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Bem-passados*:

* É assim em qualquer festival de música: há sempre artistas ou bandas que estão lá para reavivar boas memórias — o disco que ficou gasto de tanto rodar, a canção que ficou como banda sonora de um período que foi bem bom, as cantigas que resistiram ao tempo e ainda hoje movem corações. São, para esta metáfora gastronómica, os bem-passados.

Ornatos Violeta (5.ª, 20h45, palco NOS)

A reanimação assistida não é uma novidade para os Ornatos Violeta: em 2012, uma década depois do fim da banda (mais coisa, menos coisa), Manel Cruz e companhia voltaram aos palcos para recordar o legado deixado. Aquela que é uma das bandas portuguesas mais marcantes dos anos 1990 volta a juntar-se agora, passados sete anos, em três festivais de norte a sul — MEO Marés Vivas, no Porto, NOS Alive, em Algés, e Festival F, em Faro.

O mote para o regresso é os 20 anos do segundo álbum, O Monstro Precisa de Amigos. Pode discutir-se se novo regresso faz sentido depois de os temas “clássicos” já terem sido recuperados há sete anos, mas de certeza que em frente ao palco principal do NOS Alive, às 20h45 de quinta-feira, não estarão só os fãs de sempre mas também miúdos ansiosos por poder cantar finalmente a plenos pulmões “Chaga”, “Dia Mau”, “Ouvi Dizer” e “Capitão Romance”. Ansiosos, sobretudo, por poderem fazê-lo sem ser num karaoke embaraçoso ou no final de uma noite  bem regada. Eis um concerto para lembrar que há um fim que não apaga as boas memórias.

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The Cure (6ª, 0h10, palco NOS)

É provavelmente a banda que convocará mais gente ao Passeio Marítimo de Algés. Não será um cabeça de cartaz indiscutível, que mova corações como os Pearl Jam os moveram no ano passado, mas é uma banda com reputação quase inatacável e um passado de boas canções. Quantas bandas é que sabem fazer dançar como quem chora e que sabem fazer chorar como quem dança, digam lá? Pois é. Mas por prevenção é melhor levar cadeiras, que o concerto é capaz de ser longo, duas horas e meia mais coisa menos coisa.

Primal Scream (6ª, 19h50, palco NOS)

Bobby Gillespie, líder da trupe Primal Scream, bem canta nos concertos que o passado foi lá atrás, “I can’t go back / to the place I was before”, mas mesmo a canção já tem mais de dez anos… Por mais que a banda britânica continue a editar discos, alguns dos quais bons esforços de reinvenção como Chaosmosis (de 2016), é no passado que os concertos se centram, sobretudo no período que vai do início de carreira ao sétimo álbum, Evil Heat, de 2002 — com ponto de paragem, longo e obrigatório, no magnífico Screamadelica, que já tocaram na íntegra neste mesmo festival, em 2011.

Depois da atuação anterior no Alive, voltaram a Portugal em 2017 para o festival EDP Vilar de Mouros — e aterram agora de novo no Passeio Marítimo de Algés. Novidades não há muitas, festa haverá sempre. Pena o horário desajustado, demasiado diurno para a dança psicadélica que se impõe ao som de “Loaded”.

Johnny Marr (6.ª, 20h15, palco Sagres)

Tal como Bobby Gillespie e os Primal Scream, Johnny Marr não se tem conformado com os louros passados (no seu caso, pelo trabalho enquanto guitarrista da banda The Smiths) e tem insistido em tentar reinventar-se, com outras bandas, primeiro, e a solo, mais recentemente.

O motivo oficialmente invocado para as suas digressões recentes é a obra em nome próprio, que já deu origem a um trio de álbuns que cumpre os requisitos mínimos e não envergonha (The Messenger, de 2013; Playland, de 2014; e Call the Comet, de 2018), embora lhes falte o brilhantismo de outrora. O que leva gente aos seus concertos, porém, é sobretudo a nostalgia. Os concertos até doseiam com equilíbrio as canções gloriosas de outros tempos com temas mais recentes, mas o entusiasmo crescerá, claro, quando se ouvir “Bigmouth Strikes Again” e “There Is A Light That Never Goes Out”, temas imortais dos The Smiths que costuma tocar. Se tiver tempo e estiver com disposição, pode ser que se lance também a “This Charming Man”.

