, descaiu para a direita, teve algumas hesitações, mas percebeu que o Rossio era para a esquerda quando a “onda laranja” seguiu pela rua do Carmo. Deve ter sido a primeira vez que o partido quis empurrar Rio para a esquerda quando ele estava a ir do centro para a direita. Durante a arruada, Rio explicava que “em Santa Catarina” já fez “muitas”, mas que esta era a primeira vez que descia “o Chiado em campanha”. A comitiva avançou muito mais rápido do que o habitual e, em vez de parar no Rossio — como tem sido hábito — foi até ao Terreiro do Paço. É esse o objetivo final de Rio.

Mas, primeiro, as Europeias. Rui Rio assumiu as despesas da rua, com mais turistas que portugueses, deixando Rangel descansar. Ainda na Garrett, o presidente do PSD voltou a falar alemão e perguntou a um turista de que partido era. O alemão respondeu que era do SPD — que é o partido irmão do PS na Alemanha –, ao que Rio ripostou que “era melhor se fosse da CDU“, partido da mesma família política do PSD e liderado por Angela Merkel.

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Rio seguia a sorrir e espirituoso. Como não havia muitos portugueses na rua, começou a entrar em lojas. Antes de entrar na Intimissimi, atirou: “Dificilmente vamos ver uma loja mais bonita do que esta”. Já na rua do Carmo, Rio levou com a herança de Passos. Uma mulher disse-lhe que o PSD “só quer ganhar para mandar os jovens emigrar”. O presidente do PSD disse-lhe: “Não diga isso”. Mas levou troco: “Sinto isso, porque tenho dois filhos lá fora. Não voto em ninguém, vocês são todos iguais e quem devia mandar no país eram as mulheres“. O comissário Carlos Moedas, que até aqui tinha estado calado, apoiou a reivindicação: “Ora nisso concordo consigo”.

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Uns metros mais abaixo, Rio explicava que percebe a crítica daquela mulher porque é “a ideia que fica nas pessoas”, mas que “com o tempo” e “na prática daquilo que vai ser o PSD as pessoas vão acabar por ter uma opinião diferente”. Sobre a arruada, Rio comenta que lhe “parece bem”, pois não sabe “quantos tão”, mas parecem-lhe “bastantes”. A mobilização do PSD esteve longe da de outros tempos e foram convocados deputados e funcionários do grupo parlamentar para aumentar a “onda laranja”. Mas em Europeias há sempre menos gente do que em legislativas.

Rio entrou também numa parafarmácia e confessou, apontando para uma embalagem, que toma “suplementos de Omega 3 desta marca” e que também toma “magnésio“. E complementou: “Ainda hoje de manhã tomei, tenho de tomar todos os dias senão não estava assim“. Rio foi abordado também por um homem que lhe disse que ele ia ter “mais de 50%” e falou com um brasileiro, que lhe disse que era do Rio. E o presidente do PSD perguntou, numa alusão à música Aquele abraço de Gilberto Gil: “E o Rio continua lindo, não é?

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Até ao fim, Rio ainda entrou numa loja de maquilhagem (“deixe-me ir a esta loja que é mais o meu género“) e evitou entrar na loja do Sporting (“aqui não, que isto aqui dá-me cabo dos eleitores do Benfica“). Foi também abordado por uma mulher que lhe disse que era do Basta e que era dissidente do PSD, ao que Rio respondeu com uma piada de algibeira: “Basta eleger um deputado”.

A arruada durou cerca de uma hora e meia e, ao chegar ao Terreiro do Paço, Rio enviou mais um recado para o governo PS, desta vez sobre falhas na Transtejo. “Ainda bem que agora não tenho de apanhar o barco para o outro lado, senão tinha de ficar aqui horas à espera”.

Moedas. Elogio a Costa? A culpa é dos jornalistas

No início da arruada, Carlos Moedas — que tinha elogiado António Costa numa entrevista ao Diário de Notícias um dia antes do início da campanha — tentou emendar a mão. Disse que estava naquela ação porque tem “uma grande convicção pessoal”, de que o PSD tem “o melhor candidato, a voz da Europa, que fala com todos os líderes e é a pessoa que em Portugal explica melhor a Europa”. Moedas disse ainda que “nem sequer há comparações” possíveis entre Rangel e Pedro Marques.

Sobre o facto de não ter aparecido, Moedas disse que nem sempre pode “dar uma ajuda física todos os dias” porque não vive em Portugal, mas que esteve “sempre presente, tanto no coração, como ao telefone”. O comissário negou ainda ter elogiado o primeiro-ministro António Costa, justificando que as “frases retiradas do contexto”. Moedas entrou na modalidade que entrou na campanha nos últimos dias: a culpa é dos jornalistas.

Rangel diz que vitória agora “estranha-se”, mas depois entranha-se

Sem atrasos, Paulo Rangel chegou de metro ao Chiado antes da hora. Ainda teve tempo de beber um café na Brasileira, onde está a estátua de Fernando Pessoa. No grande desassossego que tem sido a campanha, é no poeta que o cabeça de lista do PSD se inspiraria para o discurso na Cervejaria Trindade num almoço com militantes. Para mobilizar as bases, Rangel disse para os militantes não se preocuparem porque — tendo em conta o que passa na “bolha mediática” a vitória do PSD é “um sentimento que hoje se estranha, mas que domingo à noite se entranha“.

Francisco Pinto Balsemão que era suposto ser a principal figura de apoio ao candidato neste dia, adoeceu com uma virose intestinal e já não participou no almoço da Trindade. Rui Rio, que só ali ia para acompanhar o fundador, faltou ao almoço e comunicou que apenas iria descer o Chiado à tarde ao lado do candidato.

