Diz que ainda hoje sofre de stress pós-traumático e de claustrofobia graças ao que lhe aconteceu em 1975, quando tinha apenas 10 anos, e Roman Polanski estava ainda a dois anos de distância de ser acusado do primeiro crime de abuso sexual — desde 1977, ano em que confessou ter abusado sexualmente de Samantha Geimer, então com 13 anos, o realizador polaco já foi acusado do mesmo por outras três mulheres.

Aos 52 anos, Marianne Barnard, artista sediada na Califórnia, é a quinta a acusar o aclamado realizador. Disse, em entrevista ao britânico The Sun, rapidamente replicada pela imprensa de todo o mundo, que foi o recente e badalado caso Harvey Weinstein que a inspirou e motivou a fazer a denúncia. “Senti-me terrivelmente mal por ter permanecido em silêncio durante este tempo todo enquanto todas aquelas mulheres estavam corajosamente a contar o que lhes tinha acontecido. Pensei que não podia, em boa consciência, saber o que sabia — e ter passado pelo que passei — sem falar publicamente. Apesar de isso me ter posto numa situação muito má — ou até perigosa — com a minha mãe e com o Polanski e com outras pessoas que estão envolvidas, não podia continuar em silêncio. Como é que eu sei que não há outras vítimas? Como é que eu sei que ele não continua a fazer o mesmo?”

Para além da denúncia, que já formalizou no Departamento de Polícia de Los Angeles, Barnard quer também fazer com que a Academia de Artes e de Ciências Cinematográficas expulse o realizador dos seus membros e criou uma petição para o efeito, que 14.700 pessoas já assinaram. Hollywood ainda não se manifestou sobre o assunto, mas o facto de em 2003, 26 anos depois de Polanski ter fugido dos Estados Unidos para nunca mais voltar, escapando assim a uma pena de prisão efetiva pelo abuso de Geimer, ter-lhe sido atribuído um Óscar, pela realização de “O Pianista”, torna o cenário pouco provável.

Sobre o abuso sexual de que foi vítima, com apenas 10 anos, Marianne Barnard não poupou pormenores: tudo terá acontecido numa zona rochosa de uma praia em Malibu, Los Angeles, depois de a sua própria mãe a ter deixado sozinha na praia com o realizador, que na altura tinha 42 anos. “No início achei que ia à praia com a minha mãe. Estivemos lá um bocado sozinhas e depois ele apareceu”, recordou Barnard, que diz que não achou estranho que aquele senhor quisesse tirar-lhe umas fotografias vestida com um casaco de peles. “Achei que eram para uma revista ou algo do género. Estava de biquíni, pensei que era uma sessão fotográfica — eu já tinha passado alguns modelos em criança portanto não era nada fora do comum para mim”, explicou.

“Primeiro tirou-me umas fotografias em biquíni, depois com o tal casaco e a seguir pediu-me para tirar a parte de cima, coisa que também não me deixou desconfortável: só tinha 10 anos, andava muitas vezes sem a parte de cima do biquíni. Foi quando ele quis que tirasse a parte debaixo que comecei a sentir-me muito desconfortável. Depois percebi que a minha mãe se tinha ido embora. Não sei onde ela foi e nem me apercebi na altura de que ela tinha ido mas ela já não estava lá. Depois ele molestou-me”.

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