Alegadamente, como é óbvio! É nesses termos que refiro a recente polémica envolvendo Isaltino Morais e os “almoços de trabalho” à conta da Câmara de Oeiras. Alegado furto, e alegadas lautas comezainas. Até porque, de acordo com os últimos desenvolvimentos, dá ideia que o enfardador-mor à pala do orçamento camarário não será Isaltino Morais. Afinal é bem possível que seja, antes, uma vereadora chamada Joana Baptista, que papou 450 “almoços de trabalho” à conta dos seus munícipes. Incrível, o espírito de sacrifício da vereadora. Capaz de despachar tanto trabalho à mesa, mesmo não tendo à mão os habituais e utilíssimos computador, papel e caneta, e tendo por companhia os atrapalhadores e distrativos lagosta, ostras e Pêra Manca.

E não fica por aqui, a vereadora. Além dos banais “almoços de trabalho”, das despesas de Joana Baptista agora reveladas fazem também parte “lanches de trabalho”. Sim, sim. “Lanches de trabalho”. Não é à toa que Oeiras é um município muito virado para a inovação. E não dou nem mais uma semana para ficarmos a saber dos “pequenos-almoços de trabalho”, das “ceias de trabalho”, e das “idas ao frigorífico a meio da noite, quando dão aquelas ganas por hidratos, de trabalho”.

Pois é, se na mitologia grega havia o Hércules e os seus doze trabalhos, agora a mitologia contemporânea conta com Joana Baptista e as suas doze refeições de trabalho. Aliás, a vereadora reinventa a mitologia, e convida-nos a reinventar os provérbios populares. Em lugar do já muito batido “Quem não é para comer, não é para trabalhar”, faz sentido cunhar, em honra desta profissional, o “Não é para trabalhar, a menos que esteja a comer”.

Dito tudo isto, e sem grande surpresa, parece que a vereadora Joana Baptista é vista como a proto-sucessora de Isaltino Morais à frente da Câmara de Oeiras. O que, à primeira vista, pareceria uma oportunidade imperdível para fazer uma piada do género “Proto-sucessora, ou prato-sucessora?” Não se desse o caso de ser um jogo de palavras pobre e demonstrativo de uma obstinação insensata do autor com tudo o que é trocadilho. Portanto, não contem comigo para sequer insinuar que, tendo em conta a sua queda para refeições de trabalho, Joana Baptista se apresenta como a prato-sucessora de Isaltino Morais à frente da Câmara de Oeiras. Terão de procurar noutro sítio, caso pretendam ler que, tendo em conta a sua queda para refeições de trabalho, Joana Baptista se apresenta como a prato-sucessora de Isaltino Morais à frente da Câmara de Oeiras.

Uma coisa é certa. A vereadora Joana Baptista poderá ser a próxima Presidente da Câmara de Oeiras, mas nunca poderia ter sido a musa inspiradora de Marco Paulo para o tema Taras e Manias. É que, se bem se lembram (como não? Impossível), neste clássico intemporal Marco Paulo refere-se a “uma lady na mesa, uma louca na cama”. Ora, tendo em conta as incontáveis refeições de trabalho em que a vereadora marca presença, não creio que a senhora tenha sequer tempo para recolher ao leito. Não tenho dúvida que estamos na presença de uma lady na mesa, que está louca por ir à cama.

Mas nem só de Oeiras se fizeram os últimos dias. Também houve um pouco de margem sul do Tejo na atualidade noticiosa. E se em relação a Oeiras o destaque foi para situações polémicas, já no caso da margem sul falamos de referências prestigiosas. Porque a propósito lá da situação em Espanha, e se bem ouvi, o Rei Filipe VI vai dar uma oportunidade ao Feijó. E já merecia esta oportunidade, o Feijó. Não pode ser só azares para as freguesias da margem sul. Já bem basta a Festa do Avante na Amora, que diabo! Quem é que mencionou uma obstinação insensata com trocadilhos?

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