Apesar disso, o fundador do PSD não quis deixar de manifestar publicamente o apoio a Paulo Rangel e escreveu uma mensagem que será lida ao jantar, à qual o Observador teve acesso, onde defende o voto no PSD por ser o “que melhor contribui e contribuirá para que avancemos com a União Económica e Financeira e com a União Política. E, também, com um modelo social europeu justo e solidário”. Balsemão, que considera Rangel um “grande exemplo de que é possível dedicar-se e entregar-se a uma causa – neste caso, a Social Democracia e o PSD – sem se deixar envolver nas detestáveis tricas partidárias”, diz ainda que a lista do seu partido terá os “deputados mais competentes para a construção de uma Europa forte, capaz de rivalizar com os blocos americano, chinês ou russo”. Balsemão garante, por isso: “No Domingo, vou votar”. E acrescenta (sem surpresa) que o voto será no PSD.

Sem Balsemão ao almoço, falou o líder parlamentar, Fernando Negrão (que atacou o PS) e Nuno Morais Sarmento, vice-presidente, que foi ao palco dizer que é por Rangel que se vota no domingo. Foi uma espécie de speaker que apresentou Rangel e deu-lhe um abraço no palco, onde não teve mais que três minutos.

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Sarmento teve tempo para dizer que Rangel “tem sabido marcar bem a diferença entre quem lança confusão, e procura inventar notícias, e quem tem conhecimento quando fala de Europa e nos leva a sonhar Europa“. O vice-presidente do PSD pediu aos militantes para continuarem “serenos” e “sem medo” e se mobilizarem para votar no domingo.

Paulo Rangel também fez um discurso mais curto que o habitual, mas com o alvo do costume: “Temos hoje a maior dívida pública de sempre da nossa história e temos um nome para essa divida”. Qual é? “António Costa”. “Temos a maior carga fiscal de sempre e temos um nome para essa carga fiscal máxima”. Qual é? “António Costa”. “Temos um nome para o pior investimento pública da história e a pior execução de fundos”. Qual é? “Para esse não temos um nome, temos dois: António Costa e Pedro Marques”.

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Antes de Rangel tinha falado Fernando Negrão, que lembrou que há dois partidos entre os cinco principais que “são contra a União Europeia: “Bloco de Esquerda e PCP”. Mas que quem vê a campanha de ambos fica com a ideia errada de que “defendem a permanência na União Europeia”.

Fernando Negrão diz que há ainda “meio partido que não defende a União Europeia nos termos” em que o PSD defende. Esse partido, diz o presidente da bancada do PSD é o PS, pois “falta-lhe convicção e diligência para ser um defensor de facto da União Europeia”.

Negrão destaca que o PSD é “o partido mais europeísta, o que mais lutou na Europa e pelos fundos comunitários” e que o partido não pode estar pessimista porque “o PS não assumiu o seu lugar de partido europeísta”.

Rangel insultado no metro por “lamber as botas ao Costa”

Faltava o metro. Depois de comboio, helicóptero, bicicleta e barco, Rangel chegou esta quinta-feira de manhã ao Chiado através da linha azul do metropolitano. Parou a meio, na estação do Marquês de Pombal para fazer declarações à imprensa, e brincou a situação: “Só ainda não andei de trotinete, que parece que agora está na moda“.

O cabeça de lista do PSD fez a viagem metro antes da hora de ponta, só esperou três minutos pelo metro e a carruagem estava vazia. Não era a melhor forma de denunciar que há “pessoas de pé” e “sardinhas em lata” nos transportes como tem dito.

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Rangel diz que foi de propósito, que não faz “um número com isto ou com aquilo” e que não muda o horário da agenda só para dramatizar a situação. “Não é necessário estar numa altura em que o metro está lotado, porque todas as pessoas sabem que está lotado e tem muitos problemas.”

O cabeça de lista do PSD veio parte da viagem na conversa com o vice-presidente do PSD, Castro Almeida, e distribuiu alguns flyers e canetas, mas é claramente um meio de transporte com o qual não está familiarizado. Mas informou-se dos problemas e denunciou que o “grande estrangulamento a que está sujeita mobilidade urbana de Lisboa”. E apontou problemas concretos: como o facto de a “estação de Arroios está encerrada há dois anos” ou os dos “riscos do anúncio que está feito para a linha circular”.

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Rangel saiu para o cais da estação no Marquês de Pombal, a poucas paragens da Baixa-Chiado, para fazer declarações à imprensa. O Marquês de Pombal é o local onde se festejam as vitórias em Lisboa (não só futebolísticas, mas também políticas, como foi o caso da vitória do PSD em 2011). Mas a noite eleitoral do PSD é no Porto, onde as vitórias (clubísticas e políticas) se festejam nos Aliados. Sobre se conta ir ao Aliados no domingo, Rangel afirma: “Espero festejar e o festejo, em primeiro lugar, é um estado de alma interior em qualquer sítio em qualquer sítio que nos festejamos.” Mas acrescenta que “estando no Porto” o fará “no sítio próprio”, mas que o mais importante é “toda a confiança e que a vitória está perfeitamente ao nosso alcance.”

Rangel estava na viagem mais curta (aí o metro já demorou seis minutos e dez segundos e estava mais lotado) entre o Marquês e o Chiado e foi aí que teve os maiores problemas. Houve um homem que o abordou bastante exaltado e o ofendeu: “Andas as lamber as botas ao Costa? Vocês são todos iguais, PS, PSD, Bloco de Esquerda”, e daí partiu para uma profusão de insultos ao cabeça de lista do PSD. Depois dispersou e uns passos mais à frente abraçou efusivamente o presidente da concelhia de Lisboa: “Estás bom, andas a aturar este gajo?

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