O Presidente da República interrogou-se sobre a falta de interesse dos jovens pela política. Meu caro Professor Marcelo Rebelo de Sousa, os jovens estão preocupados com o seu futuro, com o nosso país, com a Europa e até com o mundo. O problema é que os políticos não os inspiram nem sequer impõem respeito ou admiração.

Os jovens não olham para a democracia com a urgência das gerações que cresceram durante o Estado Novo. Nesse sentido, são privilegiados porque não sabem o que é viver numa ditadura. Esse privilégio contribui para a abstenção, mas não julgo que seja um problema grave. Pelo menos, não devemos dramatizar.

Mas a abstenção dos jovens também se explica por razões mais negativas. Muitos deles não acreditam que o seu voto faça alguma diferença. Os meus filhos já têm idade para votar e pela primeira vez votaram os três nas eleições europeias, sobretudo pelo sentido de dever e de responsabilidade, mas sem grande entusiasmo. Como disse um deles, “Pai não há grandes diferenças entre o António Costa e o Rui Rio, e mesmo a Assunção Crista também não é muito diferente.“ Esta observação não tem a ver com diferenças entre direita e esquerda. O problema é que muitos jovens olham para os políticos e os partidos como fazendo parte de um status quo onde não há inovação nem inspiração.

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