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Porque há eleições antecipadas?

Porque o Parlamento falhou, em dezembro, a eleição de um novo Presidente da Grécia à terceira ronda de votações e, neste caso, a Constituição grega obriga à antecipação das eleições legislativas.

O Presidente é eleito por votação no Parlamento e não através de sufrágio direto. Os nomes que vão a votação são propostos pelos partidos e o escolhido tem de ser eleito por uma maioria de dois terços.

Caso falhe a aprovação de um nome por dois terços dos 300 deputados que compõem o plenário grego, há uma segunda volta em que um dos nomes tem de conseguir pelo menos 200 votos, mais uma vez.

Se nem à segunda for eleito o Presidente, há lugar a uma terceira ronda em que o número de votos exigidos baixa para 180.

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Como se chegou a esta crise?

O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, decidiu antecipar o voto no Parlamento para escolher um novo Presidente para a Grécia. Karolos Papoulias, de 85 anos, tinha mais dois meses no cargo mas Samaras quis convocar novo voto.

A justificação dada pelo primeiro-ministro foi a necessidade de criar estabilidade política para continuar o caminho de recuperação da economia grega, que, para o governante, estaria ameaçada pelo Syriza, que pedia constantemente eleições antecipadas, em especial depois de ter ganho as eleições europeias de 25 de maio.

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Quais foram os resultados das votações?

Só houve um candidato a votos: Stavros Dimas, um antigo comissário europeu, que foi proposto pela coligação governamental formada pela Nova Democracia de Antonis Samaras e o PASOK de Evangelos Venizelos.

A primeira votação aconteceu a 17 de dezembro e só 160 deputados votaram favoravelmente o nome de Stavros Dimas, quando eram necessários 200 votos.

Na segunda votação, a 23 de dezembro, a coligação ainda conseguiu mais oito votos, mas os 168 votos ainda estavam longe dos 200 necessários.

Na terceira e última votação, a 29 de dezembro, já eram necessários apenas 180 votos a favor, mas a coligação voltou a não conseguir mais que 168 e Samaras foi obrigado a convocar eleições legislativas.

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Quem ganha as eleições pode formar Governo?

O partido que for mais votado tem direito, antes de mais, a um bónus de mais 50 deputados à partida só por ter ganho as eleições, que os restantes partidos terão em função dos votos.

Se tiver maioria pode formar Governo, caso contrário terá três dias para negociar uma coligação com os restantes partidos.

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Quantos votos são precisos para a maioria absoluta?

No caso da Grécia, isto depende de vários fatores. Em primeiro lugar, não esquecer que quem ganha tem logo direito a 50 deputados extra (como medida para garantir a estabilidade política).

Os votos necessários ficam ainda condicionados ao número de partidos que tiverem mais que 3%, o limite mínimo para elegerem deputados.

Considerando estes dois fatores, um partido precisa de ter entre 35% e 40% dos votos para ter uma maioria absoluta.

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E se o vencedor não conseguir um acordo de coligação?

Se o partido vencedor não conseguir negociar uma coligação nos três dias a que tem direito após as eleições, o segundo partido mais votado terá também três dias para tentar formar Governo.

Caso o segundo partido mais votado não tenha sucesso, o terceiro partido mais votado ainda terá uma oportunidade antes de ser convocada uma nova ronda.

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E quem é que se espera que ganhe?

As sondagens mais recentes continuam a dar vantagem ao Syriza, o partido de esquerda que tem prometido rasgar com as políticas de austeridade que o país tem implementado desde, pelo menos, 2009.

No entanto, as sondagens não dão uma maioria absoluta ao Syriza, mesmo com o bónus de 50 deputados do partido vencedor. A Nova Democracia de Antonis Samaras surge em segundo lugar.

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Quem mais vai a votos?

Há um total de oito partidos que estarão nos boletins de voto grego no domingo, onde se incluem já o Syriza e a Nova Democracia.

To Potami Liderado por Stavros Theodorakis, o partido mais ao centro foi fundado apenas no ano passado mas já está a lutar pelo terceiro lugar com o Pasok. Stavros Theodorakis, de 52 anos, era apresentador de televisão e conta com uma lista de caras novas na política grega, que têm recebido apoio por este motivo da parte de gregos desiludidos com os partidos tradicionalmente conotados como sendo do arco da governação: o PASOK e a Nova Democracia.

