A guerra entre Israel e o Hamas arrasta-se há mais de oito meses e diariamente vão circulando nas redes sociais vídeos e imagens sobre o conflito e as condições de vida que se deterioram na Faixa de Gaza. Recentemente, um vídeo alegadamente captado no enclave palestiniano tornou-se viral, com vários utilizadores a relatar que retrata uma criança palestiniana a contorcer-se em sofrimento por causa dos bombardeamentos israelitas.

“Esta rapariguinha está assim de traumatizada por tantos bombardeamentos”, pode ler-se como legenda em várias publicações em que são partilhadas as imagens. Mas foi realmente gravado na Faixa de Gaza?

O vídeo original parece ter origem na conta de Tik Tok “mrwan0096170341018”, que tem atualmente 52,7 mil seguidores. Foi publicado pela primeira vez no final de março deste ano e partilhado novamente no final da semana passada. É acompanhado por uma legenda, em árabe, seguida dos hastags Líbano, Síria, Palestina e Turquia.

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Na mesma página pode encontrar-se dezenas de outros vídeos da mesma criança. Em alguns clips, a rapariga surge a brincar, noutros aparentemente a ter ataques epiléticos. Esse é, pelo menos, o diagnóstico que é referido em documentos médicos partilhados também em árabe na página, segundo uma tradução para português.

O mesmo documento refere que a menor terá nascido em 2017, na Síria, não sendo claro se ainda lá reside. É assinado pelo médico Mazen Hammoud, do Ghazza Center, na localidade de Chtoura, no Líbano.

A maior parte dos vídeos da página de Tik Tok são acompanhadas por pedidos de oração pela criança doente: “Oh Deus, cure a minha filha”; “Se Deus quiser, a minha voz alcançará aqueles de bom coração, ó Senhor”; “Ó Senhor, cure e cure todas as doenças que afligem os muçulmanos”.

Conclusão

Nada indica que o vídeo terá sido captado na Faixa de Gaza. Pelos documentos médicos partilhados na página de Tik Tok onde o vídeo tem origem, tudo indica que a criança estaria a ter um ataque epilético. Além disso, os mesmos registos apontam que terá nascido na Síria e estará a receber tratamento num centro médico no Líbano.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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