Terminou a XXVIII Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJ) que decorreu ao longo de seis dias e onde vimos a forte mobilização dos Jovens em peregrinação e festa, pura expressão da Igreja universal, num momento forte de evangelização do mundo juvenil. O desafio que a JMJ lançou aos jovens para construir um mundo mais justo e solidário é aberto a todos, estejam mais próximos ou mais distantes da Igreja. O Programa Oficial foi, como acontece sempre neste tipo de ocasiões, meticulosamente preparado, com todos os momentos cerimoniosos dezenas e dezenas de vezes ensaiados e testados para que tudo corresse em perfeição.

E foi isso que constatamos. Goste-se ou não, seja-se crente ou não. A JMJ correu muito bem!

Tenho para mim que o Papa Francisco é uma pessoa sui generis na medida em que é um homem bom, simples, de linguagem fácil e de proximidade, que diz o que tem de dizer, sem rodeios. Fá-lo com um sorriso doce e na pura convicção de que é sempre possível alterar o estado de coisas, se os homens a isso se predispuserem. Carismático, ele é um agregador de consensos e opiniões divergentes.

Com a citação bíblica escolhida para lema desta JMJ «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39) o Papa Francisco convida todos os jovens a levantar-se e a apressarem-se a viver o chamamento de Deus e a proclamar a Boa Nova; e a não se conformarem, porque quem se conforma morre por dentro; e a serem resilientes e irem à luta. E aos que pelo caminho vão cedendo, porque às vezes erramos na vida, isso não significa fracasso, é normal, o problema é ficar caído, devemos ajudar a levantá-los: “o único momento em que é legítimo olhar uma pessoa de cima para baixo é quando estendes a tua mão para ajudá-la a levantar-se.

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Haverá mensagem mais bonita e inspiradora para deixar os jovens de todo o mundo?

Ao mesmo tempo que convida todos a abrir o coração a Jesus, ao humanismo, à solidariedade e o companheirismo: Todos tivemos pessoas que foram raios de luz: pais e avós, padres e freiras, catequistas, animadores, professores… são as raízes da nossa alegria. Abre o coração “só há uma coisa grátis, o amor de Jesus”.

Os verbos são sempre de ação, hoje e agora! Levanta-te e Ergue-te. Abre o coração e Ama Jesus.

Quanto à educação, deixa um desafio à Universidade e às novas gerações, para saírem da bolha do conformismo já que “a universidade que se comprometeu a formar as novas gerações, seria um desperdício pensá-la apenas para perpetuar o atual sistema elitista e desigual do mundo com o ensino superior que continua a ser um privilégio de poucos”. De contrário o conhecimento não tem utilidade para ninguém.

Numa sociedade em falência, onde milhares de jovens, adultos e idosos vivem o desencanto, a desesperança e a solidão (e a solidão mata, devíamos preocupar-nos) os discursos do Papa Francisco são calorosos e envolventes, apelam à coragem dos mais novos e ao amor por todas as pessoas, devemos amarmo-nos a todos porque: “quem ama não fica de braços cruzados, quem ama serve e quem ama corre a servir, corre a se empenhar no serviço aos outros”. É preciso priorizar a inclusão, numa altura que alguns consideram ser de inconformismo e mesmo de tristeza. E na Igreja, casa de Jesus, há espaço para todos, todos, todos. Saímos destas jornadas cheios de amor, humildade e com entusiasmo para viver a vida sem deixar ninguém para trás. Coração aberto para acolher todos, com esperança nos jovens que são o presente e o futuro, e gratos pelas nossas raízes, os nossos avós, os mais velhos que nos mostraram o caminho da Fé.

O Papa Francisco é um líder comunicacional com grande capacidade de organizar suas ideias e as desenvolver de forma assertiva, numa mensagem eficaz e que inspira as pessoas ao comprometimento desejado com vista a alcançar um resultado superior. Ele é um exímio mensageiro por isso seguido por milhões de pessoas em todo o mundo.

Por último, Parabéns Portugal, “casa da fraternidade”, e Lisboa “cidade dos sonhos”! Estamos todos de Parabéns! O Presidente da República, o Primeiro-Ministro, mas sobretudo o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, excelente anfitrião e responsável político em maior destaque neste evento, sempre incansável para garantir o seu sucesso. Por fim, mas não menos importantes, os elementos de todas as forças de autoridade e segurança pública e os milhares de jovens voluntários que num esforço hercúleo zelaram pelo êxito do evento e para que tudo fluísse sempre da melhor maneira!

Ai Portugal, este foi um Evento de união, alegria e felicidade, presenciado por um milhão e quinhentos mil peregrinos em Lisboa, algo de que não há registo nem qualquer memória em Portugal. O estatuto de maior evento alguma vez realizado em território português já ninguém lhe tira! Fomos grandes e fizemos lembrar tempos idos.

NOTA – Gostei particularmente dos nomes escolhidos para dois locais da cidade: o Parque Eduardo VII, “Colina do Encontro”, e o Parque Tejo-Trancão, “Campo da Graça”, seria interessante que futuramente os mesmos pudessem ser utilizados como cognomes em homenagem ao maior evento católico organizado por Portugal.