Portugal vai acolher… “migrantes de Marrocos”, “jovens marroquinos”, “refugiados marroquinos”, “marroquinos ilegais”… – Dispostos assim os termos quem tem coragem para questionar este “acolher”? Há lá alguém que não queira ser acolhedor?! Para mais e para tranquilizar algum espírito mais inquieto logo as notícias nos informam que já em 2007 um episódio semelhante aconteceu em Portugal. Nada de preocupante portanto. Infelizmente não é assim. O mundo mudou muito nos doze anos que separam estes dois desembarques de imigrantes na ilha da Culatra.
Esquecem-se, por exemplo, os jornalistas de informar que em 2007 os agora designados como migrantes eram considerados imigrantes e todos eles no final de Janeiro de 2008, à excepção de duas mulheres, já tinham sido deportados para Marrocos. Em 2019 já não se fala de imigrantes mas sim de migrantes ou mais estranho ainda de refugiados não se percebendo a que título se pode falar de refugiados neste caso, pois Marrocos não está em guerra nem ali aconteceu nada que justifique o aparecimento de refugiados. Note-se que ser considerado imigrante ou refugiado não é indiferente em matéria de obrigações para o país que os acolhe.
A profissionalização do tráfico é também evidente nos doze anos que separam estes desembarques no Algarve: em 2007, um passador organizou a viagem e desembarcou os 23 imigrantes na ilha da Culatra. Em 2019, um barco de maiores dimensões terá embarcado não só os candidatos à imigração (agora chamada migração) como várias embarcações precárias. Quando os traficantes consideraram oportuno fizeram baixar essas embarcações. Os candidatos a imigrantes entraram nelas e assim fizeram o que lhes faltava da viagem. Tranquilo regressava a Marrocos o navio que os trouxera até meio caminho.
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