Grace Jones (6.ª, 24h, palco Sagres)

Caracterizar Grace Jones como cantora não seria só muitíssimo redutor, seria errar por completo na descrição. Supermodelo, produtora musical, cantora e atriz, Grace Berveley Jones é uma celebridade muito além da música. É, porém, como cantora e criadora musical que se apresentará no NOS Alive. Se a performance será seguramente também cénica e teatral, será a música de dança de “I’ve Seen That Face Before” ou “La Vie En Rose” a agitar Algés. Só há uma dúvida por tirar: corresponderá o concerto à fama do nome?

The Smashing Pumpkins (sáb., 23h30, palco NOS)

Depois de no início desta década terem sido presença habitual em palcos portugueses — entre 2011 e 2013 deram quatro concertos, dois dos quais no Campo Pequeno e outros dois em festivais, no Rock in Rio Lisboa e no Marés Vivas —, os The Smashing Pumpkins travaram a fundo. Feita um pausa, regressam agora a um festival que os recebeu em 2007, passado um ano de celebrarem três décadas de existência e passados seis anos desde última atuação em território nacional.

O melhor e o pior que se poderia dizer era que o alinhamento deste concerto seria só ligeiramente diferente da atuação de 2007. Como as últimas setlist têm variado consoante a duração de cada espetáculo, não é ainda possível ter a certeza do que aí vem, mas dificilmente não se ouvirão algumas canções (quiçá todas ou quase todas) entre “Zero”, “Disarm”, “Ava Adore”; “1979”, “Cherub Rock”, “Tonight, Tonight” e “Today”. Os êxitos resgatados aos discos dos aos 1990 são suficientes para entusiasmar uma geração e provocar cantoria nostálgica. Mas em 2019, dividindo protagonismo de cabeças de cartaz com Bon Iver e The Chemical Brothers (ambos com concertos recentes dados em Portugal), chegará para convencer o público sub-30?

Meio-termo*:

* Aqui não se trata nem de glórias passadas nem de novos talentos. É o meio-termo, os artistas e bandas já com alguns anos de música e reconhecimento mas que também (ou sobretudo) interessam por aquilo que andam a fazer agora — ou pelo menos nos últimos anos.

Sharon Van Etten (5ª, 18h50, palco Sagres)

O mote para o regresso a Portugal — cinco anos depois do concerto anterior, no Vodafone Mexefest — é o mais recente álbum, Remind Me Tomorrow. A crítica e a internet dividiram-se, entre o “disco chatinho” e o “isto parecia chato mas afinal é do caraças”. Não se espere alegria de uma mulher que cantava “Your Love Is Killing Me” como quem já viveu uma vida de amarguras, espere-se uma voz afinada, canções certinhas, dor na dose certa. É para ir ao tapete no fim de tarde.

Vampire Wekeend (6.ª, 23h, palco NOS)

Voltam a Portugal em ponto de rebuçado, em estado de graça depois da edição de um álbum amplamente elogiado pela crítica (Father of the Bride) e já seis anos depois da atuação anterior, que aconteceu precisamente no mesmo festival.

Se em 2013 foram remetidos ao palco secundário, em detrimento de escolhas como Steve Aoki, Green Day, Two Door Cinema Club, Kings of Leon, Phoenix e Tame Impala, o estatuto acrescido ganho com o novo álbum e com a rotação de canções mais antigas (como “Cousins”, “I Think Ur a Contra” e sobretudo “A-Punk”) nas discotecas, bares e gira-discos coloca-os como pontas-de-lança desta edição. Father of The Bride pode não ser um disco perfeito, até tem altos e baixos, mas a promoção do álbum foi perfeita, com uma escolha acertadíssima dos singles. É a banda certa no festival certo, a tocar no ano certo e no horário certo — quantas vezes isso se consegue?

