Augusto Santos Silva é um ministro recordista em número de pastas diferentes já assumidas. O cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo liderado por António Costa será o quinto de que se encarregará, e nenhum se repetiu. 

Só durante o segundo mandato de António Guterres, Augusto Santos Silva teve a seu cargo duas pastas diferentes. Primeiro, teve a seu cargo a pasta da Educação (2000-2001) e, logo de seguida, assumiu a pasta da Cultura (2001-2002). Teve um interregno de três anos, durante os governos liderados por Durão Barroso e Santana Lopes. Depois, com a indigitação de José Sócrates como primeiro-ministro, Augusto Santos Silva voltou ao governo, desta vez à nos Assuntos Parlamentares. E, aquando da reeleição de Sócrates para um segundo mandato, Santos Silva foi novamente convidado a integrar o Governo. Aí, entre 2009 e 2011, à frente do Ministério da Defesa Nacional.

Agora, com a indigitação de António Costa, Augusto Santos Silva vai ocupar o lugar de ministro dos Negócios Estrangeiros.

Em número de pastas distintas assumidas só pode ser comparado com Rui Machete e Álvaro Barreto. Este já integrou sete governos constitucionais, mas em três grandes áreas: Integração Europeia (Francisco Pinto Balsemão); Indústria e Energia (Governo de Mota Pinto e Sá Carneiro), Comércio e Turismo (Mário Soares) e Atividades Económicas e Trabalho (Santana Lopes); Agricultura e Pescas (Mário Soares e Cavaco Silva).

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Durante o Governo liderado por Mário Soares, Machete assumiu a pasta de vice-primeiro-ministro, uma pasta que não é setorial, e da Defesa Nacional, em 1985. Antes desses cargos, mas ainda nesse Governo, que esteve em funções entre 1983 e 1985, esteve à frente da pasta da Justiça. Em 1976, também era primeiro-ministro Mário Soares, Rui Machete foi ministro dos Assuntos Sociais. Mais recentemente, durante os executivos de Passos Coelho e Paulo Portas, Rui Machete esteve na área dos Negócios Estrangeiros

Outros ministros que mais se aproximam do caso de Santos Silva são Paulo Portas, Jaime Gama ou António Costa. Paulo Portas integrou os governos de Durão Barroso e Santana Lopes, nos quais foi responsável pelas pastas do Estado e da Defesa Nacional. Depois, em 2011, quando formou governo com Passos Coelho, assumiu primeiro a pasta dos Negócios Estrangeiros. Após a “decisão irrevogável” assumiu o cargo de vice-primeiro-ministro, que voltou a ocupar durante a curta duração do segundo governo que formou com Pedro Passos Coelho.

Quando integrou um governo pela primeira vez, o de Mário Soares em 1978, Jaime Gama ficou à frente do Ministério da Administração Interna. Mais tarde, quando António Guterres formou Governo, Jaime Gama esteve presente tanto no primeiro mandato, enquanto ministro da Defesa e ministro dos Negócios Estrangeiros, como no segundo, no qual teve a seu cargo a pasta do Estado e, novamente, a dos Negócios Estrangeiros. 

António Costa foi ministro nos dois mandatos de Guterres. Primeiramente, teve a seu cargo a pasta dos Assuntos Parlamentares e, durante o segundo mandato, assumiu a da Justiça. Depois, quando Sócrates foi eleito primeiro-ministro António Costa foi convidado a integrar o Governo enquanto ministro da Administração Interna. Cargo em que lhe sucedeu Rui Pereira, quando Costa se demitiu para concorrer à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Agora, António Costa está prestes a tomar posse enquanto primeiro-ministro do XXI Governo Constitucional. 

*Texto editado por Helena Pereira