Este sábado, dia 27 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. E é exatamente nesse dia que estreia “Holocaust: The Revenge Plot”, um documentário do canal de televisão britânico Channel 4. O filme conta a história dos autoproclamados “Vingadores”: um grupo de judeus que sobreviveu aos campos de concentração e colocou em marcha vários planos de vingança contra os alemães.

Em 1946, sensivelmente um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial, cerca de 50 judeus que tinham escapado de Auschwitz ou Dachau juntaram-se em Bucareste. Ali, engendraram um plano para matar seis milhões de alemães: iam envenenar as águas de Munique, Nuremberga, Hamburgo e Frankfurt e esperar pelos resultados. Mas, para isso, precisavam do veneno.

Os “Vingadores” contactaram Chaim Weizmann, um bioquímico, e pediram-lhe que “cozinhasse” um químico potente o suficiente para matar seis milhões de pessoas (se conheceu o nome, não estranhe – Weizmann foi o primeiro presidente de Israel). Segundo conta o Telegraph, o bioquímico recomendou-lhes outro especialista, Ephraim Katzir – que, curiosamente, também foi presidente de Israel. Mas a vingança teve perna curta.

Numa das suas várias viagens, Abba Kovner – o líder do grupo e, posteriormente, um dos mais aclamados poetas israelitas – foi intercetado pela polícia militar britânica. Conseguiu desfazer-se do veneno antes de ser detido, mas acabou por passar vários anos na prisão, primeiro em França e depois no Egito. O documentário do Channel 4 conta que Kovner foi abordado pela polícia devido a uma denúncia anónima de um membro dos “Vingadores”. A denúncia continua, até aos dias de hoje, em segredo.

Mas esta tentativa falhada não abalou o desejo de vingança do grupo. E à segunda, ainda que em menor escala, conseguiram mesmo atingir o objetivo. Poucas semanas depois, deslocaram-se a Nuremberga. Infiltraram-se nas prisões onde estavam os militares das SS, invadiram as cozinhas e envenenaram todo o pão com arsénico. Em abril de 1946, a Associated Press noticiava que 1.900 reclusos tinham ficado gravemente doentes devido a uma intoxicação alimentar. No documentário, um dos membros vivos dos “Vingadores” garante que morreram “entre 300 a 400”.

A partir daqui, as ações do grupo tornaram-se mais espaçadas e acabaram por, eventualmente, extinguir-se. A maior parte dos elementos ficou chocada com as mortes que haviam provocado e afastaram-se do grupo, com medo de serem acusados de terrorismo.

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