Bon Iver (sáb., 21h20, palco NOS)

O álbum mais recente — 22, A Million — esteve longe de ser consensual e afrouxou o entusiasmo por aquilo que o cantor e guitarrista Justin Vernon, de Winsconsin, EUA, anda a fazer com a banda que idealizou. Mais eletrónico, mais experimental (afastado do formato de canção tradicional, verso-refrão, em que se notabilizara), mais desafiante e para muitos menos certeiro no esforço de mudança, foi esquecido em muitas listas de “melhores álbuns de 2017”. Foi, também, bem menos ouvido do que o anterior, Bon Iver, Bon Iver, de 2011.

Ainda assim, continuam a ser muitos os fãs acérrimos e os que continuam encantados por canções antigas como “Skinny Love”, “Calgary”, “for Emma” e “Towers” — encantados, em suma, pelo tom que Vernon usa para cantar, fazer música (mesmo quando eletrónica) e destilar histórias, o de barbudo sensível e sofrido que puxa pelos agudos. Há dois anos apresentou o último disco que editou no festival NOS Primavera Sound, no Porto. Agora, em vias de revelar um sucessor que “está para breve”, ruma a Algés para ombrear com The Smashing Pumpkins e The Chemical Brothers na mesma noite.

Thom Yorke (sab., 24h, palco Sagres)

Embora com um passado nos Radiohead que seria suficiente para o colocar na lista dos “bem passados”, ainda que o grande público o conheça sobretudo pelo vírus-grande canção “Creep”, o cantor e criador Thom Yorke está virado para tudo menos para o passado. Provou-o ainda recentemente, com a edição de um novo álbum a solo intitulado ANIMA.

Sobre camadas instrumentais eletrónicas, complexas e surpreendentes quase a cada momento, ora a apelar à contemplação e submersão (por vezes quase celestial, como em “I Am a Very Rude Person”) ora a dar ares de música para uma pista de dança muito sua, Thom Yorke vai cantando a espaços a distopia que imaginou no novo disco. Não é inteiramente reinvenção, embora não seja mais do mesmo. É, isso sim, mais um passo de evolução de um músico que tem permanecido sempre inquieto e difícil de arrumar na gaveta das “estrelas consolidadas dos anos 1990”. Sempre com o futuro na ponta dos dedos, na maquinaria eletrónica e na voz aguda, sempre com algo de novo para dizer, tocar e cantar. Discute-se na internet se o palco Sagres vai ser pequeno para ele, mas talvez até seja mais adequado à música que quer hoje mostrar ao mundo.

The Chemical Brothers (dom., 1h30, palco NOS)

Têm-se fartado de atuar em Portugal por estes anos — há três anos estiveram neste mesmo festival, no último ano estiveram no Rock in Rio — mas se regressam é porque têm cumprido com distinção a missão de pôr gente que vai a festivais de música a dançar a horas tardias.

É tão simples e eficaz quanto isto: não existem muitos a fazer música de dançar com a capacidade que os The Chemical Brothers revelam para encher um grande palco de um festival e agitar uma pista de dança gigante a céu aberto. Tom Rowlands e Ed Simons, os dois britânicos que levam as antigas raves Manchester no coração e integram este duo, têm-no provado nos últimos anos. O cardápio do novo disco, No Geography, editado há poucos meses e sucessor de Born in the Echoes (de 2016), é certeiro e coerente com a missão. Será uma bela forma de começar a madrugada de domingo no palco principal.

Fruta da época*

* Podiam ser os mal-passados, mas a metáfora da fruta de época é mais adequada: são talentos novos, ou emergentes ou recém-consolidados, que têm o futuro pela frente mas já interessam pelo presente. Chegam no momento certo mas hão-de voltar com reputação ainda mais sólida. São a fruta da época.

