Temos de cuidar da natureza. Temos de cuidar da natureza que há em nós, do que somos. Para isso precisamos primeiro de ver, ouvir, sentir. Vivemos muitas vezes numa realidade virtual; não só por termos os olhos fixos nos ecrãs de computador ou telemóvel.

O ambiente das nossas cidades, dos nossos locais de trabalho, muitas vezes é uma realidade virtual, um mundo mais surreal do que real, sem espaço nem tempo para a contemplação. Precisamos de parar para ver a natureza que nos rodeia, ouvi-la, senti-la. Reparar na beleza de uma árvore, de um animal, dos próprios seres inanimados que nos rodeiam.

Também precisamos de voltar o olhar para nós próprios e dar-nos conta da natureza esplêndida que têm os seres humanos. Depois de ver a natureza é preciso reconhecer as suas leis e regras.

A natureza é frágil. Não podemos fazer o que queremos com ela. Já comprovamos como é fácil estragá-la, destruindo ecossistemas, poluindo de diversas formas. Mas se nos confinarmos às suas leis, podemos criar maravilhas sem a destruir, acrescentando à natureza a arte que a inteligência nos dá.

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A nossa natureza humana também tem as suas leis, e não podemos fazer com ela o que quisermos. Vale a pena pararmos um pouco e meditarmos na extraordinária beleza que constitui o nosso ser. O corpo que é cada um de nós, com as suas diversas partes, com as suas funções, numa harmonia fantástica. O nosso espírito, com a sua impressionante capacidade criativa, a inteligência, a capacidade de abstração.

Sem esta contemplação da nossa natureza humana, podemos facilmente descuidar as regras que a regem. Podemos atropelar o nosso ser humano, no seu corpo ou no seu espírito. Podemos destruir ou deformar órgãos e faculdades. Como com os outros seres, temos de nos conformarmos à nossa natureza, aceitá-la, aprender dela, amá-la.

As nossas tentativas de destruição podem levar a uma resposta brusca da natureza, avassaladora. E temos a degradação de terrenos, o desaparecimento de águas, o avanço do deserto, o esgotamento de recursos. A nossa natureza humana tem mais dimensões, e podemos destruí-la no corpo e no espírito. Pode ser que quando nos perguntarmos “O que fizemos?!”, já seja tarde demais.

A natureza é também resiliente. Tem capacidade de adaptar-se às asneiras que fazemos, de recuperar, quando lhe permitimos. O que não muda são as suas leis, as regras que a regem. Por isso, as tentativas de redefinir o ser humano, mais tarde ou mais cedo chocam com a realidade de que a sua natureza é imutável.

Naturalmente.