Sempre tropecei no verbo suportar. Talvez porque consciente ou inconscientemente ele remeta para tudo o que nos é insuportável.

E é tão mais fácil, tão mais imediato e sedutor colar um rótulo de ‘insuportável’ a alguém ou alguma coisa. Somos muito reativos e também somos muito julgadores. Por outras palavras, somos humanos. A inclinação para catalogar é universal, parece que ninguém escapa nem está imune. Aliás, entre os vários sinónimos desta tendência natural de todo o ser humano, há uns verdadeiramente eloquentes: condenar e sentenciar. Passamos a vida a fazer isto aos outros, sempre na esperança vã de que os outros não o façam em relação a nós.

Hoje em dia, e porque nos é cada vez mais difícil resistir à tentação serpentina de dar cabo da reputação de alguém que pensa ou age de maneira diferente, mas também porque nos custa admitir que somos terrivelmente julgadores, damos por nós a aportuguesar expressões inglesas e a usar verbos como ‘tagar’. Isto, claro, para podermos colar uma ‘tag’ aqui e outra ali de consciência mais leve.

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