Há publicações a circular no Facebook que dão conta de que o Rei Carlos III terá uma esperança de vida de dois anos e que o cancro que lhe foi diagnosticado será no pâncreas. Estas informações não foram confirmadas por fontes oficiais da casa real. A instituição apenas partilhou com o público que o monarca tem um cancro, sem especificar onde, e que está a fazer tratamentos, sem também avançar quais.

Publicação de um utilizador do Facebook

Vários utilizadores partilharam um mesmo texto, quase sem alterações entre eles, e onde se pode também ler: “Rei Carlos III tem apenas dois anos de vida após diagnóstico de cancro. A imprensa inglesa avançou neste domingo, 24 de março, que após o diagnóstico de cancro no pâncreas, o Rei Carlos III tem apenas dois anos de vida, conforme revela o InTouch”.

A notícia do site InTouch com estas informações está publicada como tendo sido atualizada a 22 de março, e escreve que “fontes revelaram em exclusivo” qual o cancro e o tempo de vida do Rei, mas não esclarece quem são ou qual a sua origem.

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A publicação tem uma terceira parte: “O diagnóstico do Rei Carlos III, de 75 anos, foi revelado pelo Palácio de Buckingham a 5 de fevereiro. O monarca descobriu o problema de saúde depois de ter feito uma operação na próstata, no fim de janeiro.” Estas informações de contexto são verdadeiras. De facto, no dia 5 de fevereiro de 2024 a casa real britânica publicou no site da família real e nas suas redes sociais (Instagram e X) um comunicado do Palácio de Buckingham onde informava o público de que testes diagnósticos ao Rei identificaram “uma forma de cancro”. A descoberta foi feita na sequência do tratamento a um diagnóstico de próstata aumentada que levou o monarca a estar internado três dias no hospital privado London Clinic, na capital britânica, entre os dias 26 e 29 de janeiro.

“Sua Majestade começou hoje um programa de tratamentos regulares, durante o qual foi aconselhado pelos médicos a adiar deveres em público”, pode ainda ler-se no comunicado do palácio. O Rei deixou de comparecer em eventos, mas continuou com as suas habituais atividades de chefe de Estado que envolvem documentação. A informação partilhada pelo Palácio de Buckingham não revela qual o tipo de cancro que foi diagnosticado ao Rei. “Não serão partilhados mais detalhes nesta fase, exceto para confirmar que Sua Majestade não tem cancro da próstata”, confirmou o palácio, citado pela BBC. Não foram, entretanto, revelados quaisquer informações sobre o tipo de tratamento a que o soberano está a ser submetido.

O comunicado do Palácio de Buckingham terminava com a nota de que o Rei “escolheu partilhar o seu diagnóstico para prevenir especulação e na esperança de que possa ser uma ajuda para todos aqueles que, pelo mundo, são afetados pelo cancro”. Já no decorrer dos tratamentos, a casa real partilhou imagens do Rei em diferentes ocasiões, por exemplo, em audiências privadas e a ler algumas das milhares de mensagens que lhe foram enviadas depois de ter partilhado o seu estado de saúde. Foi também anunciado esta semana que o Rei estará presente na tradicional reunião familiar que acontece na Capela de St. George no Castelo de Windsor para o culto no domingo de Páscoa.

Comunicado do Palácio de Buckingham partilgada na conta de Instagram da Família Real @Instagram/TheRoyalFamily

No dia 20 de março foi noticiado que três funcionários do London Clinic tinham tentado aceder aos registos médicos privados da princesa de Gales, depois de Kate Middleton ter sido submetida a uma cirurgia abdominal em meados de janeiro naquela instituição. A imprensa britânica deu conta de que o hospital tinha aberto um inquérito e que os três funcionários enfrentavam “ações disciplinares”. O caso chegou ao Gabinete do Comissário de Informação (ICO, na sigla inglesa), a autoridade independente do Reino Unido que defende o direito à privacidade dos dados dos cidadãos, que confirmou ter recebido “um relatório de violação” e disse estar “a avaliar as informações fornecidas”. Uma vez que o Rei fez o seu tratamento à próstata no mesmo local, meios britânicos como a ITV e a Sky News, noticiaram dias depois que os registos médicos de Carlos III não tinham sido comprometidos na alegada falha de segurança.

Conclusão

É falso que o Rei tenha dois anos de vida pela frente por causa de um cancro no pâncreas, porque nenhuma destas informações foi confirmada por fontes oficiais. É verdade que a 5 de fevereiro foi divulgado que o soberano tem um cancro, que não é na próstata, e que está a receber tratamento para a doença, mas mais nada foi acrescentado desde então por fontes que se saiba estarem ligadas ao caso.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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