O tema é delicado e divide opiniões. Mas voltou este domingo a ser referido pelo Patriarca de Lisboa na ordenação de dois novos padres, no Mosteiro dos Jerónimos. D. Manuel Clemente citou o Papa Francisco para dizer que o celibato alarga o horizonte e o coração e não se reduz a uma mera questão disciplinar.

“Sendo realmente uma graça, o celibato assinala para a Igreja toda aquela dimensão final a que Jesus Cristo, também ele celibatário, nos introduz já e culminará por fim. O celibato e a virgindade consagrada alargam o horizonte e o coração, quer para a paternidade pastoral dos sacerdotes quer para a universal maternidade da igreja. Assim o disse, com muita clareza, e avisou o Papa Francisco”, disse D. Manuel Clemente, segundo a Renascença.

Recentemente, o tema voltou a ser falado depois de o Papa ter recebido uma carta assinada por 26 mulheres que se diziam apaixonadas por padres católicos e que pediam a Francisco a revisão do celibato, para que este seja opcional e os padres possam expressar o seu amor através da união matrimonial fiel. Nessa altura, o Papa disse que era a favor da manutenção do celibato com “todos os prós e contras porque em dez séculos houve mais experiências positivas do que negativas”.

Pouco tempo depois, no fim da visita papal à Terra Santa, o Papa sublinhou que o celibato não era “um dogma de fé”. “A Igreja Católica tem padres casados. Católicos gregos, católicos coptas. O debate não é sobre um dogma, mas sobre uma regra de vida que aprecio muito e que é um dom para a Igreja. Ao não ser um dogma de fé, a porta está sempre aberta”, afirmou o Papa a 27 de maio.

Pouco tempo depois o movimento Associação Fraternitas, que congrega os padres que renunciaram ao sacerdócio para casar, revelou alguma preocupação com o abandono repentino e o corte definitivo com a Igreja de alguns sacerdotes. Segundo o movimento, o número de padres que deixam o sacerdócio para casar está aumentar em Portugal, ultrapassando já os 400. No início de junho, membros da associação reuniram para elaborar uma carta e enviar ao Papa Francisco. Querem que o “celibato seja opcional e os padres possam optar por ser célibes ou casados, consoante se sentirem chamados a um ou outro destes estados de vida”.

Mais recentemente, o bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, considerou que “este não é o timing” para discutir o fim do celibato dos padres católicos, mas admitiu que a questão está “em aberto”. O tema voltou à tona este domingo pelo Patriarca de Lisboa.

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