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“Está mesmo na altura de falarmos sobre isto.” |
“Isto” é a saúde mental e há um ano que o Observador dedica uma secção exclusivamente ao tema, a que chamámos precisamente Mental. Com presença constante na homepage do jornal, na antena da rádio, nas plataformas de podcast, no YouTube e nas redes sociais. |
E, temos vindo também a descobrir pelo feedback que nos tem chegado, presente também nos corredores de hospitais. E nas salas de espera dos consultórios. E nos centros de saúde. E nas unidades de saúde familiar. E nas unidades de cuidados na comunidade. E entre médicos. E entre psicólogos. E nas escolas. E nos tribunais. E entre alunos de medicina. E entre pacientes. E entre pessoas “comuns” com profissões que nada têm a ver com saúde, justiça ou educação, mas que vão olhando cada vez mais para o tema da saúde mental como um todo e não como “coisas só afetam alguns”. Sobretudo os próprios. Ou o vizinho do lado ou o colega do emprego. |
A frase “está mesmo na altura de falarmos sobre isto” tornou-se assim, para a equipa que faz o Mental, uma espécie de assinatura. Ou um mantra. Uma máxima que está permanentemente nas nossas cabeças e que até usamos para rematar os vídeos que mensalmente lançamos nas redes sociais com algumas novidades. |
Desde que lançámos o projeto, a 6 de março do ano passado (este foi o primeiro artigo), temos de facto vindo a falar cada vez mais sobre saúde mental. O tema está ainda longe de ter toda a atenção que merece e que reflete o impacto na saúde pública – e nem o período de campanha eleitoral em curso muda isso – mas sentimos que já contribuímos um pouco para a redução do estigma. |
Em outubro do ano passado vimos parte do nosso esforço ser reconhecido pela Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, que nos atribuiu duas distinções nos Prémios de Jornalismo em Saúde Mental. No mês seguinte foi a vez de o Observatório do Ciberjornalismo nos atribuir também um galardão. |
Ainda assim, e por muito que isto possa parecer uma frase feita, a verdade é que embora gostemos de receber prémios e nos entusiasme ver o nosso trabalho considerado, o maior reconhecimento tem vindo mesmo da parte do público. Os nossos leitores e ouvintes – os tais que falam dos nossos artigos – e que nos fazem chegar tantas opiniões favoráveis sobre a forma como abordamos os temas. A linguagem acessível que utilizamos. As vozes a que damos eco. Os profissionais a quem recorremos para perceber melhor esta ou aquela doença, este ou aquele problema, esta ou aquela solução. |
Já recebemos e-mails de médicos que admitiam que passaram a entender melhor uma doença mental depois de lerem uma reportagem nossa. Ou de leitores que têm os mesmos sintomas que alguns dos nossos entrevistados e, dessa forma, sentem-se menos sozinhos. Ou de professores que partilham as nossas reportagens entre os alunos e esperam que, assim, eles conversem entre eles sobre temas que os angustiam. Já lemos comentários que nos deixaram com um nó na garganta. E outros que nos deixaram de olhos molhados. |
E, claro, também já lemos e ouvimos críticas. Algumas fazem-nos corrigir um ou outro artigo, outras fazem-nos repensar esta ou aquela abordagem. E há outras ainda que nos fazem perceber que estamos mesmo a chegar a muita gente. Esta reportagem que fala de um projeto “que não foi o primeiro em Portugal” porque alguém já tinha pensado naquilo uns anos antes. Ou aquele explicador que toca num tema de forma correta mas não vai ao detalhe do detalhe para prever todas as variações possíveis. Ou aquele serviço daquele hospital ou centro comunitário que é muito bom mas o outro é ainda melhor. |
Em 12 meses de Mental, já publicámos mais de 150 reportagens, entrevistas, artigos de opinião ou explicadores em vários formatos e em várias plataformas. São cerca de 3,5 milhões de visualizações e leituras, escutas e downloads num conjunto alargado de trabalhos sobre ansiedade, depressão, burnout, hiperatividade e défice de atenção, trauma, Perturbação Obsessivo-Compulsiva, Perturbação Bipolar, perturbações de comportamento alimentar, luto, raiva, adição ou insónia, entre muitos, muitos outros desafios de saúde mental. |
Às vezes falamos de doenças, outras vezes falamos de prevenção. Há reportagens em que nos focamos nos sintomas, outras em que abordamos os tratamentos. Há entrevistas em que recorremos aos maiores especialistas nacionais nesta ou naquela patologia, outras em que ouvimos vozes desconhecidas que estão a desenvolver novas abordagens a velhos problemas. |
Há dias em que temos a noção que estamos, aos poucos, a contribuir para reduzir o estigma em torno da saúde mental. E outros, quando nos deparamos com realidades duras, em que nos sentimos bastante fatigados porque sabemos que há ainda muito por fazer para acudir, informar, ajudar e mudar mentalidades em torno da saúde mental. |
Mas aos poucos vamos lá. E com a sua ajuda também. Obrigado. |
Entretanto, estes são alguns dos mais recentes artigos que publicámos no secção Mental: |
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