Às 22h30 de 24 de agosto de 1944, um grupo de soldados franceses liderados pelo capitão Dronne, parte avançada de uma coluna das tropas aliadas, entrou em Paris. No dia seguinte renderam-se os alemães e chegou De Gaulle. Paris voltava a ser a cidade das luzes, mas não sem mácula. Passados 70 anos, a cidade recorda esta segunda-feira os que caíram e como é que Paris se reergueu.

Festa, muita festa, foi a forma escolhida pela Câmara Municipal de Paris para celebrar nesta segunda-feira, 25 de agosto, a efeméride da libertação de uma cidade que há 70 anos significou a confirmação da esperança do fim próximo do maior conflito do séc.XX. Embora o programa comece com a formalidade do discurso de François Hollande à população, segue-se-lhe um festival de luz, som e música.

No edifício da Câmara Municipal, ou Hôtel de Ville, vão ser projectadas imagens da II Guerra Mundial e da libertação da cidade, algumas delas inéditas, acompanhadas por música. A seguir, está preparado um grande baile na rua com músicas dos anos 40 e que vai contar com a participação de vários artistas franceses. As celebrações continuam até 2015 com várias exposições por toda a cidade. No edifício da Câmara Municipal expõe peças cedidas pelos parisienses que contam a história dos combates (pode visitar-se até 27 de setembro) e o Museu Carnavalet fez uma reconstituição de uma exposição fotográfica que mostrou os dias da ocupação no outuno de 1944.

O regresso de Paris

Os primeiros a entrar na cidade ainda no dia 24 – enquanto várias unidades neutralizavam as forças nazis nos arredores – foram as tropas francesas, seguindo-se depois forças norte-americanas recebidas com júbilo nas ruas. Esta primazia foi  uma das maiores preocupações de Eisenhower, que queria assegurar que depois de um jugo nazi de quase cinco anos, com a entrada triunfante das forças de De Gaulle, se garantia a estabilidade política do país.

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Entrevista ao Capitão Dronne, primeiro oficial francês a entrar em Paris:

“Paris não deve cair nas mãos do inimigo a não ser como uma pilha de ruínas”, foi a resposta de Hitler a este cerco, ordenando ao general Dietrich von Choltitz que destruísse a cidade quando já era impossível parar o avanço das tropas aliadas às portas de Paris. O militar alemão percebeu ali que a guerra estava perdida e optou por não seguir as ordens do Führer, rendendo-se com as suas tropas pouco tempo depois – uma das última frentes de combate foi o Arco do Triunfo.

De Gaulle chegou no dia 25 de agosto e tomou conta da situação. Mesmo com a rendição, os conflitos continuaram durante mais alguns dias, e nestes combates e na contestação popular à ocupação nos dias da chegada das forças aliadas morreram quase 1500 parisienses. Apesar de a cidade ter sido entregue quase intacta, a fome e falta de bens essenciais assolavam a população.