A Alemanha poderá estar disposta a desbloquear o financiamento à Grécia caso Atenas se comprometa com apenas uma das reformas económicas exigidas pelos credores – que vão desde as leis laborais até às privatizações, passando pelos impostos e, claro, pelo sistema de pensões. Segundo a Bloomberg, Angela Merkel poderá, com avanços em apenas uma destas áreas, ficar satisfeita ao ponto de permitir um desembolso de pelo menos parte da ajuda financeira que está suspensa desde outono do ano passado.

Quando existe uma vontade, existe uma solução“, afirmou Angela Merkel em Bruxelas, na quarta-feira, salientando que o seu “objetivo é manter a Grécia na zona euro“. No contexto destas declarações, a agência Bloomberg cita duas fontes do lado alemão para dizer que Merkel poderá estar disposta a oferecer a Alexis Tsipras um acordo parcial.

A Alemanha e outros credores estão a exigir a Atenas que apresente um conjunto abrangente de reformas que passam por subidas de impostos, vendas de ativos do Estado e alterações nas regras e nos montantes relativos ao sistema de pensões. Este último tem sido o ponto mais difícil para uma negociação que, salvo nova extensão, terá de terminar até 30 de junho. Tem, também, sido noticiado que os credores estão a exigir fumo branco até este domingo, dia 14.

As fontes citadas pela Bloomberg afirmam, contudo, que Merkel estará a adotar uma posição cada vez mais flexível, admitindo que o governo de Alexis Tsipras tenha até ao próximo ano para executar todas as mudanças exigidas. Mas, para desbloquear o financiamento no curto prazo, ao primeiro-ministro poderá bastar, nesta fase, um compromisso com pelo menos uma das grandes áreas de reforma. Se Tsipras levar ao Parlamento um processo legislativo de reformas, isso poderá ser suficiente para que possam ser libertados fundos já no início de julho, escreve a Bloomberg.

“Parece que o jogo psicológico de gato e rato continua”, escrevem esta quinta-feira Carsten Brzeski e Paolo Pizzoli, economistas do ING, em nota enviada aos clientes e a que o Observador teve acesso. Os especialistas acrescentam que “estamos a voltar ao velho estilo das negociações: quando não há progressos ao nível da negociação técnica, o ónus das negociações sobe até à cúpula política – pelo menos para uma solução de curto prazo”.

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