Jorja Smith (5.ª, 21h50, palco Sagres)

Cantora afinada, com soul eletrónico e groove na voz, Jorja Smith é um talento que deu muito que falar na internet (graças a singles virais) antes de se lançar à empreitada de compor e gravar um álbum completo. Isso aconteceu com Lost & Found, editado no verão passado, que indicia que Jorja Smith vai mesmo ser caso sério da música mundial.

Apesar de ainda procurar um estilo próprio que a distinga mais claramente da pop mexida com tons soul — a que alguns chamam novo R&B –, a capacidade vocal é óbvia, a sobriedade e bom gosto nos arranjos das canções denotam maturidade, a capacidade de amiúde acelerar o ritmo e disparar para o sítio certo (nomeadamente em “Lifeboats (Freestyle)” e “Blue Lights”, a última com rimas que têm a violência na mira) saúda-se. Eis um talento que vai a Portugal no tempo certo.

Emicida (5.ª, 22h50, palco Clubbing)

Tem um disco novo na calha, mas enquanto não o revela, o melhor é concentrarmos atenções no seu magnífico álbum de 2015, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa. Rapper e cantor, integrante também do projeto luso-brasileiro de hip-hop Língua Franca (que contou também com Capicua, Valete e Rael), Emicida é poeta de ruas, reinventor da música brasileira, talento da lusofonia. Já este ano, lançou um single com participação de Dona Odete, Jé Santiago e o rapper português Papillon.

Loyle Carner (5ª, 23h20, palco Sagres)

Talvez não atue no Passeio Marítimo de Algés com a t-shirt que envergou há uns dias no festival de Glastonbury — com a inscrição “I hate Boris”, numa referência pouco amigável para o candidato a líder conservador e primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson —, mas valerá a pena vê-lo. Autor de um hip-hop introspetivo, mais confessional e sensível do que o habitual para o género, com instrumentações soul e tom levemente jazzístico, é uma das promessas da música britânica e este ano revelou um recomendável segundo álbum, inttulado Not Waving, But Drowing.

Greta Van Fleet (6.ª, 21h20, palco NOS)

São uma reencarnação fresca do melhor rock que se ouviu nos anos 1970 ou uma cópia barata dos Led Zepellin e companhia a que se adicionam uns pós de produção musical moderna? O debate tem dividido ouvintes e internet, mas os Greta Van Fleet continuam-se mais ou menos a marimbar para isso: encontraram uma fórmula de sucesso, “não existe essa coisa de má publicidade” e por aí fora. É uma estreia que causa expectativa — talvez no concerto seja possível tirar dúvidas da autenticidade e originalidade que estes rapazes norte-americanos têm ou não têm.

Tash Sultana (6.ª, 21h45, palco Sagres)

Tem apenas 24 anos, mas alguma soul doce na voz. As canções — por exemplo de Flow State, o primeiro álbum completo que lançou no último ano — são difíceis de classificar, oscilando entre as cantigas suaves e mexidas, explorações instrumentais (tem um tema, “Seven”, em que passa cinco minutos sem cantar, a fazer música estranha) e temas mais ancorados na guitarra. A identidade está em construção, não está “mal passada” mas quase crua, mas talvez valha a pena seguir-lhe o rasto — já a partir desta sexta-feira, no Passeio Marítimo de Algés. Até porque “Can’t Buy Happiness”, single mais recente que saiu já depois do disco, parece um passo em frente rumo à consolidação artística.

Rolling Blackouts Coastal Fever (sáb., 17h45, palco Sagres)

Há qualquer coisa no sistema de abastecimento de águas australiano que forma gente para o rock. Os exemplos são vários, assim de cabeça com gente como os Tame Impala e Courtney Barnett na liderança (isto para não ir ao passado e falar de Nick Cave, que se calhar até tem mais influência na formação de australianos para o rock, mas essa discussão fica para outra ocasião). As últimas grandes vítimas da infeção com o vírus das guitarras foram os cinco elementos dos Rolling Blackouts Coastal Fever, grupo rock formado em 2013. Depois de dois EP (mini-álbuns) a apalpar terreno, lançaram no último ano o primeiro disco, Hope Downs, pela prestigiada editora Sub Pop. Rock simples q.b., direto q.b., notoriamente bem feito. O futuro está a passar por aqui.

