Cinquenta e quatro anos depois das imagens que fizeram história com o primeiro passo do homem na lua, o tema continua a suscitar várias teorias e agora o nome do CEO da SpaceX e da Tesla, Elon Musk, surge como uma das pessoas que não acredita que isso alguma vez aconteceu.

São muitas as publicações que circulam nas redes sociais onde é afirmado que Musk disse que os americanos não foram à lua em 1969. No texto que é partilhado nestas publicações é referido que o empresário colocou dúvidas relativas ao nível de financiamento necessário para uma missão do género, que “ainda hoje é extremamente difícil de encontrar” para aplicar num programa espacial, segundo o texto. E também levanta dúvidas técnicas, relativas aos conhecimentos e tecnologias necessários que “ainda não existem”, refere o mesmo texto citado nestas publicações.

Em algumas das publicações divulgadas mais recentemente nas redes sociais com a mesma alegação consta um vídeo onde se ouve Elon Musk a dizer que “é difícil acreditar que poderíamos ter conseguido tal feito com a tecnologia disponível na época”. Esse momento não existe e a imagem foi editada a partir de um momento em que Musk aparece, com a mesma roupa e no mesmo cenário, a conversar com o CEO da Edison International, Pedro Pizarro — o que pode confirmar aqui, — e onde não afirma nada do que que consta nestas publicações.

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É público o objetivo de Elon Musk de levar uma missão espacial à lua — a própria NASA tenciona ir ao satélite natural da Terra em 2025 e este ano fará uma missão à volta da lua, a Artemis II — e já em 2019 dizia que em dois anos estaria preparado para o conseguir. Numa entrevista à revista Time, Musk dizia que podia “parecer uma loucura”, mas que estava convencido de que o ser humano poderia “aterrar na lua em menos de dois anos. Com um veículo sem tripulação acredito que poderíamos aterrar na lua em dois anos. Por isso, um ano ou dois depois poderíamos estar a enviar a tripulação” também. Ainda em abril deste ano, a SpaceX tentou colocar um dos seus foguetões em órbita, mas houve uma explosão e a missão foi concluída sem sucesso.

Nessa entrevista, Musk também falava num “regresso à lua”, tornando claro que não duvida da missão Apollo 11, que em julho de 1969 fez a primeira alunagem. “A Apollo 11 foi uma das coisas mais inspiradoras de toda a história da humanidade”, afirmava, duvidando mesmo “se a SpaceX existiria se não fosse a Apollo 11”.

Missão Artemis 2 da NASA à Lua marcada para novembro de 2024

E, ainda na semana passada, Musk falou num evento da SpaceX, sobre o balanço da atividade em 2023, sendo foi claro na afirmação (que pode confirmar ao minuto 54:15 do vídeo em baixo): “Muitas pessoas perguntam-me se fomos mesmo à lua e eu repondo que, ‘sim, fomos mesmo e na realidade mais do que uma vez’, mas a loucura é que passou mais de meio século desde a última vez. Isso é o que leva as pessoas a estarem céticas sobre uma ida à lua agora”. E voltou a reafirmar que “voltaremos lá em breve”.

Conclusão

Não existem registos de Elon Musk ter dito o que consta nas publicações partilhadas nas redes sociais sobre as suas dúvidas em relação à ida à lua em 1969.  O vídeo que foi partilhado, em algumas das publicações que circulam nas redes sociais, é falso, bem como as afirmações atribuídas a Musk sobre este assunto — cuja fonte original nunca é referida. As declarações do CEO da SpaceX sobre este assunto têm sido precisamente no sentido contrário e já por várias vezes falou publicamente no “regresso à lua”, mais de 50 anos depois da missão Apollo 11. Ainda recentemente, num evento da sua empresa de exploração espacial, afirmou de forma clara que o ser humano já foi à lua e que o seu objetivo é voltar a conseguir isso mesmo.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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