As eleições no Brasil continuam a ser tema, pelo menos nas redes sociais. Os brasileiros foram às urnas no dia 2 (dia da primeira volta) e, depois, no dia 30 de outubro, para elegerem o Presidente, mas também os deputados para o Congresso, o Senado e dezenas de governadores.

Agora, no Instagram, vários utilizadores estão a partilhar a teoria de que nestas eleições foram utilizados dois tipos de urnas, umas produzidas antes de 2020 e outras depois. As urnas têm supostas diferenças, além da data da sua produção: “As novas podem ser auditadas, as antigas não“, alega a publicação em análise, sendo que as urnas mais antigas teriam sido enviadas para o interior do nordeste brasileiro e apareceram com “zero votos para Bolsonaro“, algo que “na nova não acontece”.

A publicação explica ainda que as “urnas têm pelo menos 2 softwares com um algoritmo diferente que limita o número de votos para o 22 e libera para o 13, ou seja o código fonte já fazia a alteração na própria urna”. Aqui importa recordar que cada candidato a Presidente do país tinha um número. Lula era o 13, Bolsonaro o 22.

Por isso, a conclusão é só uma: “A fraude foi sistémica, não só nas urnas, nem só na apuração mas sim em TODO O PROCESSO desde o início. Lula foi só uma peça desse sistema.”

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Publicação no Instagram a alegar fraude eleitoral no Brasil

Publicação no Instagram a alegar fraude eleitoral no Brasil

Vamos por isso, aos factos. O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) emitiu um comunicado em que garante fazer auditorias nas urnas eletrónicas no Brasil desde 2002. Aliás, as urnas que os eleitores brasileiros usaram para eleger Lula da Silva foram as mesmas que os eleitores brasileiros usaram para eleger Jair Bolsonaro em 2018. Durante os anos, auditorias não faltaram:

Nesse período, esses modelos de urna já foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e cinco edições do Teste Público de Segurança (2012, 2016, 2017, 2019 e 2021)”, refere o TSE.

E como funciona a auditoria às urnas eletrónicas?

De acordo com a imprensa brasileira, os sistemas de votação do país passam por dois testes — um de integridade e outro de autenticidade. De acordo com o Tribunal Supremo Eleitoral, o Teste de Integridade simula uma votação normal, no próprio dia da eleição, e representa “uma espécie de batimento, cuja finalidade é verificar se os votos digitados na urna eletrónica, com base em votos prévios marcados em cédulas de papel, são os mesmos que foram contabilizados pelo equipamento”.

Já o Teste de Autenticidade foi realizado antes da primeira e da segunda mãos das eleições de 2022. O TSE assegura um “procedimento público” que acontece “em tempo real, antes do começo da votação”.  O objetivo do Teste de Autenticidade é comprovar que cada urna eletrónica tem instalado os sistemas oficiais de da Justiça Eleitoral.

São testes realizados há 20 anos, sendo que em 2022 foi também realizado um teste de biometria para verificar a impressão digital dos eleitores.

A Globo escreve que o Tribunal de Contas da União analisou três mil boletins de voto e não encontrou nenhuma divergência.

Conclusão

É falso que as urnas no Brasil não tenham sido auditadas e é igualmente falso que tenham sido produzidos dois tipos de urnas e que apenas os equipamentos produzidos depois de 2020 tenham dado votos a Jair Bolsonaro. O Tribunal Supremo Eleitoral do Brasil realiza dois tipos de testes para fazer auditoria às urnas eletrónicas e ambos são realizados no dia das eleições. Uma prática que o Brasil mantém há 20 anos, sem que tenha havido uma exceção para estas eleições.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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