Idles (sáb., 20h30, palco Sagres)

Quando em novembro do ano passado se estrearam em Portugal, escrevia-se aqui uma ode ao rock-estaladão que os Idles levam a cada palco: sempre diferente, sempre imprevisível, uma hora e meia de mistura de raiva e festa, não fosse a segunda uma forma de acalmar as hormonas da primeira.

O grupo britânico esteve recentemente a aquecer os motores para o NOS Alive no festival de Glastonbury e os vídeos da atuação que já pululam na internet não deixam margem para dúvidas: o futuro do rock passa por aqui, deve ser isto, mais desvairado que bem-comportado, mais capaz de provocar mosh que fazer erguer um sobrolho de aprovação. A hora é boa, o palco escolhido também, tudo faz sentido aqui. É melhor preparar caneleiras para os xutos e pontapés e preparar a boa disposição para o assomo de felicidade que aí vem.

Seleção nacional*

* Distribuídos por palcos mais discretos ou por horários mais diurnos do palco principal, eis uma comitiva nacional que interessa hoje e agora. É a seleção portuguesa.

Linda Martini (5.ª, 18h, palco NOS)

Os Vampire Weekend têm nos Linda Martini os seus melhores amigos, só ainda não sabem: na última vez que a banda norte-americana esteve neste festival, em 2013, os Linda Martini também já lá estavam. Agora, voltam a encontrar-se. A banda portuguesa afirmou-se na última década e meia como estandarte do rock nacional e tem já tem cinco álbuns completos editados (além de EP, ou mini-álbuns). Este concerto no NOS Alive deverá servir para relembrar o público nacional e alertar os muitos estrangeiros que estarão no Passeio Marítimo de Algés da qualidade das canções de Linda Martini, disco homónimo lançado no ano passado. Rock furibundo mas com letras poéticas e bem trabalhados, para ver logo às 18h, no primeiro dia, no palco NOS.

Ricardo Toscano (5ª, 19h50, Coreto by Arruada)

Embora só tenha editado o primeiro álbum em nome próprio, como líder de uma formação musical — o Ricardo Toscano Quartet, ou quarteto de Ricardo Toscano, que inclui ainda os instrumentistas João Pedro Coelho, Romeu Tristão e João Lopes Pereira —, há muito que é apelidado de grande promessa do jazz português. Cada vez mais uma certeza, é a grande estrela de uma comitiva de jovens músicos e bandas nacionais que se vão mostrar no coreto do NOS Alive.

Camané (5.ª, 20h e 22h, EDP Fado Café)

Embora esteja relegado para o palco EDP Fado Café, embora a sua música esteja em contraste com o indie-pop, indie-rock, hip-hop e eletrónica que se ouvirão nos restantes palcos, não será surpreendente se quem andar por recinto e passar próximo de Camané fique nas imediações do seu “cantinho” no NOS Alive. Não precisa de grandes apresentações: tem a voz que tem, canta os fados que canta, tem a pinta que tem e está tudo dito.

Stereossauro (6.ª, 1h15, palco Clubbing)

O DJ e produtor musical português vai ter a concorrência da sueca Robyn, que começará a sua atuação mais ou menos à mesma hora, mas tem trunfos que justificam a concentração de atenções. Os maiores ases estão nas canções de Bairro da Ponte, o álbum que editou este ano e que mistura gravações de Amália com batidas de hip-hop e música eletrónica (Holly e sobretudo DJ Ride assistem-no nesta missão), sons de guitarra (de samples mas também das mãos de Ricardo Gordo e The Legendary Tigerman) e participações vocais de fadistas (Camané, Ana Moura, Gisela João, Carlos do Carmo) e de cantores e rappers (Rui Reininho, Paulo de Carvalho, Dino D’Santiago, NBC, Ace, Plutonio, Slow J, Nerve, Chullage e Capicua). No concerto, levará três dos convidados do disco — Camané, Nerve e Chullage — ao palco.

