“Saudações. Sou Yulia Navalnaya. Feliz Dia da Rússia para todos. O Alexei foi preso à porta de casa mas pediu-me para dizer que os planos não mudaram”, escreveu logo de manhã a mulher de Alexei Navalny no Twitter. Esta segunda-feira foi marcada por uma série de manifestações na Rússia, em várias cidades, contra o Kremlin. Navalny, o principal rosto da oposição, marcou o movimento. No entanto, não chegou a participar.

Alexei Navalny convocou todos os seus partidários para uma manifestação contra a corrupção na Praça Pushkin. No domingo à noite, queixando-se que os organizadores tinham enfrentado inúmeras dificuldades para colocar materiais nos locais de concentração, decidiu mudar o local da concentração em Moscovo para Tverskaya, rua que vai dar ao Kremlin. As autoridades viram nessa viragem uma provocação. E fizeram uma espera à porta de casa do ativista.

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Depois das grandes manifestações de março, também contra a corrupção na Rússia, esta segunda-feira foi marcada pela saída à rua de milhares de pessoas em diversas cidades do país, de Novossibirsk a Krasnodar, passando por Kazan. As grandes concentrações, como seria expectável, ocorreram em Moscovo e São Petersburgo.

Aliás, poucas coisas foram diferentes entre o que se passou nestes dois grandes movimentos: 12 de junho é feriado (recorda a independência em 1990, antes da dissolução oficial da URSS), ao contrário do que se passou a 26 de março; e, ao contrário do que se tinha passado na primeira manifestação, com o lema “Dimon (diminutivo de desprezo de Dmitri) o pagamento”, numa alusão ao primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev que Navalny considera ser o homem mais corrupto na Rússia, agora não houve um “alvo” específico.

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Em tudo o resto, foi quase uma fotocópia: centenas de pessoas detidas, incluindo o próprio Navalny, e vídeos das grandes concentrações a circularem nas redes sociais contra o relativizar das autoridades. Na sua conta oficial, Navalny deu ainda outros exemplos de manifestações em cidades europeias, por forma a mostrar a liberdade, ou não, de expressão nas ruas. Falta agora saber se, como aconteceu em março, os Estados Unidos vão “condenar a detenção de manifestantes pacíficos”.