O Presidente dos Estados Unidos afirmou que um Estado de Israel enfraquecido seria “um fracasso” da sua presidência, deixando clara a solidariedade com o aliado de sempre, apesar das divergências recentes sobre o acordo com o Irão.

Barack Obama defendeu o acordo quadro sobre o programa nuclear do Irão, alcançado a 02 de abril, apesar de considerar que Israel tem razão em estar preocupado com o inimigo iraniano.

O presidente americano falava numa entrevista de 45 minutos por vídeo, realizada no sábado e divulgada no domingo, ao jornal The New York Times.

“Consideraria um fracasso da minha parte, uma falha fundamental da minha presidência, se durante o meu mandato ou como consequência do trabalho que fiz, Israel se tornasse mais vulnerável”, sublinhou.

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“Não seria apenas um fracasso estratégico, penso que seria uma falha moral”, declarou Obama e acrescentou que nenhum desentendimento entre Israel e os Estados Unidos pode romper a ligação entre as duas nações.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tem denunciado repetidamente o acordo entre Teerão e o grupo dos 5+1 (cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, França, China, Reino Unido, Rússia – e a Alemanha), que considerou “muito mau”, argumentando que permitirá ao Irão construir uma infraestrutura nuclear maior.

Os dois responsáveis também não estão de acordo no processo de paz israelo-palestiniano, com Israel a opôr-se à criação de um Estado palestiniano, enquanto a Casa Branca continua a apoiar uma solução de “dois Estados” para o conflito.

“Mesmo no meio dos desentendimentos que tenho tido com o primeiro-ministro Netanyahu, quer sobre o Irão, quer sobre a questão palestiniana, tenho afirmado repetidamente que defendemos Israel de forma inabalável”, afirmou Obama.

O presidente norte-americano também defendeu o acordo sobre o programa nuclear do Irão, que prevê uma diminuição das atividades de desenvolvimento nuclear em troca do fim das sanções económicas ocidentais.

“Não há uma fórmula, não há uma opção para impedir o Irão de obter uma nova arma que seja mais eficaz que a iniciativa e acordo diplomático que conseguimos, e isso é demonstrável”, disse ao jornal.

Mas Obama considerou que Israel tem “o direito de estar preocupada” com o Irão e enviou uma mensagem aos inimigos de Israel.

“O que estamos a fazer, com este acordo, é enviar uma mensagem clara aos iranianos e a toda a região, se alguém perturbar Israel, os Estados Unidos estarão lá”, garantiu.

Sobre as negociações iranianas, Obama afirmou que o líder supremo iraniano ‘ayatollah’ Ali Khamenei era “muito difícil de perceber” e “suspeitava profundamente do Ocidente”.

“Ele compreende que as sanções que aplicámos enfraqueceram o Irão a longo prazo e, se de facto, queria ver o Irão entrar na comunidade das nações, teriam de acontecer mudanças”, acrescentou.