O criador do festival Paredes de Coura, João Carvalho, prometeu no ano passado que a próxima edição teria mais rock e menos eletrónica. Agora que o cartaz de 2014 está completo e os horários divulgados, o público parece concordar e a organização anunciou que já não se vendiam tantos bilhetes antecipados desde 2010 (embora recusem divulgar números). O 22.º Paredes de Coura começa a 20 de agosto e há uma banda que trocou o conforto do hotel de cinco estrelas pelo campismo.

Franz Ferdinand, Janelle Monáe, Beirut, Black Lips, Cut Copy, James Blake, Kurt Vile e Thurston Moore são alguns dos artistas que estão a atrair a maior venda de bilhetes antecipada dos últimos anos, anunciada esta segunda-feira pela organização. Por isso mesmo, os concertos da noite de abertura, tradicionalmente realizados no palco Vodafone FM, terão lugar no Palco Vodafone (principal), de forma a acomodar a enchente de público esperada logo na primeira noite.

“Acho que o cartaz é realmente muito bom. Em relação às duas últimas edições [2012 e 2013] é o melhor”, disse ao Observador João Carvalho, que considera ter cumprido a promessa de mais rock e menos eletrónica feita no final da edição de 2013, ainda que essa escolha tenha trazido novo público ao festival. “No ano passado tivemos muita gente pela primeira vez, o que é bom sinal porque muito provavelmente vão voltar”, disse.

Enquanto fã de música, João Carvalho não vai perder o concerto de Seasick Steve, norte-americano que passou meio século na obscuridade e que vai dar às águas do rio Taboão um ambiente de Mississípi com os blues da sua guitarra. O músico de 73 anos recusou o hotel de 5 estrelas que a organização disponibilizou e quer ficar num turismo rural em Paredes de Coura. “Foi difícil por causa da pequena capacidade hoteleira de Paredes de Coura, mas ele insistiu tanto que queria conviver com a ruralidade…”. Cheatahs e Oso Leone também trocaram o luxo pelos alojamentos locais, e o duo baseado nos Estados Unidos Buke and Gase insistiu mesmo em ficar no campismo.

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O diretor da Ritmos confidenciou que este foi dos festivais mais tranquilos em termos de contratação e em janeiro o cartaz já estava praticamente fechado. A mudança das datas para finais de agosto ajudou e, por isso, será para manter por muitos anos. “Assim já não  concorremos com tantos outros festivais”. The Kills e Temples, que atuaram no Super Bock Super Rock e no Alive, respetivamente, escaparam a Coura. “Eram dois nomes que gostava de ter contratado mas não deu por causa de datas”.

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Horários dos concertos do 22.º festival Paredes de Coura

João Carvalho não teme que os mais de 100 festivais que vão acontecer só este ano em Portugal roubem público. “Quando começámos a fazer Paredes de Coura não havia nenhum outro festival de grande dimensão. Quando há coerência na programação, quantos mais melhor”, até para criar hábitos culturais nas pessoas. “Cá há muitos mas em Inglaterra também”.

Paredes de Coura é atualmente um dos principais festivais portugueses, mas nada o fazia prever em 1993. “Quando começámos, há 22 anos, éramos um grupo de amigos de Paredes de Coura sem o objetivo de criar um evento tão grande, mas sim passar bons momentos”. A chegada da profissionalização e das grandes marcas (há dois anos foi a EDP, este ano é a Vodafone), para João Carvalho, não levou à perda da identidade. “Seguimos o nosso caminho sem comercializar em demasia o cartaz. Para que seja confortável para as pessoas não podemos fazer disto um festival circense, um desfile de marcas“.

As portas do campismo abrem no dia 15 de agosto e, para animar o público que chega mais cedo, este ano, a música também sobe à vila. De 16 a 19 de agosto, nomes como Mão Morta, Moullinex e Xinobi vão atuar no Centro Cultural de Paredes de Coura e na rua principal, sempre a partir das 22h.

O programa Jazz na Relva e o serviço de Babysitting onde os pais festivaleiros podem deixar as crianças, são outras das ofertas do festival, mas a grande atração a seguir à música são os banhos no rio. O diretor da Ritmos garante que as águas estão próprias para ir a banhos, já que “tem sido analisada com alguma frequência”. Falta saber se o tempo vai ajudar.

O bilhete diário para dia 20 de agosto custa 35 euros e para os estantes dias 40 euros. Os passes gerais custam 80 euros e dão acesso gratuito ao campismo.