A tap1 é um STV2. Embora isto não seja referido nos estatutos da empresa é facilmente comprovável da análise do seu ciclo de financiamento, refletido nas suas contas3 ao longo dos últimos 50 anos. O transporte aéreo é uma fachada que encobre, mas potencia, a transferência. O objetivo desta é proporcionar uma justa remuneração a diversas categorias de serviçais do regime através de salàrios, prèmios e negòcios de fornecimento.

O montante destas transferências corresponde, grosso modo, aos recorrentes lucros4 negativos da empresa. Os prejuízos5 –se é que assim se pode referir aos resultados de uma empresa pública— fazem diminuir o fundo de transferência, usualmente denominado como o “capital da tap”, que tem de ser regularmente resposto através de injeções adicionais de dinheiro do estado, ao que se chama na gíria “aumentos de capital”. Os fundos usados nestas transferências adicionais proveem dos impostos, sendo que o iva e o irs são as principais fontes.

O esquema é, apesar de tudo, bastante simples. Quando vamos às compras o caixa cobra-nos 23%, que vão para o Tesouro, parte dos quais são depois transferidos para a tap, e que são finalmente pagos a quem os merece devido à sua prestação de um serviço à causa pública que ainda não tinha sido devidamente remunerado. Fica, assim, feita justiça. Alternativamente, quando o patrão nos paga o salário, retém irs, entrega-o ao estadu, que o transfere para a tap, que o distribui pelas girls & boys.

A função principal de um STV, é bom frisá-lo, é remunerar denudados servidores públicos através de um canal subsidiário, não alternativo, à remuneração estatutária e, usualmente, post-servitium6. Embora a tap seja mantida solúvel somente devido a desempenhar, como nenhuma outra entidade, esta função de STV, essencial para o normal funcionamento da nossa re pública, por vezes acontece contratar pessoas sem serviço público prévio e sem vínculo, aparente ou real, ao ps/d, entidade que funciona como central de distribuição & validação destas transferências.

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Parece ter sido este o caso de Alexandra Reis7. Erro na seleção? Talvez não, possivelmente sim: mesmo nas melhores organizações os tipos do HR fazem erros infelizes8. Mas o motivo da comoção causada pela disclosure de que teria recebido cerca de 500.000 euros pela rescisão do vínculo contratual que tinha com a tap permanece um mistério.

Será que a relação de Alexandra Reis com a tap era regida por contrato livremente lavrado entre as partes, e que esse contrato estabelecia indeminização no montante que lhe foi pago? Ou sim, ou não. Se sim, qual é o problema? Alexandra Reis não terá então recebido mais do que lhe era devido em justiça.

Se não, a relação entre as partes estaria sob a alçada da lei geral do trabalho? E estando, o pagamento dos 500.000 euros violou alguma das disposições dessa, ou de outra, lei? Se não tiver violado, qual a razão da histeria?

Se violou, a culpa é de quem? Terá a tap pago sob ameaça & coação de Alexandra Reis? Terá esta contratado a Brigada Rostov para alguma reunião com conselho de administração? Se assim for compreende-se o escândalo, e Alexandra Reis devia ter sido demitida—e não só demitida, mas presa e julgada e condenada por ameaça à integridade física de seres humanos inviáveis fora do ventre estatal. Se não, se a tap tiver pago de livre vontade, porque lhe quis e apeteceu, então é possível, mas não é seguro, que haja motivo para indignação. Mas não com Alexandra Reis. A questão então é: porque pagou a empresa os 500.000 euros? Por hábito? Ou terá Alexandra Reis pedido?

É possível que a tap tenha pago os 500.000 euros porque Alexandra Reis os pediu com um “sff”. Mas desde quando é ilegal pedir? Não o faz o nosso governo regularmente nas reuniões da EU? Ou, será que não é moral a uma trabalhadora pedir dinheiro à entidade patronal mesmo quando, ou especialmente quando, esta está em condições financeiras difíceis?

Primeiro, note-se que a tap nunca esteve, não está, nem nunca estará em condições financeiras difíceis enquanto tiver a garantia de que o estadv, e o ps/d, precisam de um STV a sério. A transferência dos cidadãos para o Tesouro, e daqui para a tap está assegurada, pelo menos enquanto o ps/d ganhar eleições, sendo que a capacidade de a empresa pagar balúrdios sem comprometer a sua sustentabilidade não pode legitimamente ser posta em causa.

Segundo, se pedir mais dinheiro a um patrão endividado até ao tutano for imoral, porque é que a fenprof, o sintap, o stfpsn, a cgtp e o resto da malta o fazem regularmente, e às claras, e ninguém se chateia9? Parece que, ou há moralidade, ou comem todos.

