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MIGUEL A. LOPES/LUSA

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Vários hospitais da região de Lisboa registaram diminuição de consultas em 2023 (em contraciclo com o SNS)

Saída de médicos afetou recuperação da atividade assistencial em várias unidades de Lisboa e Vale do Tejo. O Hospital de Loures atingiu mesmo o mais baixo número de consultas dos últimos 10 anos.

O ano de 2023 ficou marcado por um registo histórico no SNS, que atingiu o maior número de sempre de consultas e cirurgias realizadas desde a sua criação, em 1979. No entanto, continuam bem visíveis as assimetrias geográficas, com um SNS a funcionar a velocidades distintas consoante a zona do país. Na região de Lisboa e Vale do Tejo, várias unidades hospitalares não só não acompanharam a tendência de aumento do número de consultas como até registaram uma quebra nesse indicador, em 2023, na comparação com o ano anterior, mostram os dados do Portal da Transparência do SNS, consultados pelo Observador.

Começando pelos dados nacionais, o SNS realizou cerca de 13 milhões e 273 mil consultas ao longo do ano passado, mais 3,7% do que em 2022 e mais 6,5% do que em 2o19, o último ano pré-pandémico. A região Norte surge destacada como a zona do país com mais consultas anuais: em 2023, realizou cerca de 5 milhões e 477 mil consultas (um aumento de 4% em relação a 2022), mais de um milhão de consultas acima da produção da região de Lisboa e Vale do Tejo. Em terceiro lugar, surge a região Centro, com 2 milhões e 423 mil consultas — mais 4% do que em 2022. Depois segue-se o Alentejo, com cerca de 478 mil (esta foi, de resto a região, que mais cresceu, ao registar um aumento de 9%). Já os hospitais do Algarve fizeram mais 333 mil consultas — um acréscimo de 4,1%, em linha com a média nacional.

Hospital Beatriz Ângelo foi o que registou maior diminuição das consultas

Se, por um lado, a região de Lisboa conseguiu aumentar a atividade assistencial neste indicador em 2023 (com um acréscimo de 2,8%, o mais baixo de todo o país), por outro lado, várias unidades realizaram, no ano passado, menos consultas do que em 2022. O Hospital de Loures foi o que registou a maior diminuição. Em 2023, esta unidade (que, então servia uma população de 280 mil habitantes, dos concelhos de Loures, Mafra, Odivelas e Monte Agraço) garantiu cerca de 226 mil consultas, o valor mais baixo dos últimos dez anos e 4,2% abaixo do registado em 2022. Se a comparação for feita com o período pré-pandémico, em que o Hospital Beatriz Ângelo era gerido em regime de Parceria Público-Privada (PPP), a diferença é ainda maior: nesse ano, foram feitas cerca de 2786 mil consultas, mais 21% do que no ano passado.

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Hospital  Beatriz Ângelo, Loures, 18 de janeiro de 2022. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Hospital de Loures regista diminuição das consultas pelo 2.º ano consecutivo e atinge mínimos da última década

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Ao Observador, o Hospital Beatriz Ângelo explica que a diminuição do número de consultas “se prendeu com o decréscimo de recursos humanos médicos”. No entanto, numa nota mais positiva, aquela unidade hospitalar lembra que, desde o início do ano, tem um “novo modelo de gestão”, que “traz algumas mudanças e melhorias no âmbito da contratação de profissionais”, desde logo com a oferta de vagas carenciadas para recém-especialistas em várias especialidades.

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Na capital, a única unidade a registar uma quebra foi o Centro Hospitalar e Psiquiátrico de Lisboa (o antigo Hospital Júlio de Matos), que fez, em 2023, pouco mais de 46 mil consultas, menos 1,2% (cerca de 500 consultas) do que no ano anterior. Neste caso, a tendência de diminuição não é novidade. Desde 2016 (e com exceção de 2020, o primeiro ano da pandemia) que esta unidade hospitalar tem vindo a registar uma quebra do número de consultas. O Observador questionou a Unidade de Saúde Local de São José (que, a 1 de janeiro, integrou este centro hospitalar), que esclarece que a diminuição é explicada com a maior articulação com os cuidados de saúde primários.

As primeiras consultas médicas registaram um aumento de 6,2% em 2023, salienta a ULS de São José, sendo que as consultas subsequentes caíram 2,2%, o que resultou “da saída de alguns médicos mas também de uma melhor articulação com os Cuidados de Saúde Primários”.

