Este ano de 2020, vai ser celebrado o “Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira” aprovado em declaração pelos Estados Membros, da Organização Mundial da Saúde (OMS), na 72ª. Assembleia Mundial, realizada em Genebra entre os dias 20 e 28 de Maio/2019.

Segundo o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus “os Enfermeiros são a espinha dorsal de todo o sistema de saúde”.

Quando a OMS toma a iniciativa de assinalar e de celebrar este ano dedicado aos Enfermeiros, tem claramente como objectivo, alertar o mundo e os decisores políticos, para a falta e consequentemente a necessidade destes Profissionais de Saúde.

O papel e a importância da Enfermagem é de tal forma relevante que levou a OMS a reconhecer que são necessários no mundo mais de 9 milhões de Enfermeiros e parteiras, até 2030, para que a cobertura universal em saúde seja alcançada.

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Perante toda esta realidade, este ano de 2020, continuará Portugal a ver os seus bons Enfermeiros a emigrar, tal como aconteceu em 2019 com um número recorde? De acordo com o veiculado “mais de quatro mil Enfermeiros solicitaram à Ordem dos Enfermeiros a declaração para efeitos de emigração em 2019, um número recorde que triplica em relação a 2017 e representa um aumento de 64% face a 2018. A Ordem dos Enfermeiros contabilizou, em concreto, 4506 solicitações do certificado de equivalência para exercer no estrangeiro, contra os 2736 de 2018 e os 1286 em 2017.” (Fonte OE).

Lembrar aos mais distraídos que os Enfermeiros Portugueses possuem um saber científico muito evoluído. Um saber sustentado na prática e na investigação científica. Um saber científico, associado a várias disciplinas do saber, preocupado com a evolução, melhoria e qualidade dos cuidados a prestar ao comum cidadão doente/limitado, no sentido de lhe proporcionar mais qualidade de vida, melhor qualidade de vida, melhores anos à sua vida, melhor reabilitação e melhor reintegração na vida activa, quando o caso.

Estes Enfermeiros que o Governo despreza e os faz emigrar, são Enfermeiros brilhantes que produzem e partilham o seu saber, as suas investigações, as suas publicações, com outras classes profissionais numa transdisciplinaridade da ciência, onde acontece o cuidar em Saúde, de toda uma intervenção, na vida hospitalar, nos cuidados primários e na Comunidade/Social. São estes trabalhos, publicações e comunicações dignas de referências ao mais alto saber do “campus” da ciência e da investigação, nas ciências médicas, sociais e económicas, que atribuem qualidade internacional à Enfermagem Portuguesa.

Perante este riquíssimo saber, produzido por Enfermeiros Portugueses, saberá, esta nossa Nação, este nosso Estado, este Governo, da existência deste conhecimento? Saberá que este conhecimento, investigação e técnicas, são postos todos os dias ao serviço dos Cidadãos, com vista a melhorar a sua qualidade de vida? Penso que não!

A visão, particularmente dos governantes e poder político, está demasiado limitada e com amplitude reduzida para perceber isso. Como não percebe, como não valoriza, como não conhece, não está disposto a ser confrontado com esta realidade e, por isso, também não está disposto a remunerar de forma proporcional estes valiosos Enfermeiros, pelo trabalho que realizam, em toda a amplitude de intervenção do ciclo vital do Cidadão. E é pena que assim seja. Muita pena! Porque muitos destes brilhantes Enfermeiros, vão fronteira fora, partilhar os seus valiosos conhecimentos em países que melhor os acolhem, reconhecem, gratificam e criam condições de continuidade de trabalho e investigação. E por isso não voltam. Infelizmente em Portugal, os Enfermeiros continuam a reivindicar uma revalorização da profissão, contagem justa de anos e anos de serviço e progressão. Mas o Governo continua com a acuidade auditiva diminuída.

Um dia não muito longínquo, o nosso País vai pagar bem caro, esta “exportação” de Enfermeiros.