O Presidente russo, Vladimir Putin, não vê grande diferença entre oposição e “quinta coluna”, por isso, o melhor é mandar os seus dirigentes para a prisão sob outros pretextos que não políticos. E para evitar manifestações de protesto, ordena bloquear as redes sociais.

O Serviço Federal de Controlo na Esfera das Comunicações, Tecnologias de Informação e Comunicações de Massas (Rozkomnadzor) ordenou às redes sociais banir todos os grupos que contenham a palavra “Navalnii”, conhecido opositor do Presidente Putin que tem denunciado numerosos casos de corrupção e está a ser julgado por “roubo de capitais” e “branqueamento do mesmo” à empresa francesa Ives Rocher.

A acusação pediu para Alexei Navalnii, um dos maiores símbolos do combate à corrupção na Rússia, e o seu irmão, Oleg, penas de prisão de 10 e 8 anos respetivamente. A advogada de defesa dos arguidos pediu que os deixassem sair em liberdade, pois consideram que se trata de um “processo claramente político”. “A falta de provas, as falsificações, a recusa a todos os pedidos da defesa, a falta de vontade de interrogar as vítimas da Yves Rocher mostram que o objetivo do processo é o descrédito da política de Navalnii”, frisou a advogada.

A leitura da sentença está marcada para 15 de Janeiro e apoiantes de Navalnii decidiram organizar uma manifestação de protesto através das redes sociais. Foi aqui que o Rozkomnadzor enviou cartas ao Facebook, ao Twitter e ao Vkontakte, análogo russo do Facebook, para bloquear grupos e páginas com o nome de Navalnii. O objectivo é impedir manifestações de protesto.

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A rede social russa Vkontakte acedeu ao pedido, mas isto não tem nada de extraordinário se tivermos em conta que ela pertence a Alisher Usmanov, um dos oligarcas que gozam dos favores do Kremlin.

Porém, na direcção do Facebook, o dinheiro parece ter falado mais alto e a empresa de Mark Zuckerberg decidiu também submeter-se a esse acto de censura e de perseguição política. O nome de Navalnii foi bloqueado na rede do Facebook dentro do território russo. Só graças aos protestos nos Estados Unidos e ao descontentamento de muitos utilizadores russos é que o Facebook recuou e desbloqueou o acesso aos grupos que apoiam o opositor.

Não vale a pena estar aqui a explicar a importância das redes sociais num país onde os grandes órgãos de comunicação se encontram controlados pelo poder e se dedicam mais à propaganda do que à informação. Nesta situação, a cedência, mesmo que temporária, aos censores russos pode (e é por muitos) interpretada como uma mensagem o lucro pode comprar tudo, até princípios universais.