Terceiro, se a imoralidade estiver, não tanto no estado financeiro da entidade pagadora, mas no valor obsceno do montante pedido, porque é que tantos profissionais e gestores, públicos e privados, pedem valores semelhantes ou superiores ao de Alexandra Reis e ninguém diz nada? Serà por ela ser mulher10? Ou será por não ser filiada11? E a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Modo, de Tempo, de Número, de Pessoa, de Grau & de Género12,13 não investiga & não faz nada?

Quarto, Alexandra Reis pode ter pedido, com um sff, mas a tap podia ter recusado. Porque o não fez? Não tendo Alexandra Reis praticado qualquer forma de coação sobre a empresa, do tipo da que o estadu nos faz com os impostos, a imoralidade do pagamento é todinha da parte da tap. Ou não? Assim sendo, não deveria a tap ser demitida das suas funções de companhia de bandeira antes de Alexandra Reis o ser de Secretária de Estadv?

Quinto, se a função de um STV é a transferência de fundos do estado para alguns dos seus mais insignes servidores, e se essa transferência se faz na tap à escala de centenas de milhões de euros anualmente, onde está a imoralidade de uma mísera transferência de meio milhão para uma pessoa que iria receber um salário de miséria nas suas importantes funções como Secretária de Estadu do Tesouru?

Aqui valerá a pena fazer uma pausa para felicitar a nação tuga. Se por um lado o escarcéu que este incidente causou parece ser injustificado, ele parece indiciar um desenvolvimento importante e muito positivo na nossa sociedade: a redescoberta da moralidade. Afinal parece que a moralidade é importante, na tap e na cama, e que não é uma simples questão de “I do me & you do you” e não me chateies com o assunto. Parece que afinal os portugueses descobriram que hà padrões universais válidos de moralidade. Na tap, e na cama.

O que levanta uma questão. Enquanto a relação de Alexandra Reis com a tap parece ter sido uma relação consensual, em que parece não ter havido coação de parte a parte, que dizer da prática usual e pública da sra. presidente de um importante organismo público de levar as suas cadelas pretas para o “trabalho” e de “pedir” aos funcionários públicos afetos ao dito organismo, suas subordinados hierárquikas, para que as levem a passear & que cuidem delas durante as horas de serviço destes e de despacho daquela? Não será isto nepotismo puro e duro? E não será este um abuso muito mais vergonhoso que o dos 500.000 euros de Alexandra Reis? E ninguém se demite?

