Estamos quase no início de mais um ano escolar. Se tudo for como de costume, seremos invadidos de reportagens sobre os custos das mochilas e dos lápis e sobre a polémica dos manuais escolares, por acaso só gratuitos para o ensino público. Mas nós pais e avós temos este ano outras preocupações muito maiores: Não aceitamos que a escola seja veículo de ideologias, sejam elas quais forem.

Faço parte do grupo de mais de 34.000 pessoas que assinaram a petição “Pela suspensão do Despacho nº7247/2019” e de um grupo muitíssimo maior de pais e avós que estão revoltados, perplexos e profundamente empenhados em corrigir esta situação.

Somos pais que pagamos impostos, criamos filhos que serão os adultos de manhã. Não somos nenhuma associação estéril preocupada com a imposição de ideologias sejam elas quais forem. Somos responsáveis por transportar os nossos filhos à escola quer chova ou faça sol e este nosso dever é cumprido ainda que doentes ou injustiçados. Não transportamos matérias perigosas, transportamos “matéria sagrada”.

Somos responsáveis por criar, alimentar, formar e dar amor a todos os filhos sem olhar ao seu sexo, condição de saúde, nem à sua gratidão porque o fazemos com total generosidade. Não somos instrumento de qualquer partido político nem representantes de facções da sociedade. Sem nós não haveria amanhã e connosco toda a sociedade conta para que haja futuro.

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Se fossemos um sindicato, uma associação alinhada com o poder ou um partido político, seriamos notícia de abertura de todos os telejornais, rádios e primeira página da imprensa escrita. O que aconteceu foi apenas na SIC Notícias uma pequena troca de impressões em que um dos entrevistados interrompia a toda a hora o jurista que defendia a suspensão do despacho e os jornalistas não conseguiram que o debate fosse esclarecedor. Depois transformou-se o tema em mais um argumento político sobre o qual se diz o assessório porque ninguém quer assumir a gravidade da situação. A esquerda finge que não se trata da introdução da ideologia de género nas escolas e a direita receia assumir uma posição que possa parecer retrógrada.

Lembro que somos mais de 34.0000 e estamos a crescer.

Apelo a todos os agentes da comunicação social que ajam com decência. Somos um movimento espontâneo que luta pelo direito a educar os filhos e parece-me que ignorar esta realidade é infame, revela falta de respeito pela sociedade civil, aparenta falta de profissionalismo ou falta de coragem de informar, o que é deplorável em qualquer dos casos.

Posto isto, dirijo-me ao ministro da Educação, certa de que será informado, caso não seja leitor do Observador.

Senhor ministro tendo em conta o enorme número de pais que em plenas férias, se mobilizou para defender o direito a educar os seus filhos como entende, e não como o Ministério da Educação decide, venho propor que nos receba com a maior urgência para lhe transmitirmos as nossas preocupações. Venho também sugerir que este movimento em formação tenha assento, com um papel consultivo, no ministério da educação.

Defendemos que a educação deve ser livre e que a ideologia, seja ela qual for, deve estar ausente na trajectória de formação das crianças e jovens como aliás está estabelecido na Constituição da República Portuguesa. Deste modo preparam-se os jovens para que venham a ser capazes de fazer as suas escolhas ideológicas na fase da vida em que a bagagem de conhecimento e de formação lhes permite discernir em liberdade.

Enquanto o ensino gratuito só puder ser usufruído se os pais aceitarem colocar os seus filhos na escola pública, exigimos que o estado se abstenha, com rigor absoluto, de promover ideologias ou quaisquer outras ideias que apenas respondem à sensibilidade de uma parte da sociedade.

É profundamente injusto que só quem tem poder económico possa usufruir do direito a educar os filhos segundo os valores em que acredita. O Estado tem precisamente a obrigação de promover a igualdade de oportunidades e, em vez de exercer este seu dever, quer impor de forma déspota um modelo educativo que a maioria dos pais não quer para os seus filhos.

Termino dizendo aos pais e avós que não desistam. Estejam atentos e sejam exigentes. Dirijam-se por carta aos conselhos directivos das escolas e ao Ministério da Educação. Organizem-se como associação de pais, lutem pelo direito à liberdade de educação.

Os filhos são nossos não são do Estado!