Na selva podem existir numerosas plantas terapêuticas capazes de combater desde infestações de vermes a infeções bacterianas. Os chimpanzés são consumidores assíduos destas plantas e alguns investigadores acreditam que elas também podem ser medicinais para os seres humanos, tendo em conta que partilhamos 98% de ADN com estes primatas.

Esta é a teoria por trás de um projeto de investigação na Costa do Marfim que tem por fim rastrear plantas da África Ocidental para possíveis tratamentos na saúde humana. Até agora foram identificados compostos capazes de combater infeções bacterianas e algumas ervas que parecem conseguir inibir alguns desenvolvimentos do cancro. Estas descobertas podem conduzir a novos antibióticos, antifúngicos ou tratamentos cancerígenos.

Constant Ahoua, botânico e responsável pelo projeto, diz que a descoberta de novos medicamentos é uma longa estrada e que estes compostos apenas passaram a primeira barreira de obstáculos, como conta a Quartz. O investigador do programa Afrique One-ASPIRE estuda a dieta dos primatas há cerca de uma década e realizou uma pesquisa onde examinou 132 extratos de espécies de plantas consumidas por chimpanzés selvagens, das quais 24 (18%) surtia efeito contra bactérias e 6 (5%) contra fungos.

Este estudo permitiu mostrar que as plantas consumidas por chimpanzés possuem uma forte atividade antimicrobiana e, nas conclusões, são referidas duas plantas “promissoras” como T. coronatum e B. mannii, que podem ser utilizadas para futuras pesquisas em medicina humana.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Exemplos de plantas consumidas por Chimpanzés. A. Frutos de Magnistipula butayei; B. Frutos de Pycnanthus angolensis; C. Frutos de Duboscia viridiflora; D. Frutos de Panda oleosa; E. Folhas Nauclea diderrichii; F. Ancistrophyllum secondiflorum.

Por outro lado, Kelly Chibale, do Drug Discovery and Development Centre, na África do Sul, diz que é difícil afirmar se as descobertas seriam adequadas para o desenvolvimento de drogas humanas, pelo menos para já. Tudo dependerá se os compostos ativos descobertos são novos ou não e se são adequados para processos farmacêuticos. O próximo passo será testar num animal de laboratório.

Mas os chimpanzés não são os únicos animais que se automedicam: os elefantes fêmeas do Quénia, durante a gravidez, procuram determinadas folhas de árvore que ajudam a induzir o parto. Os javalis na Índia procuram raízes também utilizadas por humanos para combater vermes parasitas. E os gatos e os cães comem ervas para induzir o vómito.