Aurora Dourada Liderado por Nikolaos Michaloliakos, a Aurora Dourada é o partido fascista da Grécia e tem vindo a ganhar apoio desde 2o12. Os seus líderes foram acusados, há um ano, pela justiça grega de gerirem uma rede criminosa com ligação a crimes violentos, e muitos dos seus deputados encontram-se em prisão preventiva. O partido intitula-se como defensor do cidadão grego, mas quando foram conhecidas imagens dos seus líderes a usarem símbolos e fazerem gestos historicamente conotados com os nazis na Alemanha, o partido perdeu algum do apoio que tinha. Ainda assim, têm hipóteses de terminar em terceiro ou quarto lugar.

Partido Comunista É o único partido grande na Grécia que assume que à cabeça quer que a Grécia abandone o euro e a União Europeia, sendo opositor da política de austeridade desde o início, o que ainda assim não lhe deu grande crescimento nas intenções de voto.

PASOK Liderado por Evangelos Venizelos, um experiente governante. O ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro da atual coligação, já foi ministro de oito pastas diferentes, como das Finanças, da Defesa ou da Justiça. Agora, volta a liderar o PASOK, de centro-esquerda, numas eleições que podem ditar um dos piores resultados de sempre do partido, que perdeu grande parte da sua base de apoio depois de começar a implementar a austeridade no país, quando chegou ao poder em 2009. O Pasok arrisca-se a ter menos de 3%, o que implicaria não eleger qualquer deputado.

Gregos Independentes O partido nacionalista antiausteridade é liderado por Panos Kammenos, de 49 anos. Afastou-se da Nova Democracia quando Samaras deixou cair a sua oposição ao resgate, tendo continuado desde aí a fazer campanha contra o programa da troika, que consideram ser uma violação da soberania grega.

Kinima O Movimento dos Socialistas Democráticos foi lançado a 3 de janeiro por Georges Papandreou, que, aos 62 anos, tenta uma nova vida política. Papandreou foi primeiro-ministro entre 2009 e 2011, e é visto como o grande responsável pela implementação da política de austeridade. Foi ele que pediu o resgate à União Europeia e ao FMI, ainda em 2010. Agora, propõe reformar a zona euro e soluções conjuntas para a crise.

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Quando serão conhecidos os resultados?

As urnas fecham às 17h00 no domingo, hora de Lisboa e nessa altura já serão conhecidas algumas sondagens mais robustas.

Os primeiros resultados globais deverão ser conhecidos por volta das 20h00.

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Porque são estas eleições tão importantes?

A possibilidade de o Syriza sair vencedor no domingo tem deixado os investidores nervosos, mas especialmente os líderes europeus.

A promessa de avançar com uma reestruturação da dívida da parte do Syriza tem sido recebida com avisos do FMI, da Comissão Europeia e de alguns líderes europeus, de que haverá consequências caso a Grécia tente reestruturar a sua dívida novamente (seria a terceira vez, só na atual crise).

Os grandes bancos estarão já, segundo o WSJ, a fazer testes para a possibilidade de a Grécia sair do euro.

Por isso, o voto dos gregos será um voto na continuidade do caminho de austeridade que tem vindo a ser seguido, de cumprimento do compromisso com a troika – FMI, BCE e Comissão Europeia – com que se comprometeram para receber os 240 mil milhões de euros de resgate, ou o caminho proposto por Alexis Tsipras de aumento da despesa, de reestruturação da dívida e de uma renegociação com os credores.

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A Grécia sai da zona euro se o Syriza ganhar?

O Syriza garante que não tem essa intenção. O partido tem passado uma boa parte da sua campanha a tentar assegurar que não quer tirar a Grécia da União Europeia ou da zona euro, mas insiste no caminho da reestruturação da dívida pública.

Tsipras insiste que é do interesse de todos, incluindo dos credores, renegociar o resgate, mas a Grécia continua a precisar do empréstimo internacional, que os líderes europeus ameaçam suspender caso a Grécia não cumpra o prometido.