Cristina Branco (6.ª, 20h40 e 22h20, palco EDP Fado Café)

Outrora uma das grandes fadistas deste país, hoje dedicada à interpretação de canções menos afadistadas, Cristina Branco estará na sexta-feira, ao início da noite, no palco EDP Fado Café. O alinhamento é um ponto de interrogação, havendo ainda a dúvida se, devido às características (desde logo o nome) do palco em que atuará, recuperará mais fados antigos ou centrará os dois concertos nas canções delicadas dos discos Menina (de 2016) e Branco (2018).

Plutonio (6.ª, 21h10, palco NOS Clubbing)

Incluído na programação delineada pela agência musical Bridgetown para o palco NOS Clubbing na sexta-feira, Plutonio concentrará muitos jovens — não só, mas sobretudo — no seu concerto, ao início da noite. Há bons motivos para isso: também rapper com talento para as rimas, destaca-se especialmente quando mistura hip-hop com cantoria. Temas recentes como “Meu Deus” e “Dramas & Dilemas”, mais confessionais e emocionais e compostos sobre uma base instrumental pensada ao detalhe, são Plutonio em cheio a acertar na mouche — e “Cafeína”, que gravou com DJ Dadda, a entrada do afro-pop nas rádios generalistas. O álbum sucessor de Preto e Vermelho, disco de 2016, está na calha. O concerto será por certo afinado.

Dillaz (6.ª, 22h30, palco NOS Clubbing)

Também escolhido no âmbito da curadoria da Bridgetown para o palco NOS Clubbing na sexta-feira, o rapper português Dillaz dará sequência ao hip-hop e ao ajuntamento de jovens por aquela zona do recinto. É um dos rappers portugueses a emergir nos últimos anos com maior sucesso e singles como “Gravidade” e “Clima” serão por certo cantados a plenos pulmões — mesmo que os rappers estejam neste festival relegados — ao contrário do que acontece noutros — a palcos mais discretos.

The Gift (sáb., 17h, palco NOS)

Altar foi o álbum que principiou uma colaboração dos portugueses The Gift com Brian Eno — e foi, também, um refrescamento numa carreira já longa da banda de Alcobaça. Este ano saiu Verão, o segundo álbum dos The Gift gravado com apoio do mago inglês da produção musical. As reações não foram extasiantes, mas as rádios e os circuitos internacionais de concertos têm estado atentos a uma banda que já dispensa apresentações. Este sábado, vão fazer a rotação do seu Verão ao NOS Alive.

Márcia (sáb., 17h30 e 19h10, palco EDP Fado Café)

Também relegada, tal como Camané e Cristina Branco, ao palco EDP Fado Café, Márcia assegurará bons finais de tarde com as suas canções delicadas e íntimas. “Tempestade” — do último disco, Vai e Vem, editado no ano passado —, “A Insatisfação” e “Bom Destino” — do álbum anterior, Quarto Crescente, de 2015 — e “Menina” (um dueto com Samuel Úria gravado no disco Casulo, de 2013) são pérolas que valerá a pena ouvir no NOS Alive.

Variações (todos os dias, às 23h30, 0h e 0h30, palco EDP Fado Café)

Pode ser estranho destacar uma banda de versões — ou, no linguajar corriqueiro, uma banda de covers —, mas esta não é uma banda de versões qualquer. Não se trata de um grupo tão eclético que recria dos êxitos brasileiros de Seu Jorge e companhia ao rock dos Pink Floyd ou The Doors, mas sim de grupo formado para o filme de homenagem a António Variações, que chega às salas de cinema nacionais em agosto. As canções — “… O corpo é que paga”, “Canção de Engate”, “Sempre Ausente” ou “Anjinho da Guarda” — são ótimas. No festival será possível ver a eficácia da banda, formada por Sérgio Praia (ator e cantor que interpreta Variações no filme), Vasco Duarte, David Santos e Duarte Cabaça e musicalmente dirigida por Armando Teixeira.