Uma publicação viral sugere que Bill Gates, filantropo e fundador da Microsoft, comprou ações da Coca-Cola e, depois, ordenou que a fórmula da bebida fosse alterada para passar a incluir o RNA mensageiro (mRNA), que é utilizado em vacinas contra a Covid-19.

“Basta ver a propaganda da Coca-Cola sobre um só ADN. Estão a fazer isso introduzindo RNA mensageiro na comida agora, depois da vacina”, alega o post publicado em meados de abril no Facebook. Além disso, lê-se que Bill Gates também se tornou acionista da Heineken: “Nunca mais tomo essa cerveja”, escreve o autor da publicação.

Apesar de garantir não ser um “grande bebedor de cerveja”, o multimilionário adquiriu, de facto, 10,8 milhões de ações (no valor de 883 milhões de euros) da empresa Heineken Holding NV. De acordo com a agência Reuters, Bill Gates comprou as ações à mexicana Femsa, que tinha anunciado que estava a vender a sua participação na gigante holandesa de bebidas. A Femsa é uma das empresas que engarrafa e distribui bebidas da Coca-Cola.

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Porém, Bill Gates não comprou ações da Coca-Cola e o seu nome não aparece na lista de acionistas que está disponível no site da CNN Business. Em resposta aos rumores, foi publicada uma mensagem no site da Coca-Cola do Brasil (onde muitos conteúdos semelhantes têm vindo também a ser partilhados): “São falsos os vídeos que circulam nas redes sociais sobre uma teoria de suposta alteração da fórmula da Coca-Cola em associação com Bill Gates, para inclusão de ‘vacinas’ com mRNA.”

Além disso, a empresa garante que “todos os ingredientes” utilizados nos seus produtos são “seguros” e foram aprovados pelos reguladores, constando também dos rótulos das embalagens. Para clarificar as acusações de “propaganda” acerca de “um só ADN”, o Observador contactou a Coca-Cola, que ainda não prestou qualquer esclarecimento. Ainda assim, uma vez mais, no site da empresa no Brasil está escrito que essa é uma expressão usada na “comunicação interna para transmitir os seus valores aos funcionários”.

A última vez que terá existido uma mudança na fórmula tradicional da Coca-Cola foi a 23 de abril de 1985, há 38 anos. Na altura, explica a empresa, o intuito não era “criar a tempestade de protestos dos consumidores que se seguiu”, mas sim “revitalizar” a sua marca num dos seus maiores mercados, o norte-americano. Como as alterações não foram aceites pelo público, a Coca-Cola regressou à fórmula original menos de três meses depois, a 11 de junho de 1985.

Conclusão

Bill Gates comprou ações da Coca-Cola e vai incluir vacina Covid-19 na bebida? Não é verdade, uma vez que o nome do fundador da Microsoft não consta da lista de acionistas dessa empresa.

Além disso, a Coca-Cola já desmentiu os rumores ao garantir que “todos os ingredientes” utilizados nos seus produtos são “seguros” e foram aprovados pelos reguladores, constando também dos rótulos das embalagens.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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