Falta de médicos afetou resposta em vários hospitais

Há ainda outras três unidades hospitalares com quebras inferiores a 1%. Na margem sul do Tejo, o Centro Hospitalar do Barreiro/Montijo realizou cerca de 166 mil consultas em 2023, menos 1250 consultas do que em 2022. Em resposta ao Observador, a atual Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho explica que a “redução se concentrou em duas especialidades, que sofreram particular pressão no ano de 2023, Cardiologia e Gastroenterologia“, responsáveis pela diminuição de mais de 3500 consultas no ano passado. Por outro lado, salienta esta ULS, o número de consultas de especialidades como Otorrinolaringologia, Neurologia e Radioterapia subiu mais de 20% em 2023.

Já o Centro Hospitalar do Médio Tejo (que agrega os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas) fez, em 2023, pouco mais de 178 mil consultas, menos 0,6% (cerca de mil) do que no ano anterior — quebrando, assim, a tendência de recuperação da atividade assistencial que se verificava desde 2021. Ao Observador, a ULS do Médio Tejo admite o decréscimo e esclarece que, “numa análise mais fina, houve um recuo de 5% ao nível das primeiras consultas, em comparação com 2022”, enquanto as consultas subsequentes aumentaram 2%.

Serviço de triagem do serviço de urgência do Hospital de Abrantes, Centro Hospitalar Médio Tejo (CHMT), em Abrantes, 28 de dezembro de 2023. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

No Médio Tejo, as saídas de um pedopsiquiatra e de um imunoalergologista deixaram os hospitais de Tomar e Torres Novas sem qualquer resposta

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

A diminuição das consultas é explicada pelos “constrangimentos nas equipas médicas, em especialidades com peso”, como Pedopsiquiatria e Imunoalergologia, que “estiveram sem médico ao longo de 2023” e que nos anos anteriores tinham sido asseguradas por até três especialistas. A ULS desvaloriza o facto de não ter sido igualado ainda o nível assistencial de 2019 no que diz respeito às consultas, salientando que essa realidade “tem de ser avaliada à luz da enorme quebra registada [devido à pandemia de Covid-19], não obstante o esforço de recuperação da atividade assistencial da consulta a um ritmo muito assinalável.”

No Hospital de Santarém, a evolução foi em toda a linha semelhante à do Médio Tejo. Depois da recuperação expressiva no pós-pandemia, o número de consultas diminuiu. Terá esta unidade hospitalar atingido o limite da sua capacidade de resposta programada? Ao Observador, a Unidade Local de Saúde da Lezíria (onde agora se insere esta unidade hospitalar e vários agrupamentos de centros de saúde) admite que a diminuição do número de consultas se deve “a fatores relacionados com que o momento que o SNS atravessa” e, no que diz respeito ao Hospital de Santarém, “à redução do número de médicos, por aposentação, por dificuldade de contratação e, em algumas especialidades, por necessidade de assegurar o serviço de urgência”.

A ULS da Lezíria garante, no entanto, que o conselho de administração tem feito “todos os esforços” para “captar novos médicos e fixar os profissionais que pertencem ao quadro”.

SNS já recuperou nível de consultas pré-pandemia, com região Norte a destacar-se

Apesar do registo negativo destas cinco unidades hospitalares, a maioria dos hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo conseguir aumentar as consultas em 2023, embora, na maior parte dos casos, de forma ténue. As exceções foram o Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte (que integra os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente) e o Hospital Garcia de Orta, que fizeram mais 40 mil consultas, cada um, em relação a 2022, o que corresponde a aumentos de 5,2% e 12%, respetivamente.

Hospital Garcia de Orta

Hospitais de Lisboa e Vale do Tejo fizeram mais 3% de consultas em 2023. Garcia de Orta teve a melhor performance: mais 12%

MÁRIO CRUZ/LUSA

Para além de terem realizado menos consultas do que em 2022, estes cinco hospitais/centros hospitalares de Lisboa e Vale do Tejo ficaram também àquem do número de consultas registadas em 2019. O Hospital de Loures tem o pior registo (menos 21% de consultas), seguido do Centro Hospitalar e Psiquiátrico de Lisboa (menos 15%), do Centro Hospitalar do Barreiro/Montijo (menos 9%), do Centro Hospitalar do Médio Tejo (menos 3%) e Hospital de Santarém (menos 2%).

Ou seja, ao contrário da maioria dos hospitais do SNS, estas cinco unidades hospitalares ainda não atingiram o volume assistencial pré-pandémico. Na região Norte e Centro, quase todas as unidades hospitalares já ultrapassaram esse patamar e algumas por larga margem. A norte, muitos hospitais estão já 10 a 12% acima do número de consultas feitas em 2019, entre os quais o Hospital de São João, de Santo António, de Penafiel, de Braga ou de Gaia.

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