A ‘pedido’ de uma deputada do CDS, Paulo Portas respondeu esta manhã às declarações da diretora do FMI, que na segunda-feira elogiou Espanha como o país que melhor está a responder à crise. “Só pode ter sido um lapso involuntário. Se compararmos, Espanha, por exemplo, no desemprego está com uma taxa à volta dos 25%”, enquanto Portugal está já nos 14%, anotou. “Só pode ter sido um lapso, acontece a todos”, rematou o vice-primeiro-ministro.

Numa ronda final da comissão de acompanhamento da troika, também a ministra das Finanças aproveitou para passar uma mensagem:

“Falta ainda caminhar muito, por isso é importante que o esforço continue a ser feito”, disse a ministra das Finanças.

“Continuamos a ter muitos desafios pela frente: continuamos a estar numa situação de défice excessivo ainda este ano, temos uma dívida elevada. Isso pede continuidade do esforço, não com a mesma intensidade que teve nos últimos três anos, a fase de emergência já está ultrapassada. Mas isso não significa que esteja tudo resolvido”, afirmou ainda Maria Luís Albuquerque.

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Paulo Portas, a seu lado, manteve o tom sobre o pós-troika: Portugal vive “como parceiro europeu sob as regras do Tratado Orçamental” e está ainda “em procedimento de défices excessivos”, situação que só será ultrapassada se o país cumprir os objetivos até ao próximo ano.

Do lado da oposição, o PS iniciou a ronda de questões aos membros do Governo questionando se “valeria a pena empurrar o país para esta tragédia”, concluindo que os indicadores demonstram que “não valeu a pena destruir 400.000 postos de trabalho, nem assaltar o pote”.

Na resposta ao socialista Pedro Marques, o vice-primeiro-ministro disse ter ficado “estarrecido” com a interrogação e criticou a “amnésia absoluta” e o “denial [negação]” do deputado: “Quem duplicou o valor da dívida em poucos anos foi o PS”.

Com a esquerda a contestar a interpretação do Governo de uma recuperação sólida da economia, Maria Luís Albuquerque admitiu que o futuro “não vai ser de crescimento contínuo e sem sobressaltos”, alegando as perspetivas de economias que são destino das exportações portuguesas. “Aquilo que acontece nas outras economias reflete-se em Portugal”, disse a ministra.

A questão do crédito à economia é, agora, prioridade do Governo, com Maria Luís Albuquerque a frisar que “vai demorar anos” a ser conseguida uma capitalização sustentável das empresas. E a explicar que a recuperação do consumo privado não a preocupa: “Como não há aumento do crédito, não é preocupante como no passado”.