Qualquer professor se questiona de vez em quando sobre qual a utilidade das suas aulas. Quanto perderão os alunos se perderem uma aula? Devo dizer que eu, enquanto estudante, quando tive essa liberdade, ou seja, na universidade, era selectivo com as aulas a que ia. Havia dois professores que eram tão maus que, em vez de ir às suas aulas, preferia ir para a biblioteca estudar a matéria que estavam a leccionar. Mas, claro, em média, era preferível ir às aulas. E eu lá ia a bastantes, na verdade.
Mas a questão mantém-se: qual o impacto de um dia sem aulas? É, notoriamente, uma questão cuja formulação é bem mais simples do que a sua resposta, mas sem esta é impossível estimar o prejuízo que uma greve de professores causa aos alunos. Há uns anos, o professor da Universidade de Toronto Michael Baker publicou um artigo no Canadian Journal of Economics onde estudou o impacto das greves dos professores nos resultados dos estudantes. Usou dados sobre 100 greves de professores que aconteceram ao longo de 30 anos. Diga-se que estas greves eram a sério e não daquelas que mais parecem servir para aproveitar uma ponte. Em média, cada uma das paralisações durou 19 dias, havendo algumas que duraram mais de 50 dias.
Para estimar o efeito das greves, Baker socorreu-se de uma estratégia bastante engenhosa. Estudou a evolução das notas dos alunos em exames que ocorrem no 3º e no 6º ano de escolaridade. Estudou essa evolução em anos em que houve greves e comparou com anos sem greves. Os resultados foram concludentes, especialmente em Matemática, ficando demonstrado que os alunos que tinham apanhado com greves (volto a lembrar que estamos a falar de greves bastante longas) tinham performances significativamente piores.
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