5 dias depois não resisto a partilhar esta história que tive a sorte de viver na 1a pessoa. Há 5 semanas Hamilton ganhou de forma brilhante o Grande Prémio do Brasil e foi nesse dia que tomei a decisão de tentar dar ao Diogo, meu 5º filho o melhor presente de anos e de Natal que ele podia ter: irmos juntos ao último Grande Prémio que se iria disputar em Abu Dhabi e poder ver ao vivo a merecida consagração do seu ídolo Max Verstappen ou o fantástico novo record de 8 títulos para Lewis Hamilton. Conseguimos lugares na bancada da curva 5 porque as mais apetecíveis com os principais pontos de ultrapassagens já estavam vendidas.

No Domingo chegámos ao circuito 5 horas antes do início da corrida e desfrutámos do ambiente e actividades pré-corrida rodeados por uma onda de holandeses e ingleses numa proporção para ai de 5 para 1. Acenámos aos pilotos que passaram por nós numa camioneta de caixa aberta e os nossos sentidos ficaram totalmente despertos quando os carros passaram pela 1a vez por nós antes da corrida. Já tinha saudades daquele barulho.

dr

Foram 5 os momentos decisivos numa corrida que começou às 5 horas locais:

1 Logo no arranque e para surpresa de muitos, Hamilton acabou por passar para a frente e aparece na nossa curva em 1º lugar seguido de perto por Verstappen…vamos ter emoção na próxima recta.

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2 Pouco depois e ainda nessa volta assistimos pelo ecrã gigante a uma tentativa de ultrapassagem e o maior medo que tínhamos, que era o de haver um choque entre os dois logo no início, foi felizmente evitado. Os holandeses exigiam e acreditavam numa penalização a Hamilton por ter fugido pela escapatória e até ganho tempo com isso mas a organização da prova nem quis analisar o caso. Depois foi acompanhar com alguma angústia ao gradual afastamento de Hamilton num carro que se notava ser bem mais estável que o de Max.

3 Até que chegámos ao momento alto do mexicano “Checo”, no seu dia de N Sra de Guadalupe, companheiro de equipa que já tinha sido fundamental na qualificação e que voltou a brilhar a atrasar Lewis Hamilton, o que envolveu ser ultrapassado e voltar a ultrapassar duas vezes e uma condução absolutamente genial já com pneus muito gastos. Os segundos que Versptappen aqui recuperou foram fundamentais para o futuro da corrida porque impediram que Lewis Hamilton pudesse trocar de pneus sem ser ultrapassado. No entanto, Hamilton depressa recuperou o seu ritmo e as hipóteses para Verstappen foram-se esfumando. A entrada do “virtual safety car” permitiu a Versptappen uma segunda mudança de pneus mas depois a 5 voltas do fim e cerca de 11 segundos de atraso já só um milagre poderia tirar o título a Hamilton.

4 Os já meus amigos holandeses começavam a pensar na próxima temporada… até que se dá o choque de Latifi e a entrada do “safety car” para nosso gáudio e de todos os fãs de Verstappen, menos o pessimista ao meu lado que dizia que a corrida já não iria recomeçar (eu acho que era mais para não criar falsas expectativas). Para o confortar eu disse-lhe que bastaria uma volta e que tinha a certeza que a organização tudo iria fazer para que esta houvesse. O problema eram os 5 carros que estavam entre os 2 candidatos ao título. Não havia maneira de os mandar avançar? Com o tempo a esgotar-se surge no ecrã a imagem que todos ansiavam: os números 44 e 33 lado a lado: íamos mesmo ter a tal volta de corrida!

5 A polémica estava instalada e nós lá dentro tivemos a sorte de não ouvir os protestos e as queixinhas e estávamos apenas colados ao ecrã gigante até que se sentiu um frisson quando os 2 surgiram na nossa visão a serpentear vertiginosamente a caminho da “nossa” curva 5 mas não tão coladinhos assim que tornasse previsível uma eventual ultrapassagem. O ambiente estava elétrico na nossa bancada e a euforia dos ingleses tinha passado a um enorme nervosismo e o contrário no caso dos holandeses (nessa altura o meu filho e eu já fazíamos parte dessa nação). A espetacular ultrapassagem que aconteceu a uns 20/30 metros de nós foi um momento para a história que nos levou ao total delírio a começar no meu filho que nem quando o Sporting ganhou o campeonato tinha visto tão feliz. Max !! Max !! Max !! Foi na nossa curva!! Foi na nossa curva!! Abraçados aos ombros dos nossos vizinhos cor-de-laranja ainda sofremos com as duas desesperadas tentativas de Hamilton para voltar ao 1º lugar (que assustaram dado o precedente de Sergio Perez) mas depois foi uma tal onda de festejos e abraços (levámos todos PCRs negativos) que nem vimos Verstappen a passar por nós, “Oh my Lord, Yes, Yes, oh my God!” e quando olhamos para a pista só se via um enorme fogo de artifício. Será que isto aconteceu mesmo ou foi um sonho? Ainda tive uma entrevista em direto na Rádio Observador e só me apetecia que todos os amantes de F1 estivessem ali comigo (um deles, o meu pai, mesmo já cá não estando sei que esteve).

dr

Passados 5 dias ainda dou comigo a sorrir a pensar no que assisti, grato por ter tido este privilégio e agora aguardo ansiosamente pela nova temporada de F1 e também de “Dirigir para Viver” da Netflix para reviver estes momentos inolvidáveis. Viva a F1!

Escrito 5 dias depois