O terramoto das europeias de ontem está esta segunda-feira a abrir fendas nos sistemas partidários em toda a Europa. Em Espanha uma análise dos resultados mostra que houve menos votos nos dois principais partidos do centro (PP e PSOE) e um aumento nos pequenos partidos, quer à direita, quer à esquerda. Pela primeira vez nas últimas décadas, a soma dos votos dos dois grandes partidos espanhóis ficou abaixo dos 50%, algo que foi visto pelos analistas como representando o fim do bipartidarismo.

A primeira vítima destas europeias em Espanha acabaria no entanto por ser o líder do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, que se demitiu do seu cargo e já marcou um congresso antecipado para Julho.

Apesar de ontem terem acontecido eleições europeias, o El País traçou o perfil da Câmara dos Deputados espanhola caso os resultados se aplicassem às legislativas. Os partidos do centro perderiam deputados, tornando impossível uma maioria. Por outro lado, a pulverização de votos nos mais pequenos dificultaria um entendimento.

Foi esta realidade que levou a direção do PSOE a apresentar a sua demissão. “Assumo a responsabilidade política pelos maus resultados e a decisão foi absolutamente minha” disse Rubalcaba quando anunciou o congresso extraordinário do partido, sublinhando que não se candidatará e que as primárias internas para candidato às legislativas se mantêm.

O PP passaria dos atuais 186 deputados (maioria absoluta) para 137, enquanto o PSOE ficaria com menos três do que os 110 que possui. Ao mesmo tempo a Esquerda Unida duplicaria o número de representantes e o recém-formado Podemos faria um entrada triunfal com 19 deputados.

Perante este cenário e as ideologias contraditórias de todos estes pequenos partidos, o cenário mais credível para um governo estável seria mesmo uma coligação de centro entre o PP e o PSOE (o que equivaleria à coligação em Portugal entre o PS e o PSD ou a uma aliança semelhante à que hoje governa a Alemanha). Uma coligação desse tipo nunca se formou em Espanha.

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