A coordenadora do Bloco de Esquerda defende que a mesma maioria que “foi capaz de parar o empobrecimento do país” não terá feito o seu trabalho se não for capaz de recuperar o acesso à saúde.

“Há uma maioria que foi capaz de parar o empobrecimento do país e recuperar os rendimentos do trabalho. Mas não terá feito o seu trabalho se não for capaz de recuperar os serviços públicos e de recuperar, nomeadamente, o acesso à saúde”, vincou Catarina Martins, que falava aos jornalistas em Coimbra, após a apresentação do livro “Salvar o SNS – uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a Democracia”, do principal impulsionador do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, e do antigo coordenador do Bloco de Esquerda e médico João Semedo.

Para Catarina Martins, a proposta de uma nova Lei de Bases da Saúde por parte de António Arnaut e João Semedo “é um momento importante para o país e que pode permitir conquistas muito significativas num Serviço Nacional de Saúde de que todo o país precisa e que – é indisfarçável – está a atravessar uma enorme crise”.

A dirigente bloquista recordou que o seu partido já assumiu o compromisso de propor a criação de uma nova Lei de Bases da Saúde, considerando que essa proposta “não deve ser do Bloco”. A proposta, frisou, “deve ser de todos aqueles que querem defender o Serviço Nacional de Saúde”. Nesse sentido, Catarina Martins entende que a direita “estará sempre do outro lado, a querer mais dinheiro para os privados”, enquanto “a esquerda tem que estar deste lado: a defender quem vive neste país, a defender o acesso de todos à saúde e em boas condições”.

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“É o tempo de uma nova Lei de Bases que dê condições a todos os utentes no país e, claro, que dê condições aos profissionais para fazerem o seu trabalho”, defendeu.

Para o antigo coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, “é possível ultrapassar a crise em que a direita mergulhou” o Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas que a esquerda tem de se unir nesse objetivo. Sem ignorar que, no passado, “nem sempre o PS escolheu a melhor opção para o SNS”, João Semedo frisou hoje, em Coimbra, que apenas juntos “é possível ultrapassar a crise em que a direita mergulhou” o Serviço Nacional de Saúde. “Separados não conseguimos”, asseverou, sendo aplaudido pelas centenas de pessoas que assistiam à apresentação do livro “Salvar o SNS – uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a Democracia”.

Apesar de considerar que uma nova lei de bases não basta “para libertar o SNS das suas indisfarçáveis dificuldades”, João Semedo frisou que “nada se conseguirá mudar sem mudar a lei de bases”. A razão, explicou, “é muito simples”: “É que esta lei de bases [a vigente] foi criada para dar cabo do SNS e dar cabo do SNS através de uma estratégia tão perversa como muitíssimo eficaz”.

A estratégia, sublinhou, passou por uma “transferência massiva do SNS para o setor privado”. E nessa estratégia as parcerias público-privadas (PPP) “são a jóia da coroa”, tendo criado uma “formidável almofada financeira” através de transferências do Orçamento do Estado para o setor privado. “As PPP transformaram o Serviço Nacional de Saúde na banca de investimento do negócio privado da saúde”, criticou.

O ministro da Saúde também marcou presença no evento onde afirmou que “está no momento” de conceber uma nova Lei de Bases da Saúde e que estão criadas as condições para avançar com o processo. “Não só da parte do Governo, mas também seguramente dos partidos da Assembleia da República, estão criadas as condições para se abrir o debate”, afirmou Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas, em Coimbra.

Para isso, sublinhou, é necessário que haja “um entendimento, uma conversa o mais alargada possível” na sociedade portuguesa, numa altura em que a Lei de Bases “está a fazer 27 anos”, enquanto o Serviço Nacional de Saúde (SNS) completa 40 anos em 2019, acrescentou. “É preciso conversar à volta de uma lei que sirva o Estado, que sirva a República e que, sobretudo, sirva o interesse dos cidadãos”, acrescentou.

Para o primeiro-ministro, António Costa, esta “é uma excelente altura” para se fazer uma reflexão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que está próximo de comemorar 40 anos de existência.

“Neste momento, quando se comemoram 40 anos do arranque do SNS, é uma excelente altura para fazermos uma reflexão”, disse António Costa, que falava aos jornalistas após a apresentação do livro “Salvar o SNS – uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a Democracia”, do principal impulsionador do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, e do antigo coordenador do Bloco de Esquerda e médico João Semedo.