BE e PCP empurraram responsabilidades para os socialistas no final da cimeira entre os dois partido que decorreu esta tarde. Bloquistas e comunistas afirmam que estão a discutir “políticas concretas”, mas não abrem o jogo sobre que tipo de acordo e qual a duração do mesmo. Tanto Jerónimo de Sousa como Catarina Martins optaram por não responder à questão se o que está em cima da mesa com o PS é um acordo apenas para um Orçamento do Estado ou um acordo mais duradouro. Mas a líder do BE garantiu que o partido “nunca faltará às condições institucionais de estabilidade” se forem cumpridas as medidas “concretas para a vida das pessoas” que foram elencadas ao PS. “Conseguindo esse objetivo, a estabilidade está garantida”, disse Catarina Martins.

As políticas concretas

Reposição dos salários da função pública – Os dois líderes dos partidos falaram desta medida, mas empurraram para as negociações uma solução. Foi-lhes questionado se admitiam que os cortes pudessem ser repostos com gradualismo, mas não responderam sobre o assunto.

Sobretaxa do IRS – O mesmo sobre a sobretaxa. PCP e BE não abriram o jogo sobre uma reposição gradual, Jerónimo de Sousa só lembrou a proposta do PS e a do PCP, mas “por lealdade” não revela o que está a ser negociado.

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Corte nas pensões – É um dos pontos-chave tanto dos comunistas como dos bloquistas.

Proteção do emprego – Foi um dos pontos de desacordo com o PS, tanto do lado do PCP como do BE. Catarina Martins recusa mecanismo conciliatório e garantiu: “O BE não faltará a um acordo que faça recuperar pensões salários e emprego. E não seremos cúmplices de um governo que corte salários pensões e não proteja o emprego”.

Aumento do salário mínimo nacional – O PCP põe em cima da mesa o aumento do salário mínimo nacional para 600 euros em 2016.

Acesso à saúde, educação e cultura – É também uma das condições dos comunistas.

Controlo público de setores estratégicos – Está no caderno de encargos do PCP.

Dívida pública – PCP e BE falam a duas vozes neste ponto. Jerónimo de Sousa colocou nas condições a “indispensável renegociação da dívida ou a resposta a outros constrangimentos externos”, já Catarina Martins falou de modo diferente. A porta-voz do BE disse que “a questão da dívida pública é difícil em Portugal, tem de ser tratada”, mas que neste momento o que está em discussão são “políticas concretas”. “Consideramos que o nosso país será confrontado, mais tarde ou mais cedo com a dívida pública, mas consideramos também que neste momento de negociações com o PS, é possível chegar a acordos determinantes sobre salários e pensões que não passam na primeira linha pela questão da dívida pública”, afirmou.

Esta é uma divisão importante até porque dois dirigentes do BE, da linha da UDP, deram esta manhã entrevistas a dizer que dentro das regras europeias (leia-se dívida e défice), o acordo com o PS só é possível para um ano sem que haja uma renegociação da dívida pública. Quando questionada sobre essas declarações, Catarina Martins preferiu dar um recado para dentro dizendo: “Se me permite, eu falarei pelo BE”. E o que disse? Defendeu o trabalho técnico que está a ser feito com o PS garantindo “estabilidade institucional” se o PS responder às questões concretas que estão a ser negociadas”.

O PS mostrou vontade de responder a três condições essenciais que lhe fizemos e que a nosso ver são as condições que permitem políticas estáveis para o país. O BE nunca faltará às condições institucionais de estabilidade se estiverem garantidas as condições concretas na vida das pessoas. Estamos empenhado nesse percurso”, disse aos jornalistas.

Já Jerónimo de Sousa insistiu que o “caminho não é fácil” e que o programa do PS “continua longe da rutura com as políticas de direita”. Mas que neste momento o que está a ser negociado é:

Assegurar todas as medidas que correspondam aos seus direitos e aos seus interesses, tudo o que não for ao encontro destes objetivos contará com a oposição do PCP”, insistindo que “o PS só não é governo se não quiser” e que o PCP “não anda atrás de lugares nem privilégios”.