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O que é a terapia de casal?

É uma psicoterapia em que os dois membros de um casal fazem, juntos e em simultâneo, consultas com um terapeuta credenciado para isso, que pode ser psicólogo ou psiquiatra.

Uma relação conjugal saudável contribui para a nossa saúde e bem-estar, mas, muitas vezes, surgem problemas ou dificuldades que causam um grande mal-estar emocional e sofrimento psicológico a um ou ambos os elementos do casal.

A terapia de casal é um espaço seguro e de confiança, onde ambos podem falar abertamente dos problemas da relação, com o objetivo de os compreender e de os tentar resolver e, assim, melhorar a ligação e o bem-estar de ambos.

 

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Como são as consultas?

“As primeiras sessões são dedicadas a conhecer o casal, as suas dinâmicas, o seu contexto e as histórias familiares de cada um”, explica a psicóloga clínica e psicoterapeuta Margarida Godinho. Cabe ao terapeuta facilitar e promover a comunicação entre os parceiros, mas “mantendo-se sempre imparcial porque é o terapeuta do casal e não de cada um dos elementos individualmente”. Progressivamente, as sessões passam a ter um “foco em questões concretas, que são pensadas e trabalhadas em conjunto”.

No fundo, o terapeuta — como refere este documento da Ordem dos Psicólogos Portugueses — “pode ajudar o casal a melhorar as suas interacções, o seu padrão de comunicação e de expressão emocional, promovendo mudanças de comportamento positivas nas relações”.

 

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Quais são as principais questões dos casais em terapia?

É impossível listá-las a todas, mas são comuns temas como os relacionamentos extraconjugais, diferenças quanto a projetos futuros, questões sobre a gestão da vida doméstica, desejo sexual, desentendimentos quanto à forma de educar dos filhos ou de gerir as finanças comuns.

Margarida Godinho refere também, por um lado, que a influência da família de cada um pode criar conflitos adicionais e, por outro, que muitos casais chegam em fases de vida marcantes ou de transição, como o nascimento de um filho, a morte de um familiar ou a doença de um deles ou alguém próximo. Ou seja, em situações “que alteram a sua dinâmica e exigem ajustes na forma como se relacionam e apoiam”.

Apesar da variedade aparente de temas, a psicóloga clínica garante que muitos deles, “frequentemente, giram em torno de dificuldades na comunicação”.

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E que sinais indicam que seria boa ideia fazer terapia de casal?

Todos os casais podem beneficiar de terapia para melhorar a sua relação, mas há certos sinais que sugerem que será mais necessária. Entre eles, de acordo com Margarida Godinho, estão “a ausência de diálogo e partilha, discussões frequentes sem resolução, afastamento emocional, divergências sobre parentalidade e desinvestimento na relação”.

No entanto, não são estas questões em si que constituem os sinais de necessidade de terapia, mas sim a dificuldade em gerir e superá-las.

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Há vários tipos de terapia de casal?

Sim, tal como na psicoterapia individual, há vários modelos e teorias que usam um conjunto de conceitos e técnicas diferentes para fazer a intervenção. Entre eles encontram-se as abordagens cognitivo-comportamentais; as abordagens psicodinâmicas ou psicanalíticas; as abordagens humanistas, existenciais ou experienciais e a terapia familiar e intervenção sistémica. Além disso, cada psicoterapeuta tem também o seu próprio estilo profissional, com base nas suas características pessoais.

O melhor será falar com um psicólogo para perceber a diferença entre cada uma destas técnicas e qual a que ele pratica.

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É possível fazer psicoterapia individual ao mesmo tempo?

A terapia de casal é focada nos assuntos relacionados com questões específicas da relação. Por isso pode fazer sentido que um ou ambos os elementos do casal tenham seus próprios psicoterapeutas — o terapeuta do casal não faz psicoterapia individual aos membros dos casais que atende — onde discutem e refletem sobre questões ou problemas pessoais.

Na psicoterapia individual poderão, por um lado, abordar problemas que não dizem respeito à relação e, por outro, refere a psicóloga Margarida Godinho, “esta abordagem individual é sugerida quando os problemas pessoais de um dos parceiros afetam a dinâmica conjugal e pode ser crucial para resolver questões subjacentes que impactam a relação”.

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O objetivo da terapia é sempre “salvar” a relação?

Muitos casais recorrem à terapia com esse objetivo, quando a relação já está muito desgastada. Durante o trabalho que é feito nas sessões, por vezes alguns chegam à conclusão de que a melhor decisão para ambos é terminar a relação. “Esta conclusão não é necessariamente um fracasso da terapia”, diz Margarida Godinho. “Pode representar uma evolução na compreensão mútua e no reconhecimento das necessidades individuais e conjuntas.”

Ou seja, em algumas situações o terapeuta pode ajudar a preparar um final de relação saudável e sem mágoa, com questões resolvidas.

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Quer então dizer que, se a decisão for terminar a relação, a terapia também pode ajudar?

Sim. Quer essa decisão já esteja tomada antes, quer seja tomada depois de iniciar o processo, a terapia de casal pode ajudar muito a ter uma separação mais pacífica. Nestes casos, o objetivo é “ajudar os parceiros a comunicarem de forma eficaz, a resolverem as questões pendentes de maneira respeitosa e a estabelecerem um plano para o futuro que considere o bem-estar de ambos, ao mesmo tempo que fornece as ferramentas para que ambos os sigam em frente de maneira positiva e construtiva”.

Procurar terapia antes ou durante uma separação pode ser especialmente importante se houver filhos. “A capacidade de garantir uma transição tranquila para a separação, minimizando o impacto emocional nas crianças e mantendo uma coparentalidade saudável, é um dos benefícios significativos que a terapia pode oferecer”, garante Margarida Godinho.