Dois jornalistas franceses foram detidos no domingo à noite em Rabat, nas instalações da Associação Marroquina dos Direitos Humanos (AMDH), onde estavam a fazer uma entrevista, e as autoridades preparam-se para os deportar para França.
Paul Moreira, patrão e fundador da agência Premières Lignes, indicou em comunicado que se trata de dois jornalistas da sua redação: Jean-Louis Perez e Pierre Chautard, que estavam a fazer um documentário para a France 3 sobre a economia de Marrocos.
Agentes da polícia chegaram à associação, “detiveram os dois jornalistas e apreenderam o seu equipamento”, disse à agência de notícias francesa AFP um responsável da AMDH, Youssef Rissouni.
Elementos dos serviços de segurança tinham-se deslocado durante a manhã à sede da associação “para nos pedir que lhes entregássemos dois jornalistas franceses […], mas nós recusámos”, explicou, por sua vez, o presidente da AMDH, Ahmad El-Haij.
Os polícias “não mostraram qualquer identificação ou mandado de captura, mas disseram-nos que os jornalistas não tinham autorização legal para filmar em Marrocos”, precisou.
Por telefone, Paul Moreira indicou à AFP que “as autoridades marroquinas se preparam para expulsar os dois jornalistas para França” e que todo o material deles foi confiscado, incluindo os telemóveis.
Segundo o responsável, os jornalistas tinham pedido há várias semanas uma autorização em Rabat, mas não obtiveram resposta, o que os levou a crer que podiam trabalhar legalmente.
A detenção dos dois repórteres ocorreu no dia seguinte ao da visita a Marrocos do ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, após um ano de conflitos diplomáticos entre os dois países e a suspensão da cooperação judiciária, que só foi restabelecida no final de janeiro, após um acordo entre os dois Governos.
A 23 de janeiro, as autoridades intervieram para impedir a filmagem em Rabat de uma emissão da estação televisiva de língua árabe da France 24, argumentando com a ausência de autorização.