Uma publicação que está a circular no Facebook alega que a mulher de Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e principal conselheiro da Casa Branca, foi a responsável pelas autorizações de uso das vacinas contra a Covid-19. Isto a propósito do cargo que Christine Grady ocupa no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), enquanto chefe do departamento de bioética. Mas a afirmação é falsa: a aprovação do uso de emergência das vacinas contra a Covid-19 é feita pelo regulador norte-americano do medicamento (Food and Drug Administration, FDA na sigla em inglês) e não pelo NIH.

“Esta é Christine Grady. É a chefe da bioética do NIH. Trata-se da entidade que aprova medicamentos para a FDA. Este é o seu marido… Estão a começar a perceber?”, lê-se na publicação partilhada por um utilizador de Facebook. O post dá a entender que as vacinas contra a Covid-19 só foram aprovadas devido à relação entre os dois especialistas e ao cargo que Christine Grady ocupa no NIH, sugerindo um conflito de interesses.

De acordo o perfil de Christine Grady disponível no site do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, a especialista participa em investigações clínicas e estuda questões éticas na área da medicina. Mas não há qualquer indicação neste perfil ou em qualquer artigo ou entrevista de que a especialista tenha estado envolvida na aprovação das vacinas contra a Covid-19.

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A publicação alvo de análise neste Fact Check foi feita a 3 de janeiro. Mas já no ano passado vários utilizadores das redes sociais tinham feito esta alegação. Em maio de 2021, o próprio NIH emitiu um comunicado a desmentir a informação.

A doutora Grady não aprova a realização de qualquer protocolo de pesquisa e não intervém no processo da FDA para a emissão de autorizações de uso de emergência de medicamentos”, esclareceu o instituto, numa nota citada pela Associated Press.

Christine Grady já investigou, escreveu e publicou trabalhos sobre as questões éticas em torno da vacina contra a Covid-19, mas numa entrevista à revista Elle publicada em junho de 2020 descreveu o seu papel como sendo mais “concetual e empírico”.

A Food and Drug Administration, enquanto regulador norte-americano, é a entidade responsável por analisar e aprovar medicamentos antes da sua administração no país. Em dezembro de 2020, a FDA emitiu a primeira autorização de uso de emergência para uma vacina contra a Covid-19 — a vacina da Pfizer/BioNtech. No anúncio, não há qualquer referência à intervenção do NIH ou de Christine Grady.

Em momento algum a FDA indica que o NIH tenha tido algum tipo de decisão na aprovação das vacinas contra a Covid-19 atualmente administradas nos Estados Unidos. O NIH, tal como outras instituições de saúde, pode ajudar ajudar na investigação de medicamentos, mas não é envolvido na aprovação dos mesmos, tal como explica o Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver.

Conclusão

Falso. A mulher de Anthony Fauci, principal conselheiro da Casa Branca sobre a pandemia da Covid-19, não esteve envolvida na aprovação do uso de vacinas contra a Covid-19 nos Estados Unidos. Uma publicação de Facebook alega que Christine Grady foi a responsável por essa decisão, uma vez que é chefe do departamento de bioética do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), sugerindo assim que há um conflito de interesses.

Mas o NIH não é responsável pela aprovação do uso de medicamentos nos Estados Unidos. Essa decisão cabe apenas ao regulador norte-americano, a Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês).

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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