U avtor não segve a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreue coumu qver & lhe apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. tap: transtornos aventuras e percalços, sarl, companhia pública portuguesa, a mais importante STV nacional, especializada em oferecer uma vasta gama de experiências memoravelmente desagradáveis, especialmente em terra mas também no ar, conhecida pela sua pontualidade nos atrasos, previsibilidade nos cancelamentos inesperados & consistência na não devolução da bagagem à chegada; a sua liquidação seria um desastre para a nossa identidade & national branding, já que é a organização que melhor representa a nossa simpatia, competência e eficiência nacional a nível internacional.
  2. STV: acrónimo para Special Transference Veicle. VET14 em português.
  3. Contas: calão usado em meios empresariais e governamentais para referir relatórios contabilísticos15 ou financeiros.
  4. Lucro: impureza empresarial; prazer imoral que segundo o Business Roundtable desvirtua a atividade empresarial.
  5. Prejuízo: aquilo que sofremos antes de ganhar juízo, como a nacionalização da tap demonstra; o resultado esperado na gestão pública; perda16 do que ainda não foi ganho; evidência de produto ou serviço inadequado às necessidades dos consumidores em empresas privadas e investimento no futuro em empresas públicas; título de conhecido poema do Pe. Mário Centavo (Versos Soltos, in Opera Omnia, vol. 88, 1921):
    Prejuizo
    Aqui jaz o nosso ministro primeiro,
    Cuja perda foi o nosso ganho,
    Pois enquanto nosso grande timoneiro,
    Todo o nosso prejuízo nasceu do seu ganho.”
  1. Post-servitium: uma espécie de post-facto.
  2. Disclosure: Alexandra Reis foi, há cerca de duas décadas atrás, aluna deste lexicógrafo num master; depois disso só se cruzou esporadicamente com ele, a última vez em 2021, cada um devidamente mascarado, & apenas trocando os cumprimentos da praxe; este Sussurro avalia-a como tendo sido excelente aluna, mas não a pode a julgar profissionalmente, por falta de observação direta, ou moralmente, por motivos do foro religioso.
  3. Errare humanum est,: erros acontecem unicamente no capitalismo e nos mercados, que são sistemas humanos; nunca no socialismo ou na economia planeada, ou apenas devido a desvios ideológicos ou a infiltrações burguesas, que são fragilidades humanas num sistema que não o é; segundo Séneca (4 aC-65dC), se errar é humano, continuar a votar socialista então é diabólico: “…perseverare autem diabolicum”.
  4. Chatear: dar chá a quem prefere café, uma característica de suciedades, guvernos e pulíticos sucialistas.
  5. Mulher: bicho que vive nas imediações dos homens, mas que não é domesticável; aquilo para que, segundo o poema de Peter Motteaux (1663-1718), com música de Henry Purcel (1659-1695) (“Man Is For the Woman Made”, Z605, 3, Deliciae Musicae, Vol. III, 1696), o homem foi feito:
    Man, man, man is for the woman made,
    And the woman for the man;
    As the spur is for the jade,
    And the scabbard for the blade,
    As for the digging is the spade,
    As for liquor is the can,
    So man, man, man is for the woman made,
    And the woman for the man.”;
    a questão de se as diferenças entre mulheres e homens são acidentais ou essenciais ainda não se encontra resolvida, mesmo após várias gerações de filósofos e biólogos peripatetas se terem debruçado sobre assunto; a jurisprudência17 moderna desconhece a definição do termo, e põe em dúvida se essa entidade existirá realmente fora dos laboratórios de biologia; termo usado por S. Gabriel na saudação angélica, e por este lexicografo nas suas obras, para designar o conjunto de toda a humanidade.
  6. Filiado: (do latim filius) considerado como filho; protegido e alimentado como filho; membro de um partido político que ainda não obteve aquilo para que se filiou. Curiosamente, no caso dos warxistas do ps/d e be, apesar de os filiados nunca serem desmamados, nunca são considerados inviáveis ou parasitários. O mesmo não acontece no pcp, que purga com alguma regularidade, sempre que ocorre uma obstipação interna, warxistas que se desnaturaram. O termo “purga” é indicativo, na sua grafia e estética, de como o partido considera a natureza dos seus militantes. Certamente também é indicativo, se bem que involuntariamente, da natureza coprostásica da dita organização e da ideologia que professa. Um warxista famoso, Leon Trotsky (1879—1940), depois de ser purgado teve a cabeça aberta com uma picareta. Fica a dúvida: para que servem a foice e o martelo? Trotsky não foi o único a ter este fim. O que demonstra que os warxistas, na sua luta contra o bom, o belo e o verdadeiro na Humanidade, não só tratam as pessoas como porcos, mas se relacionam ente si como suínos.
  7. Género: o sexo das palavras; segundo a teoria de género, o feminino (e.g., a polícia) é repressora do masculino (e.g., o crime), e não apenas repressora, mas também exploradora (tal como nas relações empresa-trabalhador, mulher-marido, tap-cliente, etc) e outras coisas feias.
  8. Comissão para a Cidadania e Igualdade de Modo, de Tempo, de Número, de Pessoa, de Grau & de Género: polícia da moralidade gramatical e da equidade frásica, mais conhecida como a MTNP2G+; enforcer de uma construção ideológica do burguesismo euro-americano que faz chineses e congoleses rirem-se desalmadamente.
  9. VET: veículo especial de transferência; mecanismo de remuneração de girls e outros estadistas que, abnegadamente, prestaram ou, menos frequentemente, espera-se venham a prestar serviços de excecional valor ao estado pelos quais não foram, ou não serão, adequadamente remunerados pelos salários regimentados no Diário da República; estiveram em uso também na estranja, mas ultimamente caíram fora de moda; o que levanta a questão: Qantas vezes mais o nosso estadu ainda injetará dinheiro na tap?
  10. Contabilidade: a ciência e arte de gerir receitas & recursos no melhor interesse do gestor, seja do público ou do privado; a abilidade de fazer as contas com esse propósito.
  11. Perda: privação do que se teve, tem, ou se poderia ter ou vir a ter mas nunca se teve nem se terá; o termo é usado no primeiro sentido quando se fala da independência nacional, no segundo quando nos referimos ao nosso rendimento (bruto) do trabalho, e no terceiro quando se faz referência ao bom senso e sabedoria do prof. Marcelo.
  12. Jurisprudência: tipo de prudência que permite o contorno legal da Lei com toda a segurança ou, para praticantes mais avançados, o ir contra a Lei sem se magoar; no entanto, a jurisprudência não consegue evitar uma noda negra no corpo a quem vá contra uma mesa ou tropece numa pedra nem, na opinião do sr. Sócrates, na alma a quem choca com a Justiça ou com a Verdade.