O Procurador-Geral dos EUA, que desempenhou funções de liderança na campanha de Donald Trump, negou as suspeitas de ter tido uma reunião secreta com o embaixador da Rússia nos EUA, Sergey Kislyak, à margem de um evento de campanha de Donald Trump, em abril de 2016, num hotel em Washington D.C..

“Não tive nenhumas reuniões privadas, nem me lembro de conversas com responsáveis russos no Hotel Mayflower, não tive nenhuma reunião à margem desse evento”, disse. “Antes do discurso [de Donald Trump], participei numa receção com a minha equipa, que incluía duas dezenas de pessoas e o Presidente Trump. Recordo várias conversas que tive nessa receção antes do discurso, mas não me lembro de me reunir ou de falar com o embaixador russo ou com outros responsáveis russos.”

Jeff Sessions disse ainda que não se lembra de que Sergey Kislyak tenha estado naquele hotel onde decorria o evento. “Eu posso dizer que possivelmente tive uma reunião, mas ainda assim não me lembro nada”, disse e acrescentou ainda que também não se recorda de Jared Kushner, conselheiro e genro de Donald Trump, ter tido uma reunião com responsáveis russos naquele evento.

O Procurador-Geral explicou ainda que, em março deste ano, quando anunciou que não ia lidar com a investigação à interferência russa nas eleições dos EUA, não o fez como consequência das suspeitas levantadas em seu torno. “Eu pedi escusa [mas] não foi por ter feito algo errado durante a campanha, mas porque o regulamento do Departamento de Justiça (…) assim o requer”, disse. “Esse regulamento diz que os funcionários do Departamento de Justiça não devem participar em investigações a uma campanha se eles participaram nela como conselheiros.”

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Despedimento de James Comey do FBI em causa

Sobre o despedimento de James Comey, que falou a este comité na semana passada, do cargo do FBI, Jeff Sessions foi confrontado com o facto de ter recomendado, por carta, a demissão do homem responsável por investigar a interferência russa nas eleições. Questionado sobre o possibilidade de essa recomendação ser incompatível com a escusa que pediu em março, Jeff Sessions disse: “Isso não violou a minha escusa. A carta que eu escrevi representa opiniões que eu já tinha formado há algum tempo”.

Ao longo da sessão, Jeff Sessions tem recusado revelar conversas que teve com Donald Trump, invocando o direito à reserva do Presidente norte-americano e das comunicações do mesmo, apesar das acusações de estar a “obstruir” o trabalho da comissão de inquérito. “Estamos a falar de um ataque às nossas instituições democráticas e fechar-se dentro de um muro é inaceitável”, disse Ron Wyden, senador democrata do Oregon.

Além disso, Jeff Sessions leu um e-mail que foi enviado a todos os funcionários do Departamento de Justiça, que ele lidera, onde era dada a ordem para não partilharem com o seu superior detalhes relativos à investigação à interferência russa — e, segundo o mesmo, essa ordem foi cumprida.

Jeff Sessions respondeu às perguntas de senadores entre as 19h45 e as 22h10 de Lisboa (das 14h45 às 17h10 de Washington D.C.), numa comissão de inquérito motivada pela alegada interferência russa nas eleições de 2016. Pode acompanhar aqui a sessão:

Esta foi a primeira vez que Jeff Sessions fala ao Comité de Intelligence do Senado norte-americano, que está a investigar o caso da interferência da Rússia nas eleições presidenciais dos EUA em 2016, que resultaram na eleição de Donald Trump. Em março de 2017, nas sessões de audiência que precederam a sua aprovação pelo Senado para o cargo de Procurador-Geral, Jeff Sessions, que tinha feito parte da equipa de campanha de Donald Trump, disse que não houve reuniões ou encontros entre responsáveis russos e a equipa do então candidato do Partido Republicano. “Eu não tive comunicações com os russos”, disse à altura.

Porém, mais tarde, foi noticiado pelo Washington Post que Jeff Sessions se encontrou com o embaixador da Rússia em Washington D.C., Sergey Kislyak. Os dois responsáveis estiveram juntos em duas ocasiões: primeiro, a Convenção do Partido Republicano, em julho; depois no escritório de Jeff Sessions, em setembro, quando era senador pelo estado do Alabama. Confrontado com esses factos, Jeff Sessions rejeitou que essas conversas tivessem acontecido para “discutir assuntos da campanha” e que os temas tratados foram a “Ucrânia e o terrorismo”.

Há ainda um terceiro encontro, que Jeff Sessions nega, que poderá ter acontecido entre o atual Procurador-Geral dos EUA e o embaixador da Rússia em Washington D.C.. O encontro terá acontecido em abril de 2016 no hotel Mayflower, na capital norte-americana, num evento privado. Quando foi interrogado pelo mesmo comité, James Comey, o ex-diretor do FBI demitido por Donald Trump, deixou suspeitas em relação a Jeff Sessions. “[O FBI] conhece factos, que eu não posso discutir num ambiente público, que fariam da ligação [de Sessions] às investigações em relação à Rússia um problema”, disse James Comey.

Na sequência das suspeitas levantadas em torno destas reuniões e conversas, Jeff Sessions anunciou em março que, enquanto Procurador-Geral, não iria lidar com a investigação à interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.