O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Carlos Silva, acusou neste sábado, em Vila Nova de Cerveira, a CGTP de ser uma “organização autofágica, amarrada a princípios político-partidários e assente numa política de destruição”.  A CGTP “é uma organização autofágica. A autofagia é uma coisa parecida com canibalismo, mas são aqueles que se comem a si próprios, que se destroem por dentro, que põem em causa o mérito do seu trabalho, porque é de sindicalistas e de sindicatos que estamos a falar, que têm todos uma mesma virtude que é defender os trabalhadores”, afirmou Carlos Silva.

O líder da UGT prosseguiu, dizendo que “quando se deixam amarrar por princípios político-partidários em que há um partido, o PCP, o mais ortodoxo de toda a Europa Ocidental, que faz da sua política uma política de destruição, de separatismo de sectarismo, de oposição a tudo o que é unidade e, sobretudo, de rejeição da convergência – a não ser que a convergência lhes dê jeito -, então como é que os trabalhadores se podem sentir confortados?”, questionou o líder da UGT, no encerramento do congresso distrital da UGT de Viana do Castelo.

A acusação, explicou Carlos Silva, surge na sequência das reuniões de concertação social em torno das propostas de alteração da lei da contratação coletiva, após a decisão do Governo de abdicar do último reembolso do programa de assistência financeira.

“Para fazer uma guerra é só necessário estalar os dedos, mas para se construir a paz é muito complicado e uma negociação e um compromisso é um caminho para a paz, para a articulação de vontades”, afirmou Carlos Silva.

“A UGT foi acusada de fazer parte de uma nova troika. Rejeito liminarmente este tipo de acusação”, sustentou. Adiantou que “para fazer uma guerra é só necessário estalar os dedos, mas para se construir a paz é muito complicado e uma negociação e um compromisso é um caminho para a paz, para a articulação de vontades”. Carlos Silva afirmou que a UGT não faz “trabalho sujo”, nem quer o desemprego dos trabalhadores.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Nós queremos que as empresas sejam viabilizadas. Que os trabalhadores tenham salários ao fim do mês. Nós queremos combater o desemprego, queremos que jovens possam ficar em Portugal e possam trabalhar. Isto chama-se compromisso responsável”, afirmou.

Na semana passada, a CGTP acusou o Governo, a UGT e as confederações patronais de terem acordado alterações à legislação laboral que levam à destruição da contratação coletiva e à retirada de direitos aos trabalhadores.
Hoje, Carlos Silva afirmou que “a UGT não rejeita a convergência e defende os trabalhadores da melhor forma que pode e sabe, com seriedade, não lançando os trabalhadores para guerras inúteis”.

“Há quem queira um chamado princípio de quanto pior melhor, não é o nosso caso. Nós preferimos ser honestos e sinceros e dizer que este caminho é difícil, mas temos que o trilhar”, disse Carlos Silva.

“Há quem queira um chamado princípio de quanto pior melhor, não é o nosso caso. Nós preferimos ser honestos e sinceros e dizer que este caminho é difícil, mas temos que o trilhar. É o caminho da convergência, do compromisso, das soluções negociadas e não impostas”, argumentou.

Para o secretário-geral da UGT, a “imposição só existe em ditadura e já chegaram 48 anos de ditadura em Portugal”, disse, realçando que quer “viver em democracia”. A UGT “tem um espírito construtivo”, assente “na vontade coletiva” porque “é através da contratação coletiva” que são possíveis benefícios sociais ou a negociação dos salários.

Carlos Silva fez uma “manobra de diversão”, responde Arménio Carlos

Em resposta às acusações de Carlos Silva, o líder da CGTP, Arménio Carlos, considerou hoje “uma manobra de diversão”, para “fugir às questões concretas” que afetam os trabalhadores, as declarações do secretário-geral da UGT. Segundo Arménio Carlos, as declarações são uma “manobra de diversão para tentar fugir à questão concreta” que é “a destruição da contratação coletiva e a redução das retribuições”.

“A UGT está disponível para colaborar com o Governo e com os patrões na destruição da contratação coletiva e na redução da retribuição ou está contra? É só disso que se trata. É sobre isso que a UGT tem de responder. Sobre o resto, são conversas que neste momento, pelo baixo nível que demonstraram, não merecem sequer resposta”, afirmou o líder da CGTP. Arménio Carlos considerou que, com este tipo de declarações, Carlos Silva “só demonstra que não está bem com a sua consciência e quer desviar neste caso concreto a atenção da opinião pública daquilo em que neste momento deve estar concentrada”.

O líder da CGTP apelou “a todos os trabalhadores e a todos os sindicatos que se unam e discutam os seus problemas e formem um movimento forte de contestação e de rejeição à proposta de alteração laboral que neste momento o Governo está a tentar implementar com os patrões”.

O líder da CGTP apelou “a todos os trabalhadores e a todos os sindicatos que, não sendo filiados na CGTP estão confrontados com os mesmos problemas face a esta ofensiva que está em marcha, para que se unam e discutam os seus problemas e formem um movimento forte de contestação e de rejeição à proposta de alteração laboral que neste momento o Governo está a tentar implementar com os patrões”.

Arménio Carlos participou, também neste sábado, numa manifestação organizada pela CGPT para pedir a demissão do Governo e exigir eleições antecipadas. Milhares de pessoas concentraram-se  na praça do Marquês, no Porto, vindas de vários distritos do norte e do centro, e estavam cerca das 16h30 a desfilar para a praça da Liberdade, onde o líder da CGTP fará uma intervenção.