O valor negativo dos swaps contratados pelas empresas públicas não tem parado de crescer. As perdas potenciais associadas ao valor de mercado destes contratos atingiram 636,5 milhões de euros no primeiro trimestre de 2015, de acordo com o boletim informativo sobre o setor empresarial do Estado.

Este número representa uma variação negativa de 138,4 milhões de euros face ao último trimestre do ano, que equivale a um agravamento de 25% nas perdas potenciais associadas aos contratos swap. No entanto, na comparação com os dados de março de 2014, a variação negativa do valor de mercado ascende a 275,5 milhões de euros, o que representa um agravamento de 76% num ano. Esta evolução é tanto mais significativa quando o número de operações vivas caiu neste período, passando de 48, em março de 2014, para 37, no primeiro trimestre deste ano.

E estes números são, para já, uma amostra da degradação do valor de mercado dos swaps contratados pelas empresas públicas, na medida em que excluem os contratos mais penalizadores. A validade de nove operações contratadas com o Banco Santander Totta está ser disputada num tribunal londrino e os relatórios sobre a situação financeira do setor empresarial deixaram de divulgar a evolução do valor de mercado destes instrumentos que foram vendidos aos metros de Lisboa e do Porto. As empresas suspenderam o pagamento dos juros devidos por estes contratos.

Os dados mais recentes divulgados pelo Santander Totta, nas contas de 2014, apontavam para um valor de mercado negativo (para as empresas públicas) de 1.320 milhões de euros, que também tem vindo a agravar-se. Mas ainda não são conhecidos valores para o primeiro trimestre deste ano.

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Programa do BCE esmaga taxas de juro e penaliza valor dos swaps

No capítulo sobre os instrumentos de gestão de risco financeiro, o relatório que monitoriza a situação financeira das empresas do Estado aponta o dedo à “descida continuada das taxas swap do euro, principalmente depois do anúncio do programa de quantitative easing [compra de ativos] pelo Banco Central Europeu, em janeiro”. Ora, a maioria destes contratos foi feita em 2007 e 2008 com o objetivo de proteger as empresas da subida das taxas de juro associadas aos seus empréstimos. As taxas historicamente baixas que se verificam fazem subir as perdas potenciais associadas a estes contratos, que resultam da diferença entre os juros que as empresas estão a pagar e o valor de mercado das taxas.

O relatório destaca a “diminuição do valor de mercado dos dois derivados do tipo receiver swaptions do Metropolitano de Lisboa (-108 milhões de euros) e do swap de taxa de juro da Parpública (-37 milhões de euros), cujo valor é muito influenciado pela taxa a 30 anos”.

A Parpública é a empresa cujos swaps têm um valor negativo mais expressivo, que atingiu os 267,2 milhões de euros no primeiro trimestre. Este número inclui o swap “herdado” do financiamento que tinha sido contratado para o agrupamento que ia construir o TGV, mas também o risco de taxa de juro associado às obrigações convertíveis